Política

Presidente da Câmara de Mangabeira revela reunião com Araújo e rebate Otto

Publicado em 21/02/2016, às 15h13   Rodrigo Daniel Silva (@rodansilva)


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O presidente da Câmara de Governador Mangabeira, no Recôncavo baiano, vereador Edgar Henrique (PEN), teve um encontro com os deputados federais José Carlos Araújo e Paulo Magalhães, ambos do PSD, após a denúncia sobre um suposto esquema de corrupção na região, conforme revelou o edil ao Bocão News neste domingo (21).
De acordo com o vereador, que é pré-candidato à prefeitura do município, a reunião aconteceu na última sexta-feira (17), no escritório do deputado Paulo Magalhães, no Centro Empresarial Iguatemi, em Salvador.
“[José Carlos Araújo] Me deixou claro que em nada colaborou para a ida dos Pedreiras [Marcelo e Milton, apontados como os operadores do suposto esquema] para São Francisco do Conde. Assim como eu, é também de interesses dele [José Carlos Araújo], que a Polícia Federal e o Ministério Público apurem as denúncias e ponham os culpados na cadeia”, afirmou. 
O presidente da Câmara contou ainda que o deputado José Carlos Araújo jurou de “pés juntos” inocência. “Deixei cópia da denúncia com ele. Ele me pediu que fizesse uma declaração de que desde 2008 não faz política em [Governador] Mangabeira. Assessores deram a entender que o medo dele [José Carlos Araújo] é que o regimento do Conselho de Ética não tolera o nome de seu presidente envolvido em qualquer situação de corrupção, ainda que seja suposição. O percebi muito tenso, mas tentado disfarçar a tensão e buscando ser simpático.”, disse Edgar Henrique.
O deputado José Carlos Araújo atualmente preside o Conselho de Ética da Câmara, que analisa o pedido de cassação do mandato do presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB). Ao Bocão News, o vereador Edgar Henrique disse também que Araújo confirmou ter levado o advogado Milton Pedreira e o procurador jurídico de São Francisco de Mangabeira Marcelo Pedreira para a prefeitura de Candeias, na época administrada por Tonha Magalhães. “E disse que a filha dele foi estagiária no escritório de Milton Pedreira e não sócia. Mas confirmou que continua muito amigo de Milton e Marcelo”, declarou. 
Segundo o presidente da Câmara, o deputado Paulo Magalhães foi o responsável por intermediar o encontro. “Eu apoiei Paulo [Magalhães] aqui em Mangabeira [nas eleições] 2014 para deputado federal e agora ele apoia minha pré-candidatura a prefeito. Ao final da reunião José Carlos Araújo agradeceu a Paulo por ter intermediado a reunião”, relatou. 
Rebate
Em nota enviada ao Bocão News, o presidente da Câmara de Mangabeira rebateu a declaração do senador Otto Alencar, que o chamou de “leviano” ao entregar à imprensa documentos sobre o suposto esquema. “Eu, pessoalmente, não vinculei em qualquer tipo de denúncia o nome do deputado José Carlos Araújo. Eu apenas repassei para o conhecimento da imprensa [...].  Por este motivo, reputo como precipitada e descabida a acusação de leviano, feita à minha pessoa pelo senador Oto Alencar. Talvez agora, tendo maiores detalhes sobre o modo como se deu a denúncia e sua publicização, o senador passe a ter mais tranquilidade na formação de suas convicções sobre o caso”, disse na nota. 
Entenda o caso
Um suposto esquema de corrupção envolvendo políticos do Recôncavo baiano denunciado à Polícia Federal e ao Ministério Público na Bahia cita o deputado federal José Carlos Araújo. A denúncia foi feita por um membro do Grupo de Combate à Corrupção no Município de Governador Mangabeira, identificado como Luciano Reis Santana, e entregue a reportagem do Bocão News pelo presidente da Câmara de Vereadores da cidade, Edgar Henrique.
Conforme mostra a denúncia, os suspeitos teriam arquitetado um esquema para desviar cerca de R$ 300 mil mensais, e, ao todo, R$ 10 milhões, dos cofres públicos do município de São Francisco do Conde. O suposto ato tem como objetivo, segundo os acusadores, financiar futuras campanhas políticas do presidente e do atual procurador jurídico da Câmara de São Francisco do Conde, Robson Gomes Portugal (PP), e Marcelo Pedreira, ao cargo de prefeitos de S.F. do Conde e Governador Mangabeira, respectivamente.
O líder da oposição na Câmara de Mangabeira, Albano Fonseca (PDT), também participaria do suposto esquema e seria cotado para o cargo de vice-prefeito na cidade na chapa com Marcelo Pedreira.
Ainda conforme a denúncia, o procurador e o líder da oposição indicariam aliados políticos de Governador Mangabeira para atuar como funcionários “laranjas e fantasmas” na folha de pagamento da Prefeitura e da Câmara de Vereadores de São Francisco do Conde. Eles ainda disponibilizam “empresas de familiares e amigos” para desviar dinheiro público do município. Os funcionários “laranjas” recebiam altos salários que eram repassados, em sua maioria, para Marcelo Pedreira.
O valor era dividido entre o procurador, Albano, e o prefeito e o presidente do Legislativo Municipal de Conde. O  prefeito da cidade é Evandro Santos Almeida (PP), que assumiu após a então prefeita Rilza Valentim morrer, em julho de 2014, vítima de uma embolia pulmonar decorrente de uma anemia falciforme.
A denúncia informa ainda que o suposto esquema de corrupção teria começado com o advogado Milton de Cerqueira Pedreira, que é tio do procurador Marcelo Pedreira, e foi indicado pelo deputado José Carlos Araújo. Segundo a acusação, Marcelo e Milton foram sócios da filha do deputado, num escritório de advocacia e parte dos recursos desviados pela suposta quadrilha foram para financiar a campanha de José Carlos Araújo.
Outro lado
Em entrevista ao Bocão News, o deputado federal José Carlos Araújo negou que tivesse indicado Milton Pedreira e acusou o vice-governador da Bahia, João Leão (PP). “Nunca fiz política em São Francisco do Conde, nem nunca subi em um palanque neste município. Acredito que quem levou Milton Pedreira tenha sido João Leão. Estão trocando as bolas. Não tenho nada a ver com isso. Milton é ligado ao PP, de Mario Negromonte e João Leão”, disse o parlamentar, ressaltando, porém, que é amigo de Milton Pedreira há 10 anos. 
“Fui votado lá em 1992, mas depois houve um afastamento. Estamos afastados entre 8 e 10 anos, sem nenhuma relação política desde então. Hoje ele é advogado do PP. A última vez que vi foi há oito meses. Nos encontramos enquanto almoçávamos no Salvador Shopping. Quem fazia política e era ligado à prefeita que morreu era João Leão. Acredito que tenha sido por João Leão que levou Nilton Pedreiras para lá”, acrescentou.
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