Política

Especialistas comentam projeto que proíbe 'atirei o pau no gato'

Imagem Especialistas comentam projeto que proíbe 'atirei o pau no gato'
Vereador Marcell Moraes é o autor da polêmica  |   Bnews - Divulgação

Publicado em 15/06/2013, às 08h19   Terena Cardoso (Twitter: @terena_cardoso)


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Foi publicado no Diário Oficial do Município, na quinta-feira (13), o Projeto de Lei nº 450/2013 que visa proibir a reprodução de músicas infantis que falem de maus tratos aos animais, a exemplo do famigerado “atirei o pau no gato”. A ideia é de autoria do vereador Marcell Moraes (PV), que deseja aplicar a medida nas escolas públicas e privadas, em shows e gravações de CDs e DVDs.

A justificativa do militante é que as canções podem provocar nas crianças o sentimento de que os maus tratos aos animais é algo natural e cita as constantes notícias veiculadas na imprensa sobre o assunto. Para Arleide Araújo, psicóloga especialista em trauma e membro da Associação Brasileira do Trauma, a explicação faz sentido. “A criança aprende por imitação. Se ela cresce com essa crença de que atirar o pau no gato é uma coisa normal, ela pode considerar na fase adolescente que isso seja realmente comum e agir com violência”, afirma. No entanto, a proibição só seria válida se fosse imposta em conjunto com uma ação envolvendo os pais das crianças. “Essa inserção na violência se dá principalmente porque faltam limites. Os pais estão mais permissivos e liberais. Eles precisam aprender a dizer não a criança e explicar o motivo”, diz.

Quem também concorda com o vereador é o presidente da APLB – Sindicato, Rui Oliveira. Segundo ele, toda iniciativa que visa reduzir a violência no âmbito escolar e social é válida. “Não quero entrar no mérito do projeto, porque não conheço. Mas, pelo que soube, acho válido. Não precisamos produzir coisas ruins que as crianças possam reproduzir também. Espero que seja debatido com especialistas da área e seja votado”.

Já a pedagoga Andressa Nelli, que dá aulas a crianças de um a dez anos, não acredita que a proibição seja positiva porque poderia eximir o conhecimento popular. “Eu não vejo problemas em cantar essas músicas porque faz parte do lúdico da criança. Inclusive, podemos usar essas cantigas justamente para discutir e trabalhar a violência contra os animais. É louvável apresentar novas versões, mas não acho que a letra original mereça ser modificada e excluída”, diz.


Cantiga virou piada no Facebook

Para o Bocão News, o vereador Marcell Moraes (PV), admitiu que recebeu críticas mais duras do que as apuradas pelo site ao seu projeto e usou a Lei Antibaixaria, da deputada Luiza Maia (PT), como exemplo. “Quem me critica tem que lembrar dessa lei que todo mundo achou positivo e está no mesmo patamar. Essas pessoas que são contra e me criticam duramente não têm amor pelos animais, desconhece a causa e acha que todo projeto voltado à causa é besta, mas não é. Temos conseguido, de fato, levar essa causa ao conhecimento público e progredir nesse sentido”, conta.  

Ainda de acordo com o vereador, a conversa com os colegas de Câmara tem fluído. “Já tenho o apoio de pelo menos 20 vereadores e o projeto pode ser votado na próxima terça-feira”, finaliza. 


Nota originalmente postada às 13h do dia 14

Classificação Indicativa: Livre

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