Coronavírus

Ministério ignorou oferta do Butantan de 60 milhões de doses da CoronaVac feita em julho, diz Dimas Covas

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Deste montante, 45 milhões de doses do imunizante contra o novo coronavírus, desenvolvido em parceria com a chines SinoVac, seriam produzidas já em 2020.  |   Bnews - Divulgação Reprodução/YouTube

Publicado em 27/05/2021, às 10h36   Luiz Felipe Fernandez


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Em depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid nesta quinta-feira (27), o diretor do Instituto Butanta, Dimas Covas, afirmou que foi oferecido ao Ministério da Saúde, em julho do ano passado, um acordo que previa a entrega de 60 milhões de doses da CoronaVac.

Deste montante, 45 milhões de doses do imunizante contra o novo coronavírus, desenvolvido em parceria com a chines SinoVac, seriam produzidas já em 2020. Até maio deste ano, a perspectiva era de entregar todos os lotes. 

Sem resposta, o ofício foi reenviado em agosto em que pediam apoio financeiro para realização de um estudo clínico que custaria R$ 100 milhões ao governo.

Em outubro, outro contrato foi apresentado, desta vez para o fornecimento de 100 milhões de doses, que teve sinal positivo do Ministério. No dia, o então ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, convidou Dimas Covas para uma cerimônia em que seria anunciado o acordo.

No outro dia, o ministro foi desautorizado publicamente pelo presidente Jair Bolsonaro.

Com a negativa para o contrato, o Butantan ficou sem a certeza do financiamento e precisou custear a produção.

Em janeiro deste ano, o Ministério passou a tentar acordos com outras vacinas no mundo. Com dificuldades, recorreu ao Butantan, que já não podia assegurar o mesmo cronograma de entrega.

No contrato apresentado pelo governo, havia uma cláusula de exclusividade que gerou um impasse, já que a SinoVac tinha já acertado o fornecimento de doses para outros países da América Latina.

Com a escassez de matéria-prima para a produção do imunizante e da demora do Governo Federal em liberar o envio de IFA's, ficou cada vez mais difícil entregar a quantidade previstas nos lotes.

Dimas Covas confirmou que não houve nenhum repasse federal para realização de testes da vacina nem da sua produção.

PIONEIRO

Se o governo Bolsonaro tivesse entrado em acordo com o Butantan, o Brasil poderia ter sido o primeiro país a vacinar contra a Covid-19 em todo o mundo.

Na época, o instituto já tinha em estoque 5,5 milhões de doses e outras 4,5 milhões sendo produzidas. 

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