Política

Ex-marqueteiro do PT revela o que levou a derrota de Ciro nas eleições à Presidência em 2022; confira

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João Santana, que trabalhou nas campanhas de Lula e Dilma, foi preso pela Lava Jato  |   Bnews - Divulgação Reprodução/Tv Cultura
Bernardo Rego

por Bernardo Rego

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Publicado em 20/05/2023, às 12h57


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O marqueteiro João Santana, de 70 anos, que atuou nas campanhas de Lula e Dilma, ficou mais reservado no momento em que cuidava da campanha de Ciro Gomes (PDT) à Presidência em 2022, destoando da exposição que tinha no passado. Ele acabou sendo preso junto a esposa e sócia, Mônica Moura, na Operação Lava Jato.


Em entrevista à Folha de São Paulo, na última quarta-feira (17), ele fez um balanço da eleição do ano passado —que lhe rendeu uma amizade íntima com Ciro— além de comentar sobre a comunicação do atual governo e o legado de Jair Bolsonaro (PL).


"O melhor que a esquerda pode fazer por Lula é criticá-lo", disse Santana, que se identifica com esse campo ideológico e afirma que é um erro deixar o bolsonarismo monopolizar a crítica ao presidente.
Condenados por lavagem de dinheiro de caixa dois, ele e a esposa fecharam acordo de delação premiada em 2017. Devolveram cerca de R$ 80 milhões, cumpriram penas nos regimes fechado e semiaberto, usaram tornozeleira e ainda prestam serviços comunitários.


O marqueteiro se recusa a citar nomes por não ter provas, mas diz suspeitar da prática de caixa dois por outras campanhas em 2022. "Você desenvolve o olfato e percebe algumas movimentações."


Santana comentou a derrota de Ciro para a corrida presidencial. Segundo ele, foram vários os fatores. “Na vida, como na política, algumas derrotas são inevitáveis. O importante é a forma de encará-las. Sem demérito de ninguém, nunca tive um candidato no nível de Ciro, mas ao mesmo tempo nunca vivi uma campanha com tantos impedimentos políticos, técnicos e conjunturais, escassez de meios e tantas dificuldades estratégicas e táticas”, pontuou.


“A eleição de 2022 é definida, com razão, como a eleição do ódio e do medo, mas acho que foi principalmente a eleição da covardia. Para muitas camadas da população, e infelizmente grande parte delas propensas a votar no Ciro, predominou do ponto de vista psicológico uma covardia”, acrescentou.
O marketeiro também falou sobre se os ataques a Lula eram fruto da soma das mágoas dele e de Ciro. “Quando eu ouvia isso, a vontade que tinha era de dar risada. O Ciro pode ter mágoas por ele, mas o sentimento político era mais forte do que qualquer mágoa de natureza pessoal.


Não tenho mágoa do Lula. Tenho admiração e carinho pela Dilma, mas, que ela poderia ter atuado de forma mais carinhosa pessoalmente, não anti-institucional, durante a tragédia que eu e Mônica vivemos, isso poderia”, salientou.


Santana aproveitou para comentar as críticas que o atual governo vem fazendo ao Banco Central. “É duplamente acertada. Do ponto de vista filosófico, é correta porque autonomia do BC num país como o Brasil não tem muito sentido da forma como foi implantada. E, do ponto de vista tático, ele criou um ponto de combate interessante. Essa tática de criar inimigos para dispersar algumas atenções é importante. Qualquer governo faz isso. O que pode é também, de vez em quando, dosar a ação retórica e produzir ações mais concretas”, disse.


Ele deu um palpite para as próximas eleições municipais. “É uma incógnita. Antes de 2024, não dá para prever nada. Vamos ter as eleições municipais mais importantes desde 1985. Contrariando a tradição, elas serão extremamente nacionalizadas e essa coisa da bipolaridade vai estar muito presente”, concluiu.

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