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Comissão da Verdade: “ACM foi o pior perseguidor da nossa família”

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Amália Duarte, esposa do ex-deputado estadual cassado, Marcelo Duarte, relatou os momentos tensos vividos na ditadura militar  |   Bnews - Divulgação

Publicado em 12/09/2013, às 06h24   Juliana Costa (Twitter: @julianafrcosta)


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O depoimento de Amália Duarte, esposa do ex-deputado cassado pela ditadura militar, Marcelo Duarte, emocionou a todos que acompanharam audiência na Comissão Especial da Verdade, da Assembleia Legislativa da Bahia (Alba), nesta quarta-feira (11). A família Duarte contou sobre os momentos de tensão vividos nos Anos de Chumbo, entre 1964 e 1985. O secretário da Administração Penitenciária e Ressocialização (Seap), Nestor Duarte, filho do ex-político, também acompanhou a sessão.

“ACM foi o pior perseguidor da nossa família. Ele futucava a vida de todo mundo porque todo mundo que era contra ele não gostava. Ele fez isso com a minha família. Então ele tinha que tirar de qualquer maneira. Ele era muito perverso, mas já morreu, graças a Deus”.

De acordo com a matriarca, o então governador da Bahia causou alguns constrangimentos para a família. “Ele não vinha diretamente a nós, porque ele nesse sentido tinha juízo, ele não chegava perto não. Ele fazia a maldade dele de longe. Algumas vezes ele fez grosserias na rua, em recepções de festa. Era um mal educado e um sujeito pequeno”.

Marcelo Duarte, 82 anos, foi eleito deputado estadual pelo Movimento Democrático Brasileiro (MDB), entre 1967 e 1971. Foi cassado e teve seus direitos políticos suspensos, por meio do AI-5 em 1969, sendo anistiado em 1979. Chegou a ser eleito vice-prefeito de Salvador, entre 1986 e 1989, e também em 2005 e 2008, pelo PSDB. Foi um dos fundadores do MDB na Bahia e líder da Minoria (MDB), na Assembleia, em 1967 e vice-líder da Minoria (MDB), na Casa em 1968. Ele também foi membro do Diretório Regional do PSDB e delegado junto ao Tribunal Regional Eleitoral.

"Não fui torturado fisicamente, mas muito psicologicamente. Vivemos momentos de tensão. Fui preso duas vezes. Tive que ir para a Europa com minha família. Esse resgate do mandato é importante para retificar o que fizeram porque fomos presos, cassados e trucidados, e hoje vamos ser restaurados", falou, emocionado, o ex-político cassado.

O presidente da comissão, deputado Marcelino Galo (PT) é autor da resolução que propõe a devolução, simbólica, dos mandatos de 13 deputados cassados. Apenas quatro ainda estão vivos: o médico Luiz Leal, que foi vereador de Salvador pelo PSD, em 1963; o jornalista Sebastião Nery, eleito em 1963 pelo MTR; o sindicalista Wilton Valença, pelo PSB em 1963, além do jurista Marcelo Duarte.

“Vamos trabalhar de forma conjunta com a Comissão Nacional e Estadual da Verdade para aumentar a nossa capacidade de investigação. Essa ação é para devolver a dignidade aos ex-deputados e a famílias deles”.

O requerimento está em tramitação na Comissão de Constituição e Justiça da Alba, sob a relatoria do petista Zé Raimundo. Após a aprovação passará para votação em plenário.

Apesar de tentar reparar apenas os danos morais, algumas famílias dos deputados cassados já solicitaram à Procuradoria Geral da Bahia, o regaste dos direitos políticos, bem como os benefícios de aposentadoria dos ex-políticos.


Os 13 deputados que foram cassados pelo regime militar na Bahia são Marcelo Ferreira Duarte Guimarães; Sebastião Augusto de Souza Nery; Wilton Valença da Silva; Luiz Leal; Diógenes Alves; Ênio Mendes de Carvalho; Hamilton Saback Cohim; Luiz da Silva Sampaio; Osório Cardoso Villas Bôas; Aristeu Nogueira; Octávio Rolim, Oldack Neves e Padre Palmeira.

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Publicada no dia 11 de setembro de 2013, às 15h41

Classificação Indicativa: Livre

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