Tenso, de olhos esbugalhados, sofrendo do coração e de outras enfermidades. Os últimos meses de João Henrique à frente da prefeitura foram de grande tensão por conta de rejeição recorde, maus tratos nas ruas e desejo intenso de que esta fase chegasse rapidamente ao fim. Com a eleição de ACM Neto para seu lugar, contudo, a vida de JH mudou completamente e ele reconheceu o fato neste sábado, durante o ato de sua filiação ao PSL.
Segundo o ex-prefeito, ele sofreu durante bastante tempo com uma doença psicossomática a qual não quis nomear. A enfermidade, para a qual não se encontrava cura, estava relacionada ao grande estresse da cobrança de ser prefeito. Exatamente após a eleição do atual gestor, os sintomas desapareceram segundo João Henrique e suas rsponsabilidades ficaram mais leves.
“Eu tinha determinada doença que todos os meses se apresentava. Não vou dizer (qual) poque é uma questão pessoal, mas é uma doença psicossomática. Todos os meses ela se apresentava e eu ia pro hospital fazer uma microcirurgia. Tem nove meses que esta doença não se apresenta. Graças a Deus”, revelou. Segundo ele, a pressão do cargo foi a causadora do problema e as questões cotidianas do mandato pioraram a situação.
João Henrique reclamou de ter sido responsabilizado pessoalmente pelos problemas que ocorriam na cidade e inclusive daqueles acumulados por décadas de gestões anteriores. Por conta disto, afirma ter perdido noites de sono inteiras ao passo em que tentava lidar com o baixo orçamento municipal em contraponto à grande densidade demográfica da capital baiana.
“Tudo a culpa é do prefeito. Então a gente já andava, quando saía de casa, procurando lixo no chão, olhando buraco para mandar tapar, sabe? Quando chovia, eram noites sem dormir preocupado com as famílias que podiam amanhecer debaixo da terra. Então quando você é prefeito você canaliza pra você todas estas responsabilidades e preocupações com a cidade que não tem estrutura, não tem infraestrutura, superpopulosa. (...) Então eu já saia de casa tenso, preocupado. Hoje não. Você sai de casa para trabalhar numa rádio. A responsabilidade é outra, é 180 graus de diferença”, relatou.
A única "preocupação" atual de JH pode ser identificada na possibilidade de ser declarado inelegível por conta das rejeições de contas pela Câmara de Vereadores. Entretanto, ele disse estar confiante na resolução do problema por seu advogado, Celso Castro. Ao mesmo tempo, reconheceu que passar um tempo no ostracismo é uma possibilidade e que, caso isto ocorra, ele espera retonar nos braços do povo. "Todos os que voltaram depois de um tempo no exílio voltaram nos braços do povo."
*Matéria postada originalmente às 17h do dia 14/09.
