Política

Construção de cemitério vertical público em Salvador é debatida

Imagem Construção de cemitério vertical público em Salvador é debatida
Audiência foi realizada por iniciativa do vereador Palhinha  |   Bnews - Divulgação

Publicado em 01/08/2013, às 14h21   Marivaldo Filho (Twitter: @marivaldofilho)



Problemas estruturais dos cemitérios públicos da cidade, como a falta de vagas, higiene e segurança foram debatidos durante audiência pública realizada na manhã desta quinta-feira (1º), no Edifício Bahia Center, anexo da Câmara Municipal de Salvador. O vereador Orlando Palhinha (PP) sugeriu a implantação de cemitérios verticais no município. O Projeto de Indicação nº 304/09 foi sugerido em 2009, a fim de aumentar a quantidade de vagas, diminuir o risco de doenças e infecções, economizar espaço físico e não poluir o meio ambiente.
“A população pobre de Salvador é a que mais sofre com isso. O crescimento das cidades e traz consigo a exigência por equipamentos cada vez maiores. No caso de cemitérios, a ocupação de uma grande extensão de terra dentro de uma cidade como Salvador é um problema. A Prefeitura que decidirá o melhor lugar para implantação”, declarou Orlando Palhinha.
O assessor do vereador, Jorge Andrade, apresentou um modelo do projeto do cemitério vertical, com base em experiências que deram certo em outros municípios brasileiros. Citou o primeiro cemitério vertical do país, inaugurado em 1772, em São Miguel e Almas, no Rio Grande do Sul e lembrou as instalações do equipamento bem sucedidas em Santos, Guarulhos, Curitiba e Diadema.
A secretária municipal da Ordem Pública, Rosemma Maluf, anunciou ações de curto, médio e longo prazos para melhoras as condições dos cemitérios municipais e considerou positiva a proposta dos equipamentos verticais.
“É uma alternativa a ser estudada e debatida. Em curto prazo, devido aos escassos recursos do município, iremos trabalhar para requalificar os que já existem e investir na construção de ‘carneirinhos’, colunas verticais com quatro compartimentos. Não podemos tratar o cemitério apenas como um espaço físico, já que é onde nossos entes queridos são enterrados. Essa proposta será, com certeza, muito importante para as comunidades”, declarou Rosemma Maluf.
Durante a audiência, foram apresentados três vídeos de matérias veiculadas na imprensa sobre a falta de vagas nos cemitérios de Salvador e apresentando o projeto de indicação do vereador Palhinha como uma alternativa.  
População
Para o vereador Palhinha, ninguém tem mais legitimidade para debater as dificuldades dos cemitérios municipais do que a própria população de Salvador, especialmente a mais pobre.
A líder comunitária do Conjunto Habitacional Coutos, em Fazendo Coutos, Leda Pereira, relatou os problemas enfrentados pelos moradores do Subúrbio Ferroviário.
“Pela lei, 30% das vagas dos cemitérios particulares devem ser destinados a população que não têm condições de pagar, mas, quando precisamos, dizem que não têm vaga. Nem morto, rico se mistura com pobre”, criticou Leda Pereira.
A aluna do curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal da Bahia, Lorena Valverde, estuda o tema, e sugeriu que um terreno no bairro de Lobato pode ser utilizado para a construção do cemitério vertical.
“A cidade de Salvador é muito carente em relação aos cemitérios, que estão muito longe de serem ecologicamente corretos. Acredito que um amplo terreno no Lobato, próximo a uma fábrica, pode ser o ideal para a construção do cemitério vertical. Acho que esse equipamento não pode ter muitos andares para se adaptar melhor à realidade da nossa cidade”, argumentou Lorena Valverde.
Contaminações
Durante o processo de decomposição, o cadáver libera, durante aproximadamente seis meses, uma mistura de líquidos chamada de necrochorume. Este composto possui grande potencial de contaminação química e bacteriana, podendo infectar lençóis freáticos e contaminar pessoas que tenham contato com ele.
Com a proposta, o vereador destaca a importância de novas alternativas para o melhor aproveitamento do espaço em uma cidade populosa como Salvador, porém alerta para os empecilhos culturais.
“O sepultamento poderia ser substituído pela cremação. Todavia, a nossa cultura e as crenças que as pessoas nutrem sobre determinado valores ainda representam um obstáculo. Creio, portanto, que a construção de cemitérios verticais é uma solução que respeita os valores das pessoas e proporciona dignidade neste que é o último serviço que o município presta ao cidadão”, conclui Orlando Palhinha.

Classificação Indicativa: Livre

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