Política

Blitz nas celas? Emílio Odebrecht faz revelações sobre a Lava Jato

Caio Guatelli/Folhapress
Emílio Odebrecht revelou detalhes sobre a operação em livro já publicado  |   Bnews - Divulgação Caio Guatelli/Folhapress
Daniela Pereira

por Daniela Pereira

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Publicado em 29/04/2023, às 08h15


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O dono da principal construtora brasileira, o empresário Emílio Odebrecht, revelou detalhes sobre a atuação do grupo de investigações da força-tarefa da operação Lava Jato, liderada pelo ex-juiz e atual senador, Sérgio Moro (UB).

Em um livro de memórias, Emílio afirma que “o grupo das investigações que atingiram as grandes empreiteiras do País incentivava blitz de madrugada nas celas dos executivos da construtora Odebrecht na Polícia Federal, em Curitiba, para, segundo ele, humilhar os prisioneiros, forçar depoimentos e, assim, manter um fluxo de operações”.

As revelações, que apontam uma verdadeira “fábrica de delações” para forjar provas estão publicadas no livro “Uma guerra contra o Brasil, como a Lava Jato agrediu a soberania nacional, enfraqueceu a indústria pesada brasileira e tentou destruir o grupo Odebrecht”.

Em entrevista ao Estadão, Emílio Odebrecht disse que Moro violou direitos fundamentais durante os processos contra seu filho Marcelo Odebrecht. Além de Marcelo, quatro diretores da empresa também foram presos.

Ao longo de 320 páginas, o empresário acusa Moro de promover “tortura psicológica” e cometer erros jurídicos para garantir sentenças rápidas. “Eu apenas cumpri a promessa que no livro faço aos leitores: ser sincero, franco e definitivo sobre o que vi, senti, compreendi e sofri na Lava Jato e com suas consequências”, disse ao Estadão. Procurado pelo Estadão, o senador Moro disse que não comentaria o teor do livro. 

A construtora Odebrecht, fundada há quase 80 anos pelo pai de Emílio, Norberto Odebrecht, tornou-se um dos maiores grupos empresarias do país, com atuação em mais de 20 países.

A construtora foi incluída nas apurações que envolviam a Petrobras pela operação coordenada pela Polícia Federal e pelo Ministério Público Federal do Paraná. De acordo com os investigadores, a empreitera pagava propina a dirigentes da estatal e a políticos em troca de contratos e apoio.

Marcelo Odebrecht, filho de Emílio, confessou em depoimento que q construtora fazia pagamentos de propinas a políticos. Marcelo ficou preso por dois anos e cinco meses em Curitiba.

“Posso dizer que o financiamento ilegal funcionava da seguinte forma: a cada eleição se definia como seria operado o caixa, tanto para doações legais, como ilegais, atribuindo apelidos para cada cargo a ser disputado, por exemplo, em eleições para presidente (general), governador (capitão), senador (tenente), deputado federal (sargento), deputado estadual (cabo). Em outra eleição me recordo foram atribuídas posições de jogadores de futebol para cada cargo a ser disputado, como centroavante, meia, ponta esquerda, goleiro, etc. O nome dos políticos beneficiados também era substituído por apelidos”, detalhou o delator Luiz Eduardo Rocha Soares.

Emílio Odebrecht conheceu o presidente Luiz Inácio Lula da Silva na década de 70, por intermédio de Mário Covas. Naquela época, Lula era sindicalista e trataram de problemas como greves no Polo Petroquímico de Camaçari, na Bahia. A partir desse momento uma amizade foi criada.

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