Filiar Eliana Calmon foi apenas uma “desculpa oficial” para que o PSB/Rede Solidariedade se reunisse para fazer um grande anúncio para as pretensões políticas do grupo para 2014. Na manhã desta quinta-feira (19), a ministra do Superior Tribunal de Justiça foi indicada a disputar o Senado pela Bahia, mas o governador de Pernambuco Eduardo Campos, a ex-senadora Marina Silva e a senadora baiana Lídice da Mata aproveitaram para fazer enfim uma verdadeira aparição nacional em prol das ambições do partido.
Realizada no espaço Unique, na Av. Tancredo Neves, a filiação da ministra ocorreu em clima de entusiasmo e teve grande público entre filiados, integrantes de movimentos sociais, políticos de diversos partidos e simpatizantes da causa. A partir da emoção de Eliana Calmon ao defender sua inexperiência política como ideal de renovação, os futuros candidatos projetaram confiança no futuro da aliança e na ocupação dos cargos pretendidos.
Alinhados, os discursos passearam pela necessidade de levar adiante as conquistas dos últimos tempos sob o argumento de que as atuais alianças “já deram o que tinham que dar”. Segundo Campos, as uniões de partidos para derrotar formas arcaicas de política cumpriram seu papel e trouxeram desenvolvimento e abertura, mas a manutenção do projeto, hoje, significa o conservadorismo.
Por sua vez, Lídice posicionou discurso localmente recusando que não haja o direito de um partido da base saindo em voo solo. Para ela, as diversas vozes estaduais encerradas em diversos movimentos sociais e em desejos de desenvolvimento diversos não encontram voz no atual modelo de governo. Atualmente, para ela, o grupo caminha para a manutenção do jogo de poder puramente eleitoral, valorizando a subversão do modelo puramente democrático de representatividade. “A democracia necessita da alternância de poder. O poder que nós temos no Brasil e na Bahia já foi minoritário. Nós construímos estas hegemonias com frentes políticas, mas a frente não pode ser liderada apenas por um partido, que pensa que pode representar a opinião de todo o povo brasileiro”, criticou.
Campos lembrou que o PSB já tinha um desejo de ter candidatura própria desde as eleições de 2010, mas foi convencido por lula a não desfazer a aliança. Entretanto, revelou o pernambucano, a quantidade expressiva de votos que Marina Silva recebeu naquele ano mostrou que havia um contingente de brasileiros disposto a continuar o debate, evitando a polarização. “Nós entendemos que, após aquela eleição, era hora da gente repactuar a aliança que havia ali, no fato de que um governo que tinha 80% de aprovação ter ido ao 2º turno. Era sinal de que havia um ‘senão’”.
A continuidade do debate, segundo a ministra Eliana Calmon, é o desejo nacional de norte a sul de que haja o rompimento com a cultura da corrupção e, também, com o que classificou de “velha política. “É a política do dinheiro, dos currais, da conversa e dos malabarismos. Nós não temos estes valores. Estamos convictos de que o povo da Bahia é sofrido e que, 60 anos deste modelo, já percebeu que isto não dá certo”.
Os socialistas argumentam juntos que a campanha do partido no ano que vem não será calcada no dinheiro, mas sim na utopia e convencimento do eleitorado . A esperança, segundo o discurso socialista, é de que haja uma espécie de ampliação do impacto da chegada de Marina na politica nacional, de forma que a multiplicação dos votos ocorra não por conta de trocas de promessas por cargos ou benefícios, mas pela força da vontade da mudança.
Nota originalmente postada às 13h do dia 19