Política

Desfecho do pedido de impeachment de Dilma sinalizará futuro do governo da Bahia

Publicado em 12/04/2016, às 13h17   Rodrigo Daniel Silva (@rodansilva)


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Foi nos idos de 1958 que os baianos elegeram pela última um governador sem o aval do governo federal. Naquele tempo, o general cearense Juracy Magalhães venceu o candidato governista José de Freitas, que tinha o apoio do então governador Antônio Balbino e do presidente Juscelino Kubitschek. De lá para cá, nunca mais a história baiana registrou uma vitória de oposicionistas para o governo. Essa é análise do cientista político e professor da Universidade Federal da Bahia (Ufba), Paulo Fábio Dantas Neto. 
Quatros anos depois da vitória de Juracy Magalhães, iniciava-se na Bahia uma trajetória de conquistas governistas. Em 1962, última eleição direta antes da ditadura militar, Lomanto Júnior, com apoio do governo federal, chega ao Palácio da Aclamação (então residência oficial do governador) vencendo o candidato oposicionista Waldir Pires, hoje vereador petista da capital baiana. 
Por imposição dos militares, a Bahia, como os demais estados, ficou 20 anos sem eleição direta. Somente em 1982 quando os ventos da democracia varreram o autoritarismo no país, voltamos a ter um pleito com participação popular. E, mais uma vez, naquele ano, um governista venceu. Apoiado pelo então governador Antônio Carlos Magalhães e pelo presidente João Figueiredo, o então deputado federal João Durval, que substituiu Clériston Andrade (que morreu naquele ano após um acidente de helicóptero), venceu o pleito. 
Em 1986, Waldir Pires enfim conquista o governo. O hoje petista estava no PMDB naquela época, partido que comandava o país com José Sarney na presidência. Com a chegada de Fernando Collor ao Palácio do Planalto, em 1990, o carlismo retorna ao poder na Bahia. E, novamente, a força do governo federal volta a pesar no pleito baiano. ACM, apoiado por Collor, é eleito governador.
Na eleição de 1994, 1998 e 2002, o carlismo prossegue reinando na Bahia escorado no governo federal. Nestes anos, Paulo Souto e César Borges são eleitos governadores com ajuda do então presidente Fernando Henrique Cardoso. Mas, a chegada do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao Palácio do Planalto encerrou a Era Carlista. Em 2006, o hoje chefe de gabinete, Jaques Wagner, é eleito para gerir a Bahia. A reeleição de Lula e a eleição de Dilma, em 2010, dão prosseguimento a Era Petista no estado. 
É diante deste quadro pintado pelo cientista político Paulo Fábio Dantas Neto, que é possível desenhar como serão as eleições de 2018. De novo, o governo federal deve pesar. Por isso, o desfecho do pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT) tende a sinalizar como será o pleito.
“Se o governo Dilma se salvar do impeachment, a chance do governador Rui Costa ser reeleito aumenta muito. Se ocorrer o impeachment, diminui fortemente. Agora, tradição está aí para ser quebrada, não é?”, analisa cientista político.
O governador Rui Costa parece saber que seu futuro depende do presente de Dilma. O gestor estadual que antes evitou entrar na briga para defender o governo federal, agora decidiu ir a campo. No final de março, se reuniu com deputados federais baianos  para agrupar os parlamentares em favor da petista. 
Nesta segunda-feira (11), fez questão de dizer da convicção dele de que impeachment não passará no Plenário da Câmara. “Graças a Deus, o golpe não passará e o povo brasileiro já disse isso", afirmou citando pesquisa Datafolha, que mostrou, na avaliação dele, que “o grau de confiança em quem está conduzindo o golpe é de apenas 1%”. 

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