Política

Bolsonaro mantém silêncio, e aliados se dividem sobre ato golpista em Brasília

Fábio Rodrigues Pozzebom/Arquivo/Agência Brasil
Bnews - Divulgação Fábio Rodrigues Pozzebom/Arquivo/Agência Brasil

Publicado em 08/01/2023, às 17h46   Anna Virginia Balloussier / Folhapress


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Está sendo tímida, num primeiro momento, a reação de aliados de Jair Bolsonaro (PL) ao vandalismo de manifestantes que, em Brasília, invadiram prédios dos Três Poderes com uma pauta antidemocrática.

O senador Sergio Moro (União Brasil-PR), ex-ministro da Justiça que rompeu com o governo passado e, durante a campanha, fez as pazes com Bolsonaro, furou o silêncio inicial com um tuíte postado na tarde deste domingo (8): "Protestos têm que ser pacíficos. Invasões de prédios públicos e depredação não são respostas. A oposição precisa ser feita de maneira democrática, respeitando a lei e as instituições. Os invasores precisam se retirar dos prédios públicos antes que a situação se agrave".

Um dos primeiros a tocar no assunto, Anderson Torres, secretário de Segurança Pública do Distrito Federal e ex-ministro da Justiça de Jair Bolsonaro (PL), definiu como "lamentáveis" as cenas de depredação na Esplanada dos Ministérios.

"É inconcebível a desordem e inaceitável o desrespeito às instituições. Determinei que todo o efetivo da PM e da Polícia Civil atue, firmemente, para que se restabeleça a ordem com a máxima urgência. Vandalismo e depredação serão combatidos com os rigores da lei", afirmou numa rede social.

O senador Carlos Portinho (PL-RJ), que foi líder do governo Bolsonaro na Casa que representa, também adotou um tom crítico. Sugeriu ainda que o Executivo lulista, assim como o Judiciário, um poder em frequente conflito com o bolsonarismo, deveriam ajudar a pacificar os ânimos.

"Nenhuma violência é tolerável. Nenhuma manifestação violenta é democrática. Mas assim às vezes a sociedade se manifesta. Infelizmente. E não somente no nosso país", disse, também por um canal virtual. "É preciso gestos que apaziguem. Governo e Judiciário. Violência e intimidação nos tornam menos democráticos."

Questionado pela reportagem, o pastor Silas Malafaia, um dos aliados evangélicos mais vocais de Bolsonaro, falou em "manifestação do povo" e apontou "dois pesos e duas medidas" para o tratamento dado a atos que partem de bolsonaristas ou de movimentos à esquerda.

"Cansei de ver o MST [Movimento dos Sem Terra] invadir prédio público e ficar acampado dois, três dias. A militância do PT fazer isso, e ninguém dizer que é ato antidemocrático. Que conversa é essa? Ou será que nós estamos em que planeta? Em que país nós estamos? Ou será que o povo, a imprensa, os políticos têm amnésia? Nunca vi ninguém dizer que era ato democrático."

Continuou o pastor: "É a manifestação do povo. E aí? Usa dois pesos, duas medidas? Quando é a cambada de esquerda, é ato de livre manifestação. Quando são os outros, é ato antidemocrático? Isso é uma vergonha."

Tanto o ex-presidente Bolsonaro como seus três filhos políticos deram alguma declaração em redes sociais nas últimas 24 horas, mas até agora não abordaram os atos vândalos na capital do país.

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