Política

Ministra do Turismo do governo Lula fez campanha com miliciano condenado por homicídio; entenda

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Daniela Pereira já apareceu em foto fazendo campanha lado a lado com um miliciano condenado  |   Bnews - Divulgação Reprodução

Publicado em 03/01/2023, às 14h25   Cadastrado por Téo Mazzoni



A nova ministra do Turismo do Governo Lula, Daniela Carneiro, que tomou posse na última segunda-feira (3), já apareceu em foto fazendo campanha lado a lado com um miliciano condenado a 22 anos  por homicídio. 

Em 2018, Juracy Alves Prudêncio, o Jura, apareceu em fotos entregando santinhos ao lado de Daniela numa passeata na Baixada Fluminense. No período, Jura estava em regime semiaberto, conseguiu autorização da Justiça para sair da cadeia para trabalhar e ganhou o cargo de Diretor do Departamento de Ordem Urbana na Prefeitura de Belford Roxo, comandada pelo marido de Daniela, Wagner dos Santos Carneiro, o Waguinho. Na mesma época, Daniela conseguiu ser eleita deputada federal. 

Em nota, a ministra afirmou que "apoio político não significa que ela compactue com qualquer apoiador que porventura tenha cometido algum ato ilícito".

Fotos em outros momentos também mostraram a ministra, o marido e o miliciano juntos mais uma vez. Segundo as sentenças que condenaram o ex-sargento da PM entre 2010 e 2014, Prudêncio era chefe do Bonde do Jura, uma milícia acusada de uma série de homicídios na Baixada Fluminense. 

Ele está preso desde 2009, quando foi o principal alvo da Operação Descarrilamento, da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco), que levou para trás das grades nove PMs acusados de integrar a milícia que ele chefiava.

O Extra revelou no ano de 2020 que o miliciano ganhou um cargo na prefeitura de Belford Roxo, o que acarretou em sua exoneração. Logo em seguida, uma investigação determinada pela Vara de Execuções Penais descobriu que ele saía da cadeia, mas não comparecia na prefeitura e, mesmo assim, "lhe eram atribuídas as horas trabalhadas". 

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Na época, a prefeitura afirmou que Jura "nunca tomou posse" e que o município "nunca pagou salários" a ele: segundo o órgão, o ex-PM cumpria "voluntariamente expediente na parte administrativa atendendo às demandas do órgão". Após o caso vir à tona, Prudêncio não conseguiu mais autorização para sair da cadeia.

Jura também foi citado no relatório final da CPI das Milícias, presidida por Marcelo Freixo, até então deputado estadual, que será subordinado a Daniela no novo governo, já que foi anunciado pela ministra como presidente da Embratur. O documento já apontava que o bando liderado pelo ex-PM "era formado por 70 pessoas, incluindo policiais militares". Ameaças feitas pela milícia levaram à transferência de seis policiais e até do delegado da 56ª DP (Comendador Soares), que investigava o bando. Uma policial foi afastada do trabalho após ser diagnosticada com síndrome do pânico.

Procurado, o advogado de Prudêncio, Luan Palmeira afirmou que não tem "autorização dele nem da família para falar sobre o processo". Palmeira pediu para conversar com seu cliente antes de dar qualquer declaração sobre a relação dele com Waguinho e Daniela. A ministra afirmou, por meio de nota enviada por sua assessoria, que "apoio político não significa que ela compactue com qualquer apoiador que porventura tenha cometido algum ato ilícito". Segundo o texto, "compete à justiça julgar quem comete possíveis crimes". Ela também afirma que "não tem nenhuma ingerência" sobre as nomeações na Prefeitura de Belford Roxo.

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