Política

Ex-comandante da PMDF fica em silêncio na CPMI dos Atos Golpistas e relatora aponta omissão

Geraldo Magela / Agência Senado
Militar comandava a PMDF no dia dos atos golpistas contra as sedes dos três Poderes  |   Bnews - Divulgação Geraldo Magela / Agência Senado

Publicado em 29/08/2023, às 19h37 - Atualizado às 19h38   Cadastrado por Lula Bonfim



O ex-comandante Fábio Augusto Vieira, que comandava a Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) durante os ataques de vândalos às sedes dos três Poderes, decidiu ficar em silêncio durante seu depoimento, nesta terça-feira (29), na CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) que investiga os atos golpistas que desembocaram no dia 8 de janeiro.


Vieira foi beneficiado por um habeas corpus, concedido pelo ministro Cristiano Zanin, do Supremo Tribunal Federal (STF). A decisão permitiu ao depoente nem mesmo assumir o compromisso de falar a verdade. Ele justificou o silêncio pelo fato de não ter tido acesso à íntegra da denúncia, o que foi questionado pela senadora Soraya Thronicke (União Brasil-MS), conforme relato da Agência Senado.


“Ao que é que ele não teve acesso? Porque todos os documentos já são públicos. Segundo o ex-comandante, ele não teve conhecimento sobre o relatório referente às intercepções do seu celular”, argumentou Thronicke.


A relatora da CPMI, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), fez referência às mensagens que compõem a denúncia da Procuradoria Geral da República (PGR), compartilhadas pelo ex-comandante ainda antes do resultado das eleições e que falavam da possibilidade de um ato golpista, caso o então candidato à presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), saísse vitorioso.


Eliziane também detalhou mensagens com conteúdos golpistas que questionavam a legitimidade das urnas eletrônicas e que estavam em circulação no alto comando da PMDF na véspera dos ataques.

Segundo a relatora, mensagens recebidas pelo coronel Fábio Augusto, já no dia 7, detalhavam como seria todo o cronograma das manifestações na Esplanada, com indicativo de ataque às sedes dos três Poderes.


“Todas as informações que vêm até o senhor, até o presente momento, eram informações claras de que realmente havia uma possibilidade e uma ação iminente ali que colocaria, na verdade, em xeque, em risco, a vida das pessoas. E aí, quando eu falo das pessoas, falo inclusive de militares que deveriam ser direcionados para aquele lugar. Daí a necessidade de serem pessoas com uma certa experiência para poder, de fato, fazer esse enfrentamento” , apontou Eliziane.


Imagens de Fábio Augusto Vieira e de parte da tropa de choque no prédio do Congresso Nacional, segundo a relatora, demonstram que integrantes da PMDF colaboraram para que os invasores ocupassem o local.


“O efetivo, de fato, era muito pequeno, era algo em torno de 200 militares, mas da mesma forma que fizeram a escolta dos manifestantes até toda essa aérea do Congresso Nacional, do Palácio do Planalto, eles vieram escoltados, e quando eles chegaram aqui, não é exagero dizer, eles foram orientados da forma como se entravam de fato nessas prédios”. avaliou Eliziane.

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