Política

João Henrique não tem palavra, diz Geddel

Imagem João Henrique não tem palavra, diz Geddel
O governador fica chorando pitangas sobre o porto sul, ao invés de tomar as rédeas da situação  |   Bnews - Divulgação

Publicado em 24/03/2011, às 11h55   Fidelis Tavares



O ex-ministro Geddel Vieira Lima esteve na manhã desta quinta-feira (24), no Programa do Bocão, na rádio Sociedade da Bahia para responder as perguntas dos ouvintes e do apresentador Zé Eduardo. A conversa versou sobre dois assuntos: a prefeitura de Salvador (João Henrique e João Leão) e o governo do Estado (oposição ao governo de Jaques Wagner).

Geddel começou a entrevista falando sobre a ida de João Leão para a Casa Civil de João Henrique e a declaração do seu Twitter (Leão vai para tomar conta do prefeito). “Eu tive essa experiência e se não for assim não vai, a prefeitura não anda”, ressaltou o ex-ministro, que indicou ainda, que Leão teria de “engolir o carneiro e bater de frente com a primeira Dama”.

Perguntado sobre um “acordo” dele, Geddel, com o prefeito JH para possível sucessão, o político disse: “As coisas não funcionam assim. Ele nos procurou pelo prestígio que tínhamos em Brasília e na Bahia, havia problemas graves na prefeitura. Colocamos técnicos em áreas criticas na prefeitura”.

Segundo o político, a passagem do PMDB pela prefeitura rendeu. “Foram recursos na ordem de R$ 82 milhões para Salvador. Obras como a do Imbuí, Centenário entre outras, estão aí. Foram compradas máquinas para limpeza de canais, foram feitas drenagens, Salvador se transformou”, lembrou.

Geddel contou que ficava em cima do prefeito para a realização das obras e que há ainda no Ministério das Cidades cerca de R$ 58 milhões destinados  serviços que ainda não foram iniciadas e que estão bloqueados, por conta de problemas de licença e da inadimplência da administração pública. “O dinheiro ainda tá lá!” aponta.

Sucessão municipal – Marcelo Guimarães Filho, Fábio Mota e Geddel são candidatos a prefeito de Salvador? questionou Zé Eduardo, obtendo do ex-deputado a resposta que há um sentimento que Salvador precisa mudar, mas não é questão só de nome, é necessário ter um projeto para a capital baiana. “Acho que o PMDB terá candidato. Não descarto, mas não tenho pretensões neste momento de concorrer ao cargo. A coisa vai acontecer naturalmente”.

Ao comentar sobre a afirmação “João Leão é camaleão, muda de posição toda hora”, Geddel disse que faz críticas e no Twitter responde às provocações. Sobre a relação com João Henrique o ex-ministro disse não ter razão para deixar de cumprimentar quem quer que seja. Mas admitiu alimentar um profundo desapontamento com o prefeito de Salvador.

Apesar disso Geddel não esconde sua mágoa. “Levei benefícios para várias comunidades de Salvador, enquanto estávamos por lá. Mas hoje reconheço que cometi o erro de apoiá-lo”. Ele explicou que ao se engajar na prefeitura, esperava construir um projeto comum e benefício da cidade, o que não aconteceu. “Agora é página virada. Eu cumpri meu compromisso. Piadas à parte – se referindo aos trocadilhos do Leão e do Carneiro –, queremos é que Salvador entre no caminho certo. Boa sorte a João Leão”.

Sobre a situação atual da prefeitura a opinião do político é que a administração voltou a ter as características de quando o PMDB se associou a JH. “Uma prefeitura de factóides, com 60% de rejeição. Hoje a administração de Salvador não está bem”.

Governo do Estado – Cutucado por Zé Eduardo sobre a informação de que teria almoçado com o Luiz Caetano (PT), prefeito de Camaçari e presidente da UPB, tendo como prato principal uma “composição” entre Geddel e Wagner, intermediada por Caetano, Geddel negou ter almoçado com o prefeito de Camaçari. “Não tive almoço, nem jantar com ele. Estive no interior para inaugurar obras e Caetano estava presente. Participamos da mesma solenidade. Recebi um pedido, solicitando uma carona no avião. Foi 1h de vôo, quando conversamos. Somos adversários políticos, mas nos damos bem. Não somos inimigos”.  

Apesar de ter participado do primeiro mandato de Wagner, hoje na oposição, Geddel considera que este é um governo de muita propaganda. “Tem policial morrendo, bancos sendo roubados, obras que não começam, como a da ponte Itaparica-Salvador. Nós apresentamos novos projetos, mas a sociedade reelegeu a situação. O Estado está parado. Não vamos procurar proteção do governo, vamos continuar na oposição. É duro ser oposição. Mas é o processo”, dispara Lima.

Geddel criticou o baixo percentual de reajuste concedido ao funcionalismo público estadual e comparou os 5% de reajuste dado ao servidor com os 13% de aumento da água divulgado pela Embasa. “O governador fica chorando pitangas sobre o porto sul, ao invés de tomar as rédeas da situação. É só chamar que mobilizaremos deputados, prefeitos o que for”, comentou.

PSD – Sobre a propalada ida dos deputados Alan Sanches, Ivana Bastos e Timóteo Brito para o partido que está sendo criado pelo vice-governador Otto Alencar, o PSD, Geddel considerou que apesar de os parlamentares terem sido eleitos pelo PMDB, na Bahia é assim, ninguém quer ser oposição. “Querem sempre estar com a situação visando a reeleição”. O político disse, no entanto, não alimentar rancor, é coisa que não cabe na política.

Por fim numa avaliação da relação entre Otto e Wagner o ex-deputado foi cauteloso ao declarar que vai aguardar para ver o resultado. “Se Wagner for candidato ao Senado terá de deixar o Governo seis messes antes e Otto assume. Aí vamos ver no que vai dar”. 
Mais uma vez Geddel Vieira Lima negou ter sido convidado para assumir cargo no governo de Dilma Rousseff, admitindo, no entanto, que o PMDB o quer atuando na esfera federal. “Por ora eu estou cuidando de outras coisas”.



Fotos: Edson Ruiz  // Bocão News

Classificação Indicativa: Livre

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