Política

Agressões e confusão marcam reabertura dos trabalhos na Câmara

Imagem  Agressões e confusão marcam reabertura dos trabalhos na Câmara
Prefeito adotou tática de guerrilha para entrar na sede do Legislativo e preferiu ignorar a crise financeira  |   Bnews - Divulgação

Publicado em 01/02/2011, às 17h54   Daniel Pinto




                    Fotos: Edson Ruiz/Bocão News


Nesta terça-feira, 1º de fevereiro, pegou “fogo” a sessão que marcou o início da nova legislatura na Câmara Municipal de Salvador. Tudo porque, como foi antecipado por este site, o prefeito João Henrique (sem partido) confirmou presença no ato solene.

Os preparativos para a passagem do prefeito pela sede do poder Legislativo tiveram início muito antes do começo da sessão, às 15h. João Henrique chegou à sala da presidência da Câmara por volta das 11h e, inclusive, almoçou por lá. Quase no mesmo momento, as galerias do plenário Cosme de Farias foram ocupadas por simpatizantes do Thomé de Souza.


No início da tarde, quando manifestantes tentaram entram no local foram barrados pela segurança da Casa, sob o argumento de que a capacidade máxima havia sido preenchida. O grupo era formado por professores da rede municipal, estudantes secundaristas, representantes do Sindicato dos Trabalhadores em Limpeza do Estado da Bahia (Sindilimp) e por vigilantes demitidos recentemente por empresas terceirizadas que prestam serviços ao município.


Depois de muita confusão, seis deles conseguiram entrar na Câmara por intermédio de vereadores da oposição, sobretudo Olívia Santana (PCdoB), Henrique Carballal (PT) e Gilmar Santiago (PT). O último chegou a ser empurrado por um segurança que impedia o acesso dos manifestantes e ainda teve os olhos atingidos por spray de pimenta. “Não vi exatamente quem me atingiu. Mas, de qualquer forma isso é um absurdo, uma violência desnecessária. Vou levar a situação à Assistência Militar da Câmara e vamos exigir a identificação do agressor e que outras providências cabíveis sejam tomadas”, afirmou o petista.

“Não adianta perseguir” - Alheio à confusão, o prefeito João Henrique começou a leitura da mensagem do Executivo exatamente às 15h. Dentro do plenário, predominava os gritos de apoio à administração municipal. “Não adianta perseguir, nem tão pouco esculhambar. O povo quer João e ele vai ficar”.

No início do discurso, ele preferiu destacar ações positivas do seu governo. “Vamos continuar construindo políticas públicas em favor daqueles que mais precisam. Aqui, faço uma referência especial ao Serviço Municipal de Intermediação de Mão-de-obra (Simm) que, em parceria com a iniciativa privada, encaminhou mais de 60 mil pessoas para empregos formais. Além disso, a Sucom passou por um processo de desburocratização e se tornou exemplo de eficiência e agilidade, criamos a Guarda Municipal, todas as escolas da rede pública possuem internet com banda larga e o Samu tem equipe psiquiátrica”.



Godinho pediu calma aos manifestantes

O prefeito não apresentou um plano emergencial para enfrentar a crise financeira, como era esperado. Em compensação, culpou gestões anteriores pelo colapso nos cofres do município. “Encontramos uma cidade endividada, sem nenhuma linha de crédito. Só em dívidas de outras administrações era mais de R$ 1 bilhão. Em 2010, pagamos R$ 200 milhões em amortização de dívidas consolidadas. É preciso destacar também que Salvador tem a maior densidade populacional do Brasil em zona continental”.


Quadro cor de rosa - Neste momento, o pequeno grupo de manifestantes teve acesso ao plenário. Aí teve início uma batalha como a de “Davi e Golias”. De um lado, os simpatizantes do prefeito, que estavam em maior número. Do outro, os protestantes, que a todo instante eram contidos pelos militares que fazem a segurança da Casa. No meio da confusão, o prefeito chegou a ser interrompido. Mas, conseguiu ir até o final do “roteiro”.



Prefeito teve que sair escoltado do plenário

Em seguida, sob vaias e aplausos, o presidente da Câmara Municipal, Pedro Godinho (PMDB), deu a sessão por encerrada. O próximo passo foi tirar o prefeito do plenário. Ele foi levado para a sala da presidência, onde permanece até agora para evitar o contato com os manifestantes.

Para a vereadora Olívia Santana (PCdoB), a mensagem do Executivo foi uma peça fictícia e sem nenhuma fundamentação. “O prefeito pintou um quadro cor de rosa bem diferente da realidade vivida pela a cidade. Ao invés de propor um plano de enfrentamento da crise, ele não conseguiu nem sequer reconhecer os problemas. João Henrique preferiu ignorar o caos que atinge Salvador”, lamentou a comunista, que depois da sessão foi agredida por um guarda municipal em frente à sede da prefeitura.

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