Política

Bolsonaro diz que faltou a sessão no Congresso sobre bicentenário porque 'tinha muita gente no cercadinho'

Gabriela Biló/Folhapress
No momento em que ocorria a sessão, o mandatário fez uma transmissão ao vivo nas redes sociais conversando com crianças no Palácio da Alvorada.  |   Bnews - Divulgação Gabriela Biló/Folhapress

Publicado em 08/09/2022, às 22h23   Marianna Holanda, Renato Machado e Thaísa Oliveira/ FolhaPress


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O presidente Jair Bolsonaro (PL) disse nesta quinta-feira (8) que faltou à sessão do Congresso Nacional sobre Bicentenário da Independência, porque havia muitos apoiadores no cercadinho do Palácio da Alvorada.

A sua ausência ocorre um dia depois de o presidente do Congresso, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), terem faltado ao desfile cívico do 7 de Setembro, que antecedeu atos de apoio ao chefe do Executivo.

O mandatário fez uma transmissão ao vivo nas redes sociais conversando com crianças no Palácio da Alvorada no mesmo momento em que ocorria a sessão do Legislativo.

"Não fui porque tinha muita gente para atender no cercadinho hoje, tinha um grupo enorme de crianças, o homeschooling, aquela garotada que estuda em casa com seus pais", disse o presidente, em sabatina do jornal Correio Braziliense.

"E o 7 de Setembro foi ontem, não foi hoje. Então eu deixei a agenda política de fora e fui atender, tinha umas 300 pessoas no cercadinho, foi um recorde hoje, e os jovens que estudam em casa", completou.

No momento em que ocorria a solenidade no Legislativo, o mandatário fez uma transmissão ao vivo nas redes sociais conversando com crianças no Palácio da Alvorada.

O chefe do Executivo negou ainda, nesta quinta, ter convocado seus apoiadores para às ruas no feriado de 7 de Setembro.

Entretanto, foram muitas as convocações de Bolsonaro. Em seu discurso no evento de lançamento da sua candidatura, por exemplo, ele convocou apoiadores a irem às ruas "uma última vez" no 7 de Setembro e, em seguida, dirigiu seus ataques a ministros do STF (Supremo Tribunal Federal).

"Convoco todos vocês agora para que todo mundo, no 7 de Setembro, vá às ruas pela última vez. Vamos às ruas pela última vez", disse, aos gritos de "mito", na ocasião.

O presidente transformou as comemorações do feriado da Independência em comícios de campanha em Brasília e no Rio de Janeiro, repetindo ameaças golpistas diante de milhares de apoiadores, mas em tom mais ameno do que no mesmo feriado do ano passado.

Em cima de carros de som, ele pediu voto, reforçou discurso conservador e deu destaque à primeira-dama Michelle Bolsonaro, com declarações de tom machista.

O mandatário deixou de lado o Bicentenário da Independência nos palanques montados nas duas cidades e, tanto no Rio como em Brasília, adotou discurso parecido.

Durante a sabatina, Bolsonaro disse que os atos não eram dele, mas da população. O presidente questionou o motivo de outros candidatos à Presidência não terem comparecido aos atos.

"Se qualquer um outro candidato quisesse comparecer ali, não tinha problema nenhum", disse. Os atos pelo país no 7 de Setembro foram em apoio à candidatura do chefe do Executivo.

Bolsonaro afirmou que a adesão às manifestações indicaria que ele ganharia as eleições no primeiro turno. Ainda que os atos tenham tido expressivo apoio, pesquisas de intenção de voto, que usam metodologia verificada em estatística, apontam o mandatário em segundo lugar.

O mais recente levantamento do Datafolha mostra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em primeiro lugar, com 45% de intenções de voto, contra 32% do mandatário.

"Com o que nós vimos pelo Brasil, aqui em Brasília na Esplanada, em São Paulo, na Paulista; em Copacabana, no Rio de Janeiro, olha eu acho que está decidida a eleição no primeiro turno. Não tem explicação o outro lado ganhar. Porque não foi apenas aqui, foi no Brasil todo", afirmou.

O fato de Bolsonaro ter feito das comemorações comícios eleitorais foi alvo de críticas de especialistas ouvidos pela Folha, e levou o PT a acionar a justiça eleitoral, alegando abuso de poder.

Principal adversário de Bolsonaro, Lula criticou o episódio e disse ainda que, quando foi presidente, nunca usou o 7 de Setembro "como instrumento de política eleitoral".

Questionado sobre as críticas na sabatina, Bolsonaro minimizou. "O que se incomodaram não foi com isso [que não citou o bicentenário]. O que eu falei no meu discurso é que, de vez em quando falo palavrão, sim, mas não sou ladrão. Aí bateu na moleira dos nossos adversários, essa é a bronca deles."
O presidente também deu uma justificativa ao coro puxado por ele próprio de "imbrochável" na manifestação em Brasília. "É sinal que vou ficar resistindo sempre, não adianta me atacar".

O discurso do presidente na capital federal destacou o papel da primeira-dama, Michelle Bolsonaro, a quem chamou de princesa. Bolsonaro também mandou comparar primeiras-damas, mas disse hoje que não se referia a Janja, esposa de Lula.

"Primeira coisa, não falei o nome da Janja. Falei compare com as outras primeiras damas. Temos 27 primeiras damas nos estados do Brasil. E temos 5.700 municípios", disse.

"Não vou falar que a Michelle é melhor que todas elas, mas façam comparações com as primeiras-damas outras. A que foi a do Lula, do Fernando Henrique, comparem. Nada mais além disso aí."
Bolsonaro precisa melhorar o seu desempenho eleitoral com as mulheres, esta é considerada uma prioridade para a campanha. A rejeição deste segmento é uma das maiores à sua candidatura.

O presidente deixou o local da sabatina sem falar com a imprensa. O ministro da Justiça, Anderson Torres, o ministro das Comunicações, Fábio Faria, e a ex-ministra Flávia Arruda (PL-DF), candidata ao Senado, acompanharam a entrevista.

Flávia não quis comentar sobre a postura do presidente Jair Bolsonaro no 7 de Setembro. "O evento aqui era a sabatina do presidente, prefiro não falar."

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