Política

'Bota tua toga e fica sem encher o saco', diz Bolsonaro em ataques ao STF e ode à ditadura

Imagem 'Bota tua toga e fica sem encher o saco', diz Bolsonaro em ataques ao STF e ode à ditadura
Na solenidade de despedida de ministros, Bolsonaro ainda defendeu deputado acusado de promover agressões a ministros da Corte  |   Bnews - Divulgação

Publicado em 31/03/2022, às 19h52 - Atualizado às 19h58   Redação


FacebookTwitterWhatsApp

O presidente Jair Bolsonaroaproveitou a solenidade de anúncio da saída de dez dos 22 ministros que disputarão as eleições deste ano para fazer uma ode aos governos da ditadura militar. Ele disse que “nada” ocorreu em 31 de março de 1964, dia do golpe militar que derrubou o então presidente João Goulart e deu início ao regime de exceção. O golpe completa 58 anos nesta quinta-feira.

“31 de março. O que aconteceu nesse dia? Nada. Nenhum presidente da República perdeu o mandato nesse dia”, disse Bolsonaro. “Congresso, com quase 100% dos presentes, elegeu Castello Branco presidente à luz da Constituição.”

De fato, Goulart não perdeu o mandato no dia 31 de março de 1964, primeiro dia do golpe, mas na sequência, na madrugada de 2 de abril daquele ano, quando, mesmo estando ele em território nacional, o Congresso declarou vago a Presidência da República, contrariando a Constituição em vigor, promulgada em 1946.

Bolsonaro elogiou obras do período militar e ainda fez comparações entre a ditadura e o seu governo. “O que seria da Amazônia sem Castello Branco, que criou a Zona Franca de Manaus? Todos aqui tinham direito, deputado Silveira, de ir e vir”, afirmou o chefe do Executivo ao deputado Daniel Silveira(União Brasil-RJ), que está sob medidas restritivas por atentar contra a democracia. “A composição dos ministérios (na ditadura) era parecida com os meus [ministérios]”, acrescentou.

A Zona Franca de Manaus foi criada pela Lei número 3.173, no governo Juscelino Kubistchek, em 1957, e sua instalação foi efetivada dez anos depois, com o Decreto-lei 288, no governo do general Castello Branco.

Bolsonaro voltou a atacar o Supremo Tribunal Federal (STF). Mesmo sem citar diretamente a Corte, disse que não se pode “aceitar o que vem acontecendo passivamente”. “Temos inimigos, sim. São poucos, de todos nós no Brasil, e habitam essa região dos Três Poderes”, disse. 

De acordo com Bolsonaro, o Brasil não vai para frente porque alguns atrapalham. “O que que falta? Que alguns poucos não nos atrapalhem. Se não tem ideias, cale a boca! Bota a tua toga e fica aí sem encher o saco dos outros! Como atrapalham o Brasil”, disse. “Democracia e liberdade são batalha diária”.

O presidente ainda disse que tem a obrigação de exigir transparência no voto. “Agora proibiram duvidar de urna eletrônica”, afirmou. Ele prometeu agir, embora sem explicar como. “Não pode ter conselheiros ao teu lado dizendo o tempo todo: ‘Calma, calma’, ‘espera o momento oportuno’. Calma é o cacete, pô”.

O ataque ao STF ficou ainda mais claro quando Bolsonaro defendeu o deputado Daniel Silveira. “É muito fácil falar ‘Daniel Silveira, cuida da tua vida’. Não vou falar isso”, disse. “‘Ele pode ser preso a qualquer momento’, ‘não é comigo’, ‘deixa para lá’... Vai chegar em você”, seguiu, como se estivesse utilizando um exemplo aleatório. “Pode ter seus bens confiscados?”, acrescentou, em nova referência indireta.

O chefe do Exeutivo ainda reforçou, na contramão da ciência, sua resistência à vacinação e fez nova apologia de ivermectina e cloroquina, remédios comprovadamente ineficazes contra a covid-19. Bolsonaro diz que quer ter direito de andar no meio do povo, e sem máscara. “Tem gente que quer que eu morra e fica me enchendo o saco para tomar vacina, me deixa morrer”, afirmou, desprezando a função coletiva da imunização.

Classificação Indicativa: Livre

FacebookTwitterWhatsApp

Tags