Lázaro, a mão de Deus e o coração de Neto

Tal como cantarola em cultos e shows, o deputado-cantor Irmão Lázaro (PSC) assegura que a “mão de Deus” o aproximou da chance de ser candidato ao Senado na chapa de Zé Ronaldo (DEM). A vaga ainda não está selada, mas ele já fala como tal. Seu nome também tem sido colocado como opção para o posto de vice, mas ele despista, passa a vez e mira nos oito anos de mandato na Casa Alta do Congresso.

Ele viu suas chances aumentarem depois que o prefeito ACM Neto (DEM), contrariando a expectativa do grupo, declinou de ser o cabeça de chapa da oposição na Bahia. O cenário de terra arrasada, que ainda persiste para muitos, foi divinamente favorável ao cristão. Nas palavras dele em recente entrevista ao programa Se Liga Bocão, na Itapoan FM, “a mão de Deus guiou coração de ACM Neto”, deixando o tabuleiro político em seu favor.

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De fato, Neto alegou que seu coração o “impedia” de deixar a prefeitura para se aventurar ao Palácio de Ondina. Mas a costura aqui é de gente grande e não tem nada de coração, tão pouco de religião.

ACM Neto olhou para si, viu um horizonte eleitoral nebuloso e aquietou-se, para não dizer que se acovardou. Até agora a oposição assimila o golpe e cada um faz o que pode para se garantir nas urnas. 

Lázaro também olha para si. Avalia que pode abocanhar votos de fãs, evangélicos e simpatizantes. Um público que tende a escolher seu candidato mais pelo nome em si do que pela bandeira partidária ou se é de governo ou oposição. 

Nesse sentido, o abatimento que veio sobre o grupo a partir da recusa de Neto não o preocupa. Ao contrário, ele comemora enquanto a oposição agoniza.

“Foi uma grande surpresa, uma bomba que estourou. Houve um desnorteio. Isso abriu chance de eu ter uma vaga e eu estou comemorando. Para mim foi maravilhoso”, disse sem pudor em entrevista essa semana à jornalista Cíntia Kelly na Itapoan FM.

A fala é de quem conseguiu o feito de ser, como candidato estreante, o 3º deputado federal mais votado pela Bahia em 2014, com 161 mil votos, e que espera chegar à casa dos milhões para estar entre os 81 senadores a partir de 2019.

Se confirmado na chapa, Irmão Lázaro dividirá palanque com o deputado federal Jutahy Magalhães Jr., político de carreira pela cota do PSDB e atual colega de parlamento em Brasília.  

Do outro lado, a chapa do governo tem os nomes de Jaques Wagner (PT), Angelo Coronel (PSD) e da senadora Lídice da Mata (PSB), que quer ir à reeleição, mas só se assegurar espaço no palanque com o governador Rui Costa. Sua chance de inserção pode ser viabilizada com eventual saída de Wagner para cumprir tarefa nacional pelo PT.

Mas com Lídice de fora da disputa, Irmão Lázaro teria o caminho mais facilitado. Seus aliados avaliam que ele poderia absolver uma fatia de votos de eleitores da pessebista. Entre as razões estão o fato de ser negro, evangélico e de ter currículo limpo, até onde se sabe.

* Eliezer Santos é jornalista do Bocão News