Política

Deputadas e vereadoras baianas apontam termo racista em áudio de empresário sobre Simone e Simaria

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No áudio, o homem lista duplas sertanejas que “se odeiam” e cita o fato de a cantora Simone estar recebendo o mesmo cachê, mesmo se apresentando com a irmã Simaria  |   Bnews - Divulgação Divulgação

Publicado em 21/06/2022, às 12h28   Daniela Pereira


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Deputadas e vereadoras da política baiana apontaram e criticaram um termo racista e sexistas flagrado em áudio vazado por empresário que fala sobre a dupla sertaneja Simone e Simaria.

No áudio, o homem lista duplas sertanejas que “se odeiam” e cita o fato de a cantora Simone estar recebendo o mesmo cachê, mesmo se apresentando com a irmã Simaria. “Cachê é R$ 400 mil, R$ 200 é custo, nota fiscal, banda, carreta … já era. Que a banda vem completa. Dos outros R$ 200, é R$ 100 de cada ‘nigrinha’. Me dá o R$ 100 dessa aqui não vai não, vai ficar aqui. Não vai cantar. Ou vai ficar em casa e ainda vai receber o cachê? Vai se lascar”, disse em um trecho da conversa.

A vereadora Marta Rodrigues (PT), disse não haver justificativa para o uso de termos racistas. “Estamos em pleno século XXI e este e demais termos racistas estão sendo exaustivamente publicizados e explicados. Uma pessoa que tem acesso às redes sociais, a internet, aos livros, meios de comunicação, não saber que "nigrinha" é um termo pejorativo que remete a como se chamavam pessoas escravizadas no Brasil, de maneira a humilhá-las e rebaixá-las como ser humano, é um tanto absurdo. Principalmente se tratando de um empresário”, disse.

A vereadora da mandata coletiva Pretas por Salvador (PSOL/BA), Laina Crisóstomo, disse que o termo usado pelo empresário ao chamar as cantoras de “nigrinhas” reacende o debate do racismo na perspectiva da linguagem. “Quando a gente fala, ‘denegrir’, ‘nigrinha’, ‘clarear as ideais’ e etc, a gente está reforçando que tudo que é ruim está no negro e tudo que é bom está no branco. O que a gente entende como nigrinha, que deriva de negrinhas, é uma menina malcriada, irresponsável e teimosa. Desqualificar uma pessoa, trazendo referência ao tom de pele é racismo”, alerta.

Ainda de acordo com a vereadora, o problema não está apenas no termo, mas sim no que ele representa para quem o usa. “Além do racismo linguístico há a questão de objetificação do corpo da mulher, sobretudo da mulher preta. Não é só sobre o termo é sobre o que ele representada para esse empresário racismo e misógino”, explicou.

Também engajada nas lutas pela igualdade racial, a deputada estadual Olívia Santana (PCdoB) disse que o comportamento do empresário atinge toda uma raça e desrespeita as mulheres. “Ao invés de se manter numa linha de argumento dos fatos, o empresário parte para o racismo para desqualificar as artistas. Precisamos também nos posicionar sobre esses casos para que não passem despercebido, pois vão banalizando o racismo”, disse. “Uma pessoa que lida com a cultura tem obrigação de descontruir e fazer movimentos de autoeducação. Pois o termo ‘nigrinha’ atinge toda uma raça e desrespeita as mulheres”, completou.

Presidenta da Comissão de Direitos Humanos e de Defesa da Democracia da Câmara de Vereadores, Marta Rodrigues ainda defendeu maior aplicabilidade das leis. “Nossas leis são robustas, o racismo é crime no Brasil, a Constituição Federal de 88 já preconizava isto, mas o que falta é a sua aplicabilidade cem por cento nos casos de racismo.  Falta também entendimento amplo de que é preciso denunciar, não deixar passar. Muita gente prefere não denunciar achando que não vai dar em nada, mas vai! Os tempos mudaram bastante e a pauta racial está no mundo todo”, completou.

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