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Contadora divulga áudio em que advogado de Argôlo oferece dinheiro por silêncio

Imagem Contadora divulga áudio em que advogado de Argôlo oferece dinheiro por silêncio
Meire apresentou gravação no Salão Verde da Câmara dos Deputados   |   Bnews - Divulgação

Publicado em 07/09/2014, às 06h53   Redação Bocão News (Twitter: @bocaonews)



A contadora Meire Bonfim da Silva Poza inverteu a acusação do deputado federal Luiz Argôlo (SD-BA) de que ela havia pedido dinheiro para não denunciar o envolvimento do parlamentar com o doleiro Alberto Youssef, preso pela Polícia Federal na Operação Lava Jato. Com um gravador na mão, ela apresentou áudio em que o advogado de Argôlo, Aluisio Lundgren, faz proposta financeira em troca do silêncio dela.
Meire Poza fez a apresentação do conteúdo da gravação no Salão Verde da Câmara dos Deputados, um dia depois que Luiz Argôlo, em depoimento à Comissão de Ética da Casa, disse que a contadora pediu dinheiro para não incriminá-lo. Para defender-se da denúncia, ela mostrou a jornalistas trechos de uma conversa de mais de quatro horas com o advogado, que teria ocorrido em um jantar em julho deste ano.
“Em todo o momento do jantar, eu disse que não queria dinheiro. Eu não sou ré da ação da Operação Lava Jato e não tive prejuízos. Disse que não queria extorquir ninguém e que queria só resolver o problema [de repasse de dinheiro] em relação ao Grande Moinho Cearense”, disse a contadora, citando a empresa que também está sendo investigada pela PF.
Meire Poza afirmou que o pagamento para a empresa cearense somava mais de R$ 980 mil e que o problema era a falta de provas de que a empresa havia prestado o serviço para o qual foi contratada. “A nota quem emitiu fui eu [para a empresa] e a solução foi fazer relatórios como se os serviços tivessem sido prestados e não foram”, afirmou.
A gravação, segundo ela, não foi entregue à Polícia Federal porque ela não considerou “necessário” na época. Perguntada sobre o motivo de não ter denunciado Youssef antes, a contadora admitiu que não teve coragem e que só se sentiu segura quando soube da operação conduzida pela Polícia Federal. “Os quase quatro anos que passei prestando serviços para GFD [empresa do doleiro] só eu sei exatamente o que passei, as coisas que ouvi e não tive coragem”, alegou.
O relator do processo contra Argôlo no Conselho de Ética, deputado Marcos Rogério (PDT-RO), disse que não pode considerar nada do que foi dito pela contadora hoje. “As novas provas não podem ser consideradas no processo, porque já está em fase de instrução”, disse. Marcos Rogério ainda explicou que um parlamentar ou partido teria que pedir aditamento para apresentação de novas provas ou a abertura de um novo processo.
O advogado de defesa do deputado Luiz Argôlo, Aluisio Lundgren, rebateu a versão gravada e apresentada pela contadora Meire Poza. O advogado disse à Agência Brasil que a contadora mandou uma mensagem pelo celular ao deputado Argôlo dizendo que precisava falar com ele.
O advogado informou que orientou o deputado a não se encontrar com Meire Poza e que ele próprio marcou o encontro com ela, em um restaurante em São Paulo, onde conversaram por algumas horas. Aluisio Lundgren disse que a conversa foi de ameaça dos dois lados e que ele tinha certeza que estava sendo gravada.  “Ela [Meire] insinuava que tinha sido abandonada e que não tinha nem advogado de defesa”.
O advogado Aluisio Lundgren disse que, diante dos últimos fatos, comunicou que o deputado Argôlo que estava deixando de trabalhar para ele. “Estou deixando a defesa do deputado porque ela [Meire] está querendo armar um circo para desviar o foco das investigações”.

O deputado federal Luiz Argôlo surpreendeu parlamentares na último dia 3, ao comparecer ao Conselho de Ética da Câmara. Ele antecipou em um dia o depoimento marcado para ouvi-lo no processo que apura quebra de decoro parlamentar em função de relações com o doleiro Alberto Youssef, preso pela Polícia Federal na Operação Lava Jato. Argôlo garantiu que não tem qualquer sociedade com o doleiro e explicou que a troca de mensagens, interceptada pela PF, tratava unicamente de um negócio privado de família.

O parlamentar disse que os trechos divulgados por jornais e revistas foram propositalmente “selecionados”. “O que ocorreu foi vazamento seletivo. Selecionaram as mensagens que eram de interesse”, destacou, ao mencionar os textos sobre uma viagem do empresário a Brasília, que tratam da hospedagem de Youssef no apartamento funcional do deputado.

Ouça o áudio:




Foto: Bocão News

Publicada no dia 6 de setembro de 2014, ás  08h45

Classificação Indicativa: Livre

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