Política

Leal acelera articulações e quer derrubar PEC que impede reeleição à presidência da AL-BA ainda durante a pandemia

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Manobra contraria acordo selado pelo governador que coloca Adolfo Menezes no cargo a partir de 2021   |   Bnews - Divulgação Vagner Souza / BNews

Publicado em 27/07/2020, às 23h47   Eliezer Santos


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Uma articulação discreta, mas acelerada, tenta viabilizar condição para derrubar a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que impede a reeleição à presidência da Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA). Fontes internas revelaram à reportagem que a ideia do pequeno grupo que defende a tese e do próprio presidente Nelson Leal (PP) é tentar aprovar o texto ainda durante a pandemia do novo coronavírus, quando as atenções da imprensa e da sociedade estão majoritariamente dedicadas às questões de saúde.

O assunto ganhou força nos últimos dias depois da manifestação de deputados ao BNews externando serem contrários à manobra para a continuidade do mandato presidencial. 

Robinson Almeida (PT), vice-líder de governo, disse que a prática poderia criar um "monopólio de poder", um filme já visto na AL-BA, durante os dez anos ininterruptos de Marcelo Nilo, hoje deputado federal pelo PSB. A declaração circulou nos corredores da AL-BA como uma sinalização de que os petistas não devem apoiar a tentativa de Leal.  

Marquinho Viana (PSB) também se manifestou contrário e disse ver a articulação como um “retrocesso”. A tendência, segundo apurou a reportagem, é que a bancada do PSB também feche questão nessa direção. 

O próximo ocupante da cadeira presidencial foi definido em 2018, antes mesmo que Leal assumisse oficialmente o posto. Um acordo selado com as digitais do governador Rui Costa (PT) deliberou um rodízio na presidência da Casa, o que fez com que Adolfo Menezes, postulante do PSD à época, retirasse a candidatura com a garantia de ter o apoio integral da base governista para comandar a Casa a partir de 2021. 

Adolfo, a propósito, é autor da PEC pelo fim da reeleição aprovada no dia 5 de abril de 2017 de forma unânime pelos 47 deputados que participaram daquela sessão. Para reverter a decisão serão necessários votos abertos de 3/5 da Casa. “São os mesmos [deputados] que votaram contra a reeleição há três anos. Qual seria a justificativa agora?", indagou Menezes, em recente entrevista ao BNews.   

Assim como fez em 2018, Leal tem cortejado a bancada de oposição para acrescer 18 votos às contas que tem feito com interlocutores. Entre os governistas, ele já adiantou conversas para ter apoio da bancada do PCdoB. Em troca, o PP apoia a pré-candidatura de Olívia Santana à prefeitura de Salvador.

Como não tem votos para decidir sozinha o jogo eleitoral da Casa, a oposição só deve se manifestar no final do ano, quando terá um horizonte mais claro sobre o futuro presidente. A minoria conseguiu negociar com Angelo Coronel em 2017, e renovou com Nelson Leal, o passe para gerenciar os cargos da Fundação Paulo Jackson, que cuida da TV AL-BA, e vai se mover para não perder a fatia.  

Ainda é uma incógnita a posição do governador Rui Costa sobre as articulações de Leal para reeleição, mas interlocutores sugerem que ele, pelo perfil pragmático, manterá o que foi combinado. Outros detalham que Rui ainda não digeriu o movimento feito isoladamente pelo PP em 2018 que colocou Leal à frente dos demais postulantes governistas. Na época Rui estava em missão internacional e quando retornou só lhe restou a função diplomática de contornar a disputa interna, alocando Alex Lima (PSB) na vice, Rosemberg Pinto PT) na liderança de governo e postergando por dois anos a vez de Adolfo Menezes.

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