Consciência negra: Metade dos parlamentares eleitos que dizem ser negros são brancos

Um total de 517 parlamentares, entre senadores e deputados, eleitos por brasileiras e brasileiros em 2022 se declarou negro. O número representa cerca de 32% dos nomes que saíram vitoriosos do pleito.

Segundo um levantamento feito pelo portal Uol junto a uma banca de heteroidentificação racial, método usado para evitar fraudes nas cotas raciais, metade desses senadores, deputados federais e estaduais, na realidade são pessoas brancas.

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A banca foi realizada sob a liderança da doutora em sociologia pela Unesp (Universidade Estadual Paulista) Marcilene Garcia de Souza, a análise seguiu uma portaria de 2018, do antigo Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão, que regula a checagem racial de cotistas negros em concursos públicos federais.

A banca checa os fenótipos negroides das pessoas, ou seja, os detalhes físicos pelos quais elas são percebidas como negras. Por exemplo: pele escura, cabelos crespos ou encaracolados, lábios e nariz grossos.

A Bahia foi o estado que mais elegeu deputados federais que se dizem negros no país. No entanto, 13 dos 21 tiveram a autodeclaração colocada contestada pela banca. Sérgio Brito (PSD) é um deles. Nas eleições deste ano e nas de 2018, ele se declarou como pardo, mas se via como branco em 2014.

Senado
Foram eleitos 27 senadores em 2022, o correspondente a 1/3 das 81 cadeiras que existes. Entre os eleitos, três são pretos: Malta (PL-ES), Romário (PL-RJ) e Beto Faro (PT-PA). Três pardos foram eleitos: Flávio Dino (PSB-MA), Dr. Hiran (PP- RO) e Rogério Marinho (PL-RN).

Entre os nomes, Rogério Marinho teve a autodeclaração contestada. Apoiador do presidente Jair Bolsonaro (PL), ele era titular do Ministério do Desenvolvimento Regional.

Situação nas casas legislativas estaduais. Dos 1.059 deputados estaduais eleitos em 2022, 376 se autodeclararam negros, mas 49% deles não são, aponta a banca.

Entre os 303 homens eleitos que se veem como negros, 52,1% não foram identificados como negros pela banca. Entre as 73 mulheres do grupo, o índice foi de 35,6%.

Já na Câmara dos Deputados, 135 dos 513 parlamentares eleitos falam ser negros. Porém, 51,1% deles tiveram a autodeclaração contestada pela banca de heteroidentificação.

O maior problema, entende a banca, está na autodeclaração como pardo. O levantamento indica que, dos 107 homens eleitos, 56% não foram considerados negros. O mesmo ocorreu para nove das 28 mulheres pardas.