Política

Em carta, Isidório acusa PSB de intolerância e mantém convicções religiosas

Roberto Viana
Deputado compara repúdio do partido à ditadura militar  |   Bnews - Divulgação Roberto Viana

Publicado em 04/06/2013, às 16h00   Juliana Costa (Twitter: @julianfrcosta)


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Após divulgar nota de repúdio contra as ações do deputado estadual Sargento Isidório, o Partido Socialista Brasileiro (PSB) instaurou um processo disciplinar contra o parlamentar. Na tarde desta terça-feira (4), o socialista encaminhou carta de defesa ao partido. O Bocão News teve acesso com exclusividade ao conteúdo.

O pastor reafirma suas opiniões contrárias ao homossexualismo, mantendo posição, ao que chama de “estranho”, contra o casamento gay. Na carta, Isidório afirma ser a erradicação da raça humana e um retrocesso antropológico. Ainda cita passagens da Bíblia para fundamentar sua opinião. Ele tenta esclarecer que relações entre pessoas do mesmo sexo são consideradas de alto risco para a saúde dos envolvidos e para com a sociedade, “já que a Anvisa, órgão regulador de saúde no Brasil, não permite, nem recomenda a doação de sangue realizada por homossexuais assumidos”.

“Sem falar da possibilidade de prejuízos mentais ou espirituais, que sofrem, uma vez que ele, querendo ser ela, repuxam seus órgãos masculinos para trás, na tentativa de esconder a dádiva de Deus. E já há aqueles que estão castrando, cortando, fazendo crateras que nunca serão a vagina dada por Deus. Em muitos casos, com os recursos do SUS (dinheiro público). Assim como elas querendo ser eles se trajam de maneira masculinizada, também com complementos acima dos seus púbis, dizendo elas que são ‘bilaus’, quando todos sabemos que mulher não tem pênis e sim a santa vagina, dada por Deus”.

O parlamentar ainda diz que respeita a escolha de cada ser humano, apesar de considerar “equivocada”, “desvio de conduta natural”, “incesto”, “risco de corroer a essência familiar”.

Em relação à cantora Daniela Mercury, quando o pastor disse ser contra a artista “por ela fazer desserviço à nação”, o Isidório declara que é contra a sua permanência na Unicef. “Repito que ela não só prestou um desserviço a Nação como também ao Mundo, por estar ela ou ele embaixadora da UNICEF no Brasil. Está claro que foi Daniela quem buscou a imprensa para anunciar o seu novo libido sexual apresentando, conforme a imprensa, a sua esposa, tornando-se agora uma espécie de 'esposo', e fez questão de reafirmar a sua alucinada posição conjugal posteriormente, quando numa apresentação em Recife, declarou: ‘Quem come na verdade sou eu’”.

Ao repúdio do partido, Sargento Isidório acusa sofrer de intolerância e preconceito religioso, já que suas declarações foram feitas em um culto na igreja evangélica. O pastor ainda cita o episódio contra o deputado federal Marco Feliciano (PSC-SP), que causou manifestações de ativistas na época. “O homossexualismo existe e seus atores devem gozar direitos e garantias constitucionais como qualquer cidadão e ainda suas 'liberdades sexuais', direitos esses que estranhamente alguém do PSB - Bahia, tenta me negar não só como cidadão, mas ainda também como pastor evangélico. Defendi a minha fé e ouvi a palavra de Deus, proferida pelo pastor Marcos Feliciano”.

Por fim, o parlamentar se desculpa e reafirma que mesmo perdendo o mandato manterá suas opiniões e sua fé. “Caso tenha ofendido ou pecado contra qualquer irmão, cidadão baiano ou brasileiro, de qualquer nível social ou político, por atos, palavras, gestos e até omissão, além do pedido de perdão, coloco-me à disposição para abraçar e também beijar os possíveis ofendidos, com as manifestações de declarações que fiz e que ainda faço, demonstrando assim a minha convicção religiosa, meus pensamentos, opiniões, e atos de fé, que como tais, não deveriam se discutir, censurar ou menos ainda repudiar. Não nasci, estou deputado, e como democrata respeito e respeitarei as opiniões das pessoas, mas na minha fé ninguém toca”.

Repercussão

As declarações do deputado sempre geram polêmica e repercussão. Em uma das entrevistas concedidas, o pastor avaliou o Grupo Gay da Bahia (GGB) como destruidor das famílias. “Esse grupo é uma rede da desgraça. Esse grupo gay tem uma inteligência miserável. Eu falo a linguagem de Deus e não posso negar a palavra de Deus. Ou você vai dizer que o pai e a mãe já olha para o filho e diz: Eta, já vai nascer minha gayzinha aqui, meu viadinho tá nascendo aqui. Os gays querem destruir as famílias".

Em contato com o Bocão News, o presidente do GGB, Marcelo Cerqueira, rebateu novamente as declarações do parlamentar e duvidou da fé pregada pelo pastor. “Ele não é um cristão de verdade, pois se fosse respeitaria os homossexuais. Se Jesus estivesse na terra hoje ele certamente estaria ao lado dos gays, pois na época foi a favor de Maria Madalena e de uma adúltera. Isso sim é demonstração de amor e Isidório precisa disso”.

Em recente visita à Bahia, o deputado federal Jean Wyllys (Psol-RJ) também disparou contra o pastor. “Eu não posso crer que os cristãos de Salvador se achem representados por uma excrecência como o pastor Isidório”.

Mas outros parlamentares estão ao lado de Isidório. Capitão Tadeu (PSB) revelou incômodo com a moção de repúdio contra o colega de bancada na Assembleia. Para tanto, revirou o baú do filósofo francês Voltaire, símbolo do Iluminismo do século XVIII. “Como grande parte do partido, eu não comungo com a opinião de Isidório em relação aos homossexuais, mas é preciso respeitá-lo em suas posições. Não é democrático repudiar alguém por causa de suas opiniões”.

Leia o documento na íntregra aqui

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