Publicado em 27/03/2013, às 07h30 Luiz Fernando Lima (twitter: @limaluizf)
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O secretário estadual do Planejamento, José Sérgio Gabrielli, defendeu o Plano de Desenvolvimento Socioeconômico da Ponte Salvador-Itaparica na manha desta terça-feira (26) para a comissão de Infraestrutura da Assembleia Legislativa.
Os parlamentares se dividiram em dois grupos: os otimistas, que não por acaso são da banda governista; e os incrédulos, membros da oposição na maioria, além de alguns discretos aliados da gestão de Jaques Wagner.
Gabrielli não se furtou a responder as perguntas dos deputados. Saiu de lá com a sensação de que conseguiu demonstrar a importância da obra. Agora, o desafio é convencer que o governo, com um histórico de eficiência discutível tenha a capacidade de executar tal empreendimento.
Durante as mais três horas em que esteve no Palácio Luís Eduardo Magalhães, Gabrielli explicou o projeto. De início, anunciou o cronograma estabelecido pelos técnicos: em fevereiro foi contratada a consultoria McKinsey por R$ 40 milhões, este foi o primeiro passo.
Em abril, serão publicados os editais para contratação de estudos urbanísticos, de impacto ambiental, e projeto de engenharia. No segundo semestre deste ano começam os estudos técnicos, projetos de engenharia e obtenção de licença-prévia.
Após estas etapas, o secretário deseja lançar o edital de concessão no primeiro trimestre de 2014. O orçamento previsto no anteprojeto é de R$ 7 bilhões. O financiamento da obra deve vir, segundo Gabrielli, do orçamento da união, do estado, do pedágio, da iniciativa privada e de parte de ganhos imobiliários.
O desafio não é simples, e para os deputados Paulo Azi (DEM), Carlos Gaban (DEM) e Carlos Geilson (PTN) os seis anos de governo Jaques Wagner jogam contra a iniciativa. Exemplos como uma simples passarela na Avenida Paralela e a dificuldade de dar continuidade a obras como a Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol) e o Porto Sul foram mencionados.
Azi ponderou que não estava interessado em fazer o debate político como chegou-se a suscitar alguns dos pares, mas questionou a forma de captação de recursos, que para ele, o empreendimento não parece atrativo para a iniciativa privada e tampouco para financiadores externos. Geilson questionou o preço estimado do pedágio. Gaban, por outro lado, levantou questões como o impacto ambiental e no trânsito. Além de criticar a demora do governo para conceber a ideia. “Sem entrar na capacidade da McKinsey, quero dizer que se o governo em 2011 tivesse se programado poderia ter realizado uma licitação internacional para o projeto”.
Este posicionamento não foi rebatido pelo chefe da pasta. Sobre os outros, Gabrielli deixou claro que ainda é prematuro afirmar, com precisão, a viabilidade econômica e o interesse. “Para isso, precisamos fazer um projeto que traga em suas linhas resoluções para os desafios”.
Sobre o pedágio, o ex-presidente da Petrobras declarou que não poderia superar o que é cobrado pela travessia ferry boat. Hoje na casa dos R$ 38 para veículos de passeio. No momento deste anúncio, todos os deputados, governistas e oposicionistas, se entreolharam num movimento que indica problema à vista.
Rosemberg Pinto, líder do PT na Casa, próximo ao final da sessão comemorou a apresentação do plano acreditando que Gabrielli havia conseguido convencer os pares de que a obra será realizada.
Mais comedido, o secretário ponderou que a descrença vai perdurar enquanto os processos estiverem em movimento. “Quando as etapas vencidas a confiança vai aumentar”.
Os mais céticos permanecem incrédulos. Outros continuam com a impressão de que a obra é faraônica e tem objetivos meramente eleitoreiros. Ainda existem aqueles que apostam no sucesso. No Palácio de Ondina corre que o sonho de Jaques Wagner é deixar a “pedra fundamental” plantada antes do término do segundo mandato.
O tempo vai dizer. O que se sabe é que licenças ambientais travaram o Porto Sul. Licitações foram questionadas pelo Tribunal de Contas da União e emperram a Fiol. Acordos não cumpridos quebraram o cronograma da passarela da Avenida Paralela.
A Arena Fonte Nova, modelo utilizado pelos próprios governistas, como empreendimento de sucesso, teve a inauguração adiada em mais de quatro meses e o orçamento inicial não foi cumprido, o valor subiu.
A ponte será uma Parceria Público-Privada (PPP), e os empresários em tese terão interesse de participar e acelerar a construção da obra, mas prazos não foram estabelecidos neste plano inicial.
A especulação imobiliária já começa a ser constante na Ilha de Itaparica. Para além, a região de onde vai partir a ponte em Salvador tem que sofrer diversas intervenções. O tráfego da localidade vai ter de ser todo replanejado, conforme demonstrado nos slides apresentados por Gabrielli.
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