Política

Interventor diz que quebra de confiança motivou intervenção na segurança do Distrito Federal

Marcelo Camargo/Agência Brasil
Rodrigo Cappelli foi nomeado interventor federal  |   Bnews - Divulgação Marcelo Camargo/Agência Brasil

Publicado em 31/01/2023, às 20h06   Redação BNews e Agência Brasil


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A intervenção federal na segurança pública do Distrito Federal chega ao fim nesta terça-feira (31). O secretário-executivo do Ministério da Justiça e Segurança Pública nomeado interventor federal, Ricardo Cappelli, após 24 dias à frente das forças distritais de segurança fez um balanço das ações adotadas.

Em entrevista à Agência Brasil e à Rádio Nacional, Cappelli comenta algumas das principais conclusões do relatório que entregou ao Supremo Tribunal Federal (STF) na última sexta-feira (27), quando destacou que a entrega do documento não era “um ponto de chegada, mas sim um "ponto de partida” para subsidiar a continuidade das investigações sobre os ataques ao Palácio do Planalto, ao Congresso Nacional e à sede do Supremo Tribunal Federal (STF), ocorridos em 8 de janeiro.

O interventor destacou o que classifica como “falhas operacionais” no esquema de segurança montado e a dizer que o acampamento montado em frente ao Quartel-General do Exército, em Brasília, havia se tornado uma “incubadora de planos contra a democracia brasileira”.

Ele também falou sobre a relação entre a equipe de intervenção com os militares nesse período. "Tive uma relação muito curta com o Exército ainda no dia 8 e também no dia 9. Foi uma relação muito produtiva. Conseguimos desmontar o acampamento no dia 9, pela manhã, sem nenhum incidente. E isso só foi possível graças ao empenho e a colaboração do Exército brasileiro. Já com relação a PM, é importante destacar que, desde o início, contei com o apoio integral da corporação, que colaborou para que chegássemos ao fim desta intervenção com as forças estabilizadas e a disciplina e a hierarquia absolutamente restabelecidas. Não podemos confundir a eventual atitude inadequada de alguns com as instituições. Por isso, a corregedoria da Polícia Militar do Distrito Federal, por orientação nossa, abriu seis inquéritos policiais militares para apurar condutas inadequadas de policiais militares no dia 8. Ao mesmo tempo, instauramos uma comissão para conceder a medalha Cruz de Honra aos 44 policiais militares feridos em combate, defendendo a democracia. Fazer justiça é isso: equilíbrio, proporcionalidade e individualizar as condutas, não as generalizando para as instituições".

Cappelli foi questionado sobre o relatório dos ataques, que apontaram que, desde o fim de 2022, ocorreram algumas ações planejadas para desmobilizar o acampamento, mas que estas iniciativas foram “canceladas por fatores alheios às forças de segurança do Distrito Federal”.

"Nas três vezes em que se tentou intervir [no acampamento], o Exército sempre ponderou, alegando falta de condições de segurança e a possibilidade de haver algum conflito. Considerando as ponderações do Exército, a Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal adiou as operações".

Ainda sobre os relatórios, o interventor foi perguntado se era possível falar de omissão ou sabotagem por parte das autoridades responsáveis. "Foi entregue ao gabinete do senhor Anderson Torres, então secretário de segurança pública do Distrito Federal, um relatório da Subsecretaria de Inteligência da própria pasta, deixando claro que existia o risco de invasão do Congresso Nacional e de prédios públicos. Essa era uma informação grave e que não gerou desdobramento operacional condizente com a gravidade da situação. O que vimos no dia 8 foi uma operação de segurança mambembe que descumpriu o padrão operacional que costuma ser adotado pela corporação. O senhor Anderson Torres assumiu no dia 2 e, no mesmo dia, ele começa a desmontar o núcleo da Secretaria de Segurança Pública, gerando uma grande instabilidade. Ele faz isso, viaja e quando o relatório é encaminhado ao seu gabinete ele sequer estava no Brasil. Ele estava viajando, sendo que as férias dele só começavam no dia 9 e, portanto, ele ainda era secretário distrital de segurança. É uma sucessão de coincidências que acabam com o desastre do dia 8? Sinceramente, não me parece".

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