Veio à tona, nesta segunda (1), uma resolução da executiva municipal do PSOL em que é questionado o ingresso de Rose Bassuma no partido. A filiação foi anunciada com
“pompa e confete” no início do mês. Mas, de acordo com o documento enviado à redação do
Bocão News, o processo não seguiu os tramites estabelecidos no estatuto da legenda.
Além disso, a executiva também põe em xeque o caráter ideológico de Rose, descrita como pessoa que coloca questões pessoais acima dos interesses coletivos. “Existe muita pressão política por parte do grupo ao qual ela faz parte. Esse é um comportamento que não é digno. Na verdade, a imposição é um desrespeito ao partido”, destacou Carlos Patrocínio, membro do diretório da capital.
Agora, a decisão final está nas mãos da executiva nacional do Partido Socialismo e Liberdade, que vai se pronunciar na próxima reunião do grupo. O encontro ainda não tem data definida, mas deve acontecer dentro de pouco tempo.
Confira a resolução na íntegraA filiação de personalidades, dirigentes partidários, lideranças políticas necessitam passar por um processo de discussão interna ao partido e que esta deve ser submetida para aprovação no diretório constituído no âmbito do domicílio eleitoral do pretenso filiado e respectivamente ao Diretório Estadual e Nacional do partido;
O pedido de filiação de Rose Bassuma não obedeceu aos transmites democráticos internos ao partido. A filiação, foi realizada de forma aleatória, não consta na lista do TSE, não sendo informada a nenhuma instância partidária. E que antes de qualquer discussão nos fóruns do PSOL, houve um ato público de “boas vindas” com o total desconhecimento do Partido;
Rose Bassuma foi 1ª Suplente de vereadora pelo PT (Partido dos Trabalhadores) e foi candidata prioritária a deputada federal na chapa do PV (Partido Verde) nas eleições de 2010, a pretensa filiada se enquadra na condição de ex-liderança pública deste partido no Estado da Bahia e em âmbito nacional, sua suposta filiação deveria passar obrigatoriamente pelas instâncias partidárias;
A sua militância pautada em consonância com o movimento nacional “pró-vida”, desenvolve campanha nacional contra a legalização do aborto foi o que evidenciou a sua incompatibilidade com os diversos partidos aos quais fora filiada. Demonstrando que as suas posições pessoais se sobre-põe as decisões coletivas;
Que nas eleições de 2010 a pretensa filiada foi financiada por um dos principais articuladores e financiadores do movimento “pró-vida”, atendido pelo nome Luis Grangeiro, também conhecido por Girão, demonstrando uma articulação nacional com este movimento de base religiosa conservadora;
Ainda durante a campanha de 2010 a pretensa filiada tinha como base do seu jingle a simbologia e a principal bandeira política do movimento pró-vida, justificando a criminalização das mulheres que praticam o aborto;
O seu grupo político através do seu líder, Luis Bassuma, ex-candidato a governador na Bahia pelo PV declarou apoio ao ex-candidato a presidente da república José Serra (PSDB), e no mesmo pleito o então candidato teve como um dos seus pretendentes ao senado o ex-deputado federal José Carlos Aleluia (DEM), além do fato de ter mantido relações amistosas com Paulo Souto (DEM), durante a campanha inclusive realizando “dobradinhas” durante os debates nas eleições sem que a Rose Bassuma fizesse nenhuma oposição pública a esta decisão;
Por fim, a trajetória de militância e seu posicionamento político público reflete uma opinião ideológica afinada com o grupo do qual Luis Carlos Bassuma é considerado o principal expoente aqui na Bahia e os indicadores encontrados nas mídias evidenciam nitidamente uma sintonia daquela com o mesmo;
A Executiva Municipal do Partido Socialismo e Liberdade se posiciona contra a filiação de Rose Bassuma ou de qualquer outro membro do seu grupo, encaminha para o Diretório Nacional a reconsideração da resolução tirada na última reunião do Diretório Estadual da Bahia, e solicita com urgência um ponto final para questão.
Nos bastidores, a informação é de que por trás do questionamento está uma briga interna pelo comando do partido entre as tendências Movimento de Esquerda Socialista (MES) e Ação Popular Socialista (APS). A reportagem tentou contato com Rose Bassuma, mas não obteve sucesso.
