Justiça
Publicado em 01/09/2020, às 13h57 Redação BNews
A Força-tarefa da Lava Jato no Paraná confirmou, nesta terça-feira (1º), a saída do procurador da República Deltan Dallagnol do comando da Lava Jato. Dallagnol comandou a força-tarefa por seis anos e decidiu pelo desligamento do cargo "para se dedicar a questões de saúde em sua família".
"Por todo esse período, enquanto Coordenador dos trabalhos, Deltan desempenhou com retidão, denodo, esmero e abnegação suas funções, reunindo raras qualidades técnicas e pessoais. A liderança exercida foi fundamental para todos os resultados que a operação Lava Jato alcançou, e os valores que inspirou certamente continuarão a nortear a atuação dos demais membros da força-tarefa, que prosseguem no caso", afirmou o Ministério Público Federal no Paraná (MPF).
Com a saída de Dallagnol, o procurador da República Alessandro José Fernandes de Oliveira assumirá as funções exercidas pelo antigo coordenador. O MPF informou que Dallagnol solicitou um período de 15 dias para auxiliar na transição e que o procurador deve assumir a função de Oliveira.
"Os integrantes da força-tarefa da Lava Jato no Paraná agradecem Deltan Dallagnol pela imensa contribuição prestada ao combate à corrupção e se solidarizam com o seu momento pessoal, ao tempo em que expressam apoio e confiança a Alessandro Oliveira. Os trabalhos na força-tarefa prosseguirão da mesma forma como nos últimos anos", destacou o MPF em nota.
Em vídeo divulgado em seu Twitter, o procurador da República confirmou sua saída do comando da Lava Jato. Além disso, Dallagnol afirmou que a operação "vai continuar firme, tem muito a fazer e precisa de suporte".
“Depois de anos de dedicação intensa à Lava Jato eu acredito que agora é hora de eu me dedicar, de modo especial para a minha família. Vou continuar trabalhando como procurador, mas aquelas horas extras que investi em noites, finais de semana e feriados eu vou precisar agora focar na minha família”, afirmou.
Sim, é verdade que estou de saída da coordenação da Lava Jato. É uma decisão difícil, mas o certo a fazer por minha família. Continuarei a lutar contra a corrupção como procurador e como cidadão. A Lava Jato tem muito a fazer e precisa do seu e meu apoio.https://t.co/IInBrHL38U
— Deltan Dallagnol (@deltanmd) September 1, 2020
Dallagnol e a Lava Jato
O procurador da República Deltan Dallagnol, ex-coordenador da Operação Lava Jato, tem dois processos disciplinares aberto contra ele no Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) e que estão suspensos por decisão do ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Nesta segunda-feira (31), a Advocacia-Geral da União (AGU) defendeu a reabertura do processo pelo risco de prescrição no CNMP. O processo discute se o ex-coordenador da Operação teria cometido uma infração disciplinar por uma suposta interferência na disputa à presidência do Senado com postagens contra o senador Renan Calheiros (MDB-AL).
O processo foi suspenso pelo decano do STF, ministro Celso de Mello, que entendeu que existiam problemas na tramitação do processo e ressaltou a liberdade de expressão.
Além deste processo, Dallagnol também é alvo de um pedido de remoção apresentado pela senadora Kátia Abreu (PP-TO). A senadora argumenta dos processos disciplinares contra o ex-coordenador da Lava Jato e de palestras remuneradas dadas.
Caso do PowerPoint
O CNMP arquivou um pedido da defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) contra Dallagnol e mais dois procuradores da Lava Jato que denunciaram o ex-presidente e fizeram uma apresentação em PowerPoint para explicação e exibição.
A defesa do petista argumenta que os procuradores buscavam promover um julgamento midiático com a exibição durante entrevista coletiva à imprensa, que aconteceu em setembro de 2016.
O Conselho arquivou o processo por entender que já havia prescrevido. Antes da decisão, o julgamento foi adiado 41 vezes no CNMP.
Vaza Jato
O site The Intercept Brasil revelou, no ano passado, uma série de mensagens entre o ex-juiz federal e ministro da Justiça, Sérgio Moro , e Deltan Dallagnol dizendo que os dois trocavam informações sobre operações.
De acordo com o site, Moro teria orientado os procuradores e cobrado por novas operações. "Não é muito tempo sem operação?", teria questionado Moro. Em resposta, Deltan concorda com o ex-juiz e afirma "é, sim".
Leia nota divulgada no íntegra:
"Após 6 anos à frente da Lava Jato no Paraná, o procurador da República Deltan Dallagnol está se desligando da força-tarefa para se dedicar a questões de saúde em sua família. Por todo esse período, enquanto Coordenador dos trabalhos, Deltan desempenhou com retidão, denodo, esmero e abnegação suas funções, reunindo raras qualidades técnicas e pessoais. A liderança exercida foi fundamental para todos os resultados que a operação Lava Jato alcançou, e os valores que inspirou certamente continuarão a nortear a atuação dos demais membros da força-tarefa, que prosseguem no caso.
Com a saída anunciada, o procurador da República no Paraná Alessandro José Fernandes de Oliveira deve assumir as funções antes exercidas por Deltan Dallganol, passando a titularizar, por meio de permuta, o ofício a que distribuídas investigações da Lava Jato no Paraná. Alessandro, com reconhecida experiência no combate ao crime organizado, é membro com maior antiguidade na Procuradoria da República do Paraná a manifestar interesse e disponibilidade para coordenar os trabalhos no ofício a que vinculado o caso. Com a troca, Deltan, que solicitou um período de 15 dias para auxiliar na transição, deve assumir o ofício de Alessandro.
Os integrantes da força-tarefa da Lava Jato no Paraná agradecem Deltan Dallagnol pela imensa contribuição prestada ao combate à corrupção e se solidarizam com o seu momento pessoal, ao tempo em que expressam apoio e confiança a Alessandro Oliveira. Os trabalhos na força-tarefa prosseguirão da mesma forma como nos últimos anos."
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