Política

Lideranças cobram quase R$ 50 mil para campanha em bairro de Salvador

Roberto Viana
A denúncia partiu da candidata ao Senado pelo PSB, Eliana Calomon  |   Bnews - Divulgação Roberto Viana

Publicado em 05/08/2014, às 06h22   Redação Bocão News (@bocaonews)


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Acostumada a lidar com toda sorte de pessoas ao longo de sua vida como magistrada, a ex-ministra do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e atual candidata ao Senado pelo PSB, Eliana Calmon, tem convivido com outro perfil de gente: a que tenta vender voto. Durante visita à Tribuna da Bahia, a socialista voltou à carga contra lideranças comunitárias que tentam fazer da política um balcão de negócios.

“Essas lideranças fazem uma planilha de custos e estabelecem pagamento de 50% adiantado e ainda compõem outras cláusulas. Eles cobram para fazer a campanha e conseguir os votos, mas no texto diz ainda que a boca de urna não está inserida, seria outro acerto. Boca de urna é crime. Essa proposta veio escrita e está muito bem organizada. Eu acho que isso representa um perigo”, alertou.

A candidata tinha em mãso uma planilha com especificações dos valores que serão gastos com alimentação de equipe, lanches, condução e outras atividades. A proposta para a realização de campanha no bairro da Suburbana, em Salvador, por exemplo, conforme o documento, custa R$ 47.888.

Desse valor, R$ 35 mil é embolsado pela liderança e R$ 1.200 fica restrito ao pagamento de pessoas que ficarão com as bandeiras, 30, que receberão R$ 40 cada uma, além de outras atividades.

Já para realizar as movimentações na Ilha de Vera Cruz o valor é menor: R$ R$ 25.972. Ou seja, se o candidato quiser o apoio do líder, ao invés de demonstrar propostas e tentar de alguma forma convencê-lo a votar por ideologia e apoiar sua candidatura pelo benefício do bem comum, ele só teria que desembolsar, para conseguir eleitorado nos dois lugares, um total de R$ 73.860 

Eliana ressaltou que o caso não foi o primeiro e constantemente recebe propostas de todos os tipos e com valores ainda maiores do apresentado no texto. “As proposições seguem a seguinte linha: eu consigo cinco mil votos, mas preciso de um valor, pois terei despesas disso e daquilo. Nós sempre afirmamos que nós não temos e mesmo que a gente tivesse dinheiro não faríamos, de forma alguma, esse tipo de política”, complementou.

Conhecida pelo trabalho combativo da corrupção dentro do sistema judiciário brasileiro, a socialista, que resolveu ingressar na política após se aposentar do Superior Tribunal Justiça, ainda defendeu o fim da realização da campanha por interesses, chefiada, segundo ela, através do dinheiro das benesses.

“Isso é uma forma antiga de se fazer política e eles estão viciados. É um vício que nós estamos sustentando há anos e isso está ficando cada vez mais ousado. Está na hora de dar um basta. Queremos percorrer um caminho novo, em busca de pessoas que estão desiludidas da política por conta dessas e de outras ações. Nós não pagamos a lideranças”, garantiu.

“Diante dessa situação, por outro lado, recebo apoio de profissionais liberais que não querem nenhuma benesse, querem resgatar a ética perdida e a confiança na política”, encerrou.

Nota originalmente postada dia 4

Classificação Indicativa: Livre

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