Política

Eduardo Bolsonaro é sócio nos EUA de empresário que apoiou atos golpistas, revela reportagem

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O baiano que foi secretário de Cultura no governo Bolsonaro, André Porciúncula, e a ex-servidora Raquel Brugnera também são citados  |   Bnews - Divulgação Reprodução

Publicado em 26/05/2023, às 07h57 - Atualizado às 07h57   Redação


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O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) abriu uma empresa, no Texas (EUA), em sociedade com outros brasileiros ligados à disseminação de fake news no Brasil, que apoiaram os atos golpistas de 8 de janeiro e que passaram pelo governo do pai. A abertura da empresa ocorreu durante o período em que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) morou nos Estados Unidos. As informações fazem parte de uma investigação feita pelo Uol, a Agência Pública, e o Clip (Centro Latinoamericano de Investigação Jornalística) nos últimos cinco meses.

Segundo a reportagem, Eduardo abriu a Braz Global Holding LLC, em 18 de março deste ano, em sociedade com o influenciador Paulo Generoso —conhecido por compartilhar notícias falsas e por ter apoiado os atos golpistas - e com o ex-secretário nacional de Fomento e Incentivo à Cultura no governo Bolsonaro, André Porciúncula, que tentou vaga para deputado federal pelo PL baiano no ano passado. A firma foi registrada por Generoso no endereço de sua casa, em Arlington.

A publicação detalha que o mesmo endereço da Braz Global foi usado para o registro de um instituto e uma incorporadora também dirigidos por Generoso e Porciúncula. No entanto, o nome de Eduardo não consta nestes outros dois negócios.

Procurado pela reportagem, o deputado Eduardo Bolsonaro respondeu: "Por que vocês estão me investigando? Conhecendo um pouquinho do UOL e um pouquinho de vocês, eu prefiro não falar nada".

Indagado sobre as atividades da empresa, o parlamentar se esquivou novamente: "Não tem nada demais. Explicar o quê? Estou devendo alguma coisa?".

Ao final, o parlamentar afirmou, andando rápido pelo corredor em meio aos seguranças, que "não devia explicações" e citou o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) sem sequer ter sido questionado. "Eu estou traficando droga? Eu estou roubando alguém? É corrupção?", acrescentando que "falaria com o TSE", se fosse chamado.

Os demais sócios foram procurados, mas não retornaram até a última atualização desta reportagem.
Braz Global Holding

Os documentos mostram a criação da Braz Global Holding, mas neles não há informações sobre qual é o ramo do negócio. No mesmo local, em um curto espaço de tempo, Paulo Generoso registrou outras duas empresas: a Liber Group Brasil, em 13 de janeiro, e o Instituto Liberdade, em 8 de fevereiro.

Nessas, Eduardo Bolsonaro não consta oficialmente como responsável, apenas Generoso, André Porciúncula e outra ex-servidora do governo Bolsonaro, Raquel Brugnera, apresentados como diretores.

Raquel e Paulo Generoso são criadores do Movimento República de Curitiba, que surgiu em 2016 para apoiar a Operação Lava Jato. O movimento também defendeu a eleição do ex-presidente em 2018 e 2022. Com 1,2 milhão de seguidores, a página do grupo no Facebook espalhou notícias falsas sobre as urnas eletrônicas, a pandemia de covid-19 e saiu em defesa dos atos golpistas. A página também consta das apurações da CPMI das Fake News.

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