Política

Caráter “silencioso” da seca burocratiza recursos, diz Quitéria

Imagem Caráter “silencioso” da seca burocratiza recursos, diz Quitéria
Presidente da UPB lembra que enchentes no RJ causam imagens impressionantes que mobilizam governo e sociedade  |   Bnews - Divulgação

Publicado em 12/05/2013, às 11h08   Lucas Esteves (Twitter: @lucasesteves)


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Além de lidar com a distância entre os governos municipais e federal, quem combate a seca no Nordeste tem que se acostumar à falta de apelo midiático do problema, o que dificulta ainda mais a liberação de recursos. A presidente da União dos Municípios da Bahia (UPB), Maria Quitéria, avaliou que a seca normalmente ocorre de maneira “silenciosa” e é uma tragédia que se constrói ano após ano. Sendo assim, não há um episódio-estopim que ajude a desburocratizar verbas de combate à estiagem.
A prefeita de Cardeal da Silva comparou a situação às típicas enchentes que atingem o litoral do Rio de Janeiro. Como se trata de uma tragédia com imagens impressionantes, há grande comoção nacional e isto se traduz nas reações do Governo Federal. “A enchente produz um impacto visual muito grande, mas a seca mata lentamente e (atua) de uma maneira que a economia daquela localidade vai levar 20 anos para se recuperar. No meu município já teve enchente e ela causa um dano estrutural naquele momento. A seca mata todo dia”, explicou a presidente.
De acordo com Maria Quitéria, a liberação imediata de recursos para combater as consequências das cheias no Sudeste acontece exatamente por conta deste apelo visual, que a seca não mostra imediatamente. Por isto, é mais difícil conseguir sensibilizar os gestores em Brasília para a importância de disponibilizar maior estrutura para o semi-árido. Para o caso da seca, demonstra, é preciso provar documentalmente que o município teve perdas para que então haja pleito de recursos junto às autoridades.
Para daqui a um ano, a prefeita imagina que haverá melhores condições de lidar com o problema uma vez que as reivindicações mais recentes têm sido abrigadas por Brasília e que novos dispositivos de combate serão criados até então. Entretanto, defende que o Governo Federal assuma prioridades com políticas de convivência com a seca. 
“Um agricultor conversou comigo em Anagé e disse que ficava impressionado porque o Oriente Médio era seco, nunca chovia e tinha o deserto, mas lá eles têm plantações enormes. Ou seja, eles têm um sistema de convivência com a seca que nós aqui precisamos implementar. Temos de aprender a viver com a seca”. Sobre as consequências da estiagem atual, Quitéria avalia que a recuperação total da estiagem mais recente deverá durar 10 ou 15 anos no Nordeste.

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