Política

Desavença entre Zé Cocá e Antônio Brito gera confusão na Câmara de Jequié; entenda

Joilson César/BNews e Paulo M. Azevedo/ BNews
Foram 13 votos a favor da moção de repúdio, 4 contra e 1 abstenção  |   Bnews - Divulgação Joilson César/BNews e Paulo M. Azevedo/ BNews
Edvaldo Sales

por Edvaldo Sales

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Publicado em 11/10/2023, às 19h32


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Uma moção de repúdio contra o deputado federal Antônio Brito (PSD/BA) foi aprovada pela maioria na Câmara Municipal de Jequié, no Médio Rio de Contas, na terça-feira (10). A votação aconteceu após o parlamentar se desentender e quase chegar às vias de fato com o prefeito da cidade, Zé Cocá (PP), na última sexta (6). Uma celeuma vem se desenrolando desde então no município.

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Foram 13 votos a favor, 4 contra e 1 abstenção. Votaram a favor da moção os vereadores Soldado Gilva, Cida, Colorido, Júnior Braga, Marcinho, Gutinha, Duda Simões, Bui Bulhões, Walmiral Marinho, Ziel Cavalcante, San David, Marcos do Ovo e Joaquim Caíres. Já os edis João Paulo, Moana Meira, Sidney Magal e Ivan do Leite votaram contra o documento. O vereador Ramon Fernandes se absteve da votação. 

Moção envolta em polêmica

Os momentos que antecederam a votação da moção foram marcados por polêmicas. Isso porque Zé Cocá foi acusado de liderar um movimento para a aprovação do documento contra Antônio Brito na Câmara. 

O gestor teria pressionado os vereadores para que a moção fosse aprovada. Além disso, relatos obtidos pelo BNews apontam que o prefeito ficou insatisfeito com a abstenção de Ramon Fernandes, filho do deputado estadual Euclides Fernandes (PT), e exonerado da prefeitura oito servidores comissionados supostamente ligadas ao edil. 

As oito exonerações foram publicadas no Diário Oficial desta quarta-feira (11). 

No diário constam as seguintes exonerações:

  • Ana Rita Pessoa Del Rei, do cargo em comissão de Assistente Técnica da Secretaria Municipal de Educação;
  • Erick Aguiar da Cunha, do cargo em comissão de Assistente Técnico da Secretaria Municipal de Educação;
  • Jessica Rodrigues Bispo, do cargo em comissão de Assistente Técnico da Secretaria Municipal de Educação;
  • Ediane Ribeiro de Oliveira, do cargo em comissão de Coordenadora do CRAS da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social;
  • Emili Braga Novaes, do cargo em comissão de Assessora Jurídica da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social;
  • Camila Meireles de Abreu dos Santos, do cargo em comissão de Assistente Técnica da Secretaria Municipal de Educação;
  • Alanna Silva Leite, do cargo em comissão de Assistente Técnica da Secretaria Municipal de Educação;
  • Jarbas Ribeiro Aragão, do cargo em Comissão de Coordenador Geral da UEL/UGP, unidade vinculada à Secretaria Municipal de Infraestrutura.

As exonerações teriam estremecido as relações do vereador Ramon e do deputado Euclides Fernandes com o prefeito, acirrando o clima de disputa nas eleições municipais de 2024. 

Prefeito e vereador negam 

Ao BNews, Zé Cocá negou que tenha pressionado os vereadores a aprovarem a moção de repúdio.

Eu defendo a independência e a liberdade democrática que separa os poderes constituídos. A Câmara Municipal é independente e eu respeito cada vereador e sua importância enquanto representante da população e valorizo suas ideologias político- partidárias. Jamais fiz, faria ou farei esse tipo de interferência junto aos vereadores do município”, afirmou.

Sobre a moção de repúdio aprovada, o prefeito disse que “a proposição partiu deles e eles votaram conforme a vontade e o desejo de cada um”. 

Em relação às exonerações de servidores comissionados se tratarem de perseguição, o gestor disse que é uma “inverdade”. “Quando acontece a exoneração de pessoa que ocupa algum cargo comissionado é, na grande maioria das vezes, em função da necessidade de otimização operacional, para que a máquina pública seja mais ágil”. 

Muitas vezes precisamos optar por um profissional que seja mais técnico ou mais experiente em uma ou outra área e aí, pode ocorrer a exoneração. Não existe isso de perseguição!”, completou.

Procurado pela reportagem, o vereador Ramon Fernandes afirmou que os servidores exonerados não são ligados a ele. “Desconheço. Isso não procede”, disse. O edil também negou que o prefeito Zé Cocá pressionou os vereadores a aprovarem a moção. 

Relembre a confusão

Na última sexta-feira (6), o deputado federal Antonio Brito (PSD-BA) se irritou e gritou palavras indignadas contra o prefeito de Jequié, Zé Cocá (PP), durante um evento oficial do governador Jerônimo Rodrigues (PT) na cidade do sudoeste baiano.

O deputado explicou ao BNews o motivo da sua irritação durante o evento.

“O que aconteceu foi antes do vídeo, lá embaixo do palco. O prefeito foi ao evento, que não era do lado político dele. É um evento do governador, de um grupo que o prefeito não ajudou. O prefeito foi chamado de traidor por militantes, veio tirar satisfações comigo e eu disse: ‘não tem nada a ver comigo, me respeite’. Eu sou um sujeito muito tranquilo. Jamais entro em negócio de briga. Eu tenho horror a briga”, afirmou Brito.

Segundo o parlamentar, no momento capturado pelo vídeo, ele estava explicando a Wilson Paulista, assessor ligado ao governo de Jerônimo, o motivo da sua irritação com o prefeito de Jequié.

No momento do vídeo, eu estava passando para Paulista o que tinha acontecido lá embaixo. Eu disse que não tinha medo do prefeito. O meu problema foi com o prefeito de Jequié. Quando dizem que ele traiu Rui, ele enlouquece. E o povo estava chamando ele de traíra. Ele se irritou e foi tirar satisfações comigo. No palco, colocaram a gente um do lado do outro. Eu estava informando a Paulista o que aconteceu”, contou o deputado federal.

O prefeito de Jequié, Zé Cocá, também contou a sua versão da história. De acordo com ele, não chegou a haver uma discussão entre os dois adversários políticos.

“Não teve discussão. Quando eu entrei naquela roda que o governo fica no final do palanque, uns 5 ou 10 apoiadores dele [Antonio Brito] começaram a me chamar de traíra. O governador passou por mim e eu falei a ele: ‘isso, governador, são os funcionários fantasmas da Santa Casa, que vêm aqui para falar mal dos outros’. E, quando ele [Antônio Brito] ouviu eu falando isso, ele veio me responder”, relatou Zé Cocá.

Eu respondi a ele que tenho provas, que eu vou provar sobre os funcionários fantasmas da Santa Casa. O que ele fez no palco, na frente da minha esposa, foi uma aberração. Eu jamais faria isso com ninguém”, completou o prefeito de Jequié.

Classificação Indicativa: Livre

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