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Baiano Nelson Tanure faz fortuna comprando empresas em dificuldades

Imagem Baiano Nelson Tanure faz fortuna comprando empresas em dificuldades
Após um período em silêncio, ele voltou a fazer barulho  |   Bnews - Divulgação

Publicado em 01/02/2014, às 12h07   Redação Bocão News (Twitter: @bocaonews)



Ao longo de 2013, a petroleira HRT presenteou os acionistas com uma sucessão de más notícias. Em duas áreas de exploração tidas como promissoras, na bacia amazônica e na Namíbia, a empresa só encontrou gás. Nenhuma gota de petróleo. Quatro diretores se demitiram em maio.
Em novembro, a situação ficou ainda pior quando a empresa anunciou seu maior prejuízo, de 724 milhões de reais no terceiro trimestre, e um dos maiores acionistas, a gestora americana Southeastern Asset Management, vendeu todas as ações — tudo isso fez com que as ações perdessem 81% do valor em 2013.
Enquanto a HRT derretia, o empresário Nelson Tanure, especialista em comprar empresas em dificuldades, esperava em silêncio uma oportunidade. No fim do ano, Tanure soube que a companhia planejava mudanças estatutárias em uma assembleia de acionistas convocada para o início de janeiro.
Uma das ideias era excluir do estatuto uma cláusula que obrigava quem acumulasse mais de 20% do capital a fazer uma oferta de compra aos minoritários (a chamada poison pill). O objetivo dos acionistas era atrair gente de peso para diluir o papel de Marcio Mello, fundador da HRT que, com apenas 1,7% das ações, seguia mandando na empresa.
Para Tanure, era a combinação perfeita. Ações valendo centavos e a possibilidade de ganhar poder sem precisar gastar a fortuna necessária para comprar todo o negócio. Faltava encontrar um aliado com influência na gestão da HRT. E não foi difícil.
O próprio Marcio Mello era o alvo óbvio. O fundador da HRT vivia às turras com os seis membros independentes do conselho de administração, que questionavam cada atitude sua, incluindo um pacote de 10 milhões de reais em indenização que Mello ganhou ao se demitir da presidência da HRT, em maio.
Outra pedra no sapato de Mello era o fundo americano Discovery — que, dono de 17% das ações e com dois conselheiros, tentava aumentar seu poder. Tanure mostrou a Mello que, caso se aliasse a ele, poderia tirar os inimigos do caminho.
Em novembro, o empresário começou a comprar ações da HRT. Após um investimento da ordem de 70 milhões de reais, ele já tem 19% do capital da empresa e é o maior acionista. A pessoas próximas Tanure (que não deu entrevista a EXAME) se diz interessado no setor de petróleo no longo prazo.
Seus inimigos desconfiam que seu real interesse seja fazer uma jogada rápida e vender as ações assim que possível. Desde que ele começou a comprar ações da petroleira, o valor de mercado subiu 86%. “Se tudo der errado, o patrimônio da HRT hoje é maior do que ela vale em bolsa. É esse o número que o atraiu”, diz um executivo da Docas Investimentos, empresa de Tanure.
O patrimônio líquido da HRT é de 2,4 bilhões de reais, mas ela vale em bolsa apenas 375 milhões. Se vender a preço de tabela os helicópteros, os imóveis e as bacias de gás, Tanure poderá lucrar mais de 380 milhões de reais com a HRT.

Fonte: Revista Exame

Classificação Indicativa: Livre

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