Política

Relatório da PF indica como Rivaldo Barbosa atrapalhou as investigações do caso Marielle Franco; saiba detalhes

Fernando Frazão / Agência Brasil
Mudança de comando, ocultação de provas e muitas outras ações foram observadas pela PF  |   Bnews - Divulgação Fernando Frazão / Agência Brasil
Tácio Caldas

por Tácio Caldas

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Publicado em 25/03/2024, às 06h58 - Atualizado às 07h03


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Um relatório da Polícia Federal (PF) aponta que Rivaldo Barbosa, suspeito de planejar o crime contra Marielle Franco (PSOL), atrapalhou as investigações do caso. De acordo com o documento muita coisa aconteceu com o intuito de dificultar a solução do caso que vitimou a ex-vereadora e o seu motorista Anderson Gomes, em 2018. Essas informações foram divulgadas pela PF no último domingo (24).

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ENTENDA

Rivaldo Barbosa, então chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro (PC-RJ), nomeou o seu sucessor para a Delegacia de Homicídios da Capital um dia após a morte de Marielle Franco. O escolhido foi Giniton Lages, que era uma pessoa da confiança de Barbosa, e ficou responsável pela investigação do crime. De acordo com a Polícia Federal, foi a partir desse momento que tudo começou a ser organizado para garantir a impunidade dos autores do crime contra a ex-vereadora e seu motorista.

TENTOU ATRAPALHAR

O relatório da PF indica que, como sobredito, foi a partir desse momento que as ações de obstrução começaram a serem feitas. Segundo os agentes da Polícia Federal, essas ações visando atrapalhar a conclusão correta do caso se iniciou nos "meses iniciais de investigação". Esse período foi escolhido justamente por ser quando o "ambiente probatório se apresentava altamente favorável para a colheita de elementos de convicção".

Por conta disso, a Delegacia de Homicídios seguiu por um caminho calcado em premissas "movediças" e que não levariam ao final do caso concreto. A delegacia teria movido todo o aparato estatal e supostamente atribuido falsamente o crime para pessoas que não tinham nada a ver com o caso. Além disso, teriam promovido também o desaparecimento de algumas evidências e negligenciado na colheitas de provas objetivas, entre outras coisas necessárias para a correta elucidação do caso.

INTENÇÃO

De acordo com documentos da PF e da Procuradoria-Geral da República (PGR) houve uma ocultação de provas, criação de uma "cortina de fumaça", falhas na investigação, falsa testemunha e, inclusive, uma "sabotagem do trabalho apuratório". Além disso, havia a intenção de tirar a própria polícia e outros órgãos federais da jogada, com o intuito de evitar que o caso saisse do controle dos envolvidos.

No relatório da PF diz que Rivaldo Barbosa teria exigido que a investigação do crime contra a ex-vereadora não partisse da Câmara Municipal do Rio de Janeiro (CMRJ). Já na chefia de Giniton, os investigadores alegaram ter tido problemas para obter imagens. Essas imagens teriam a capacidade de trazer luz ao caso, já que seria possível observar o caminho do veículo, o que facilitaria refazer o trajeto e chegar aos executores.

PARECER DA PGR E DA PF

De acordo com a PGR, a polícia teria dado uma "justificativa esfarrapada" para não conseguir acesso às imagens do Centro de Convenções Sulamérica e outros locais próximos ao Quebra-Mar. Em ambos os casos, os investigadores à época do caso alegaram um "defeito de codec" - defeito que não permite a execução de um vídeo -.

Já de acordo com a PF, um dos agentes envolvidos na investigação chegou a ir ao Centro de Convenções Sulamérica. O problema é que ele não possuia um pedido formal para obtenção das imagens. Devido a isso, o polícia fez apenas algumas fotos e gravou monitores, mas nada passou a constar no processo. Para a Polícia Federal, "isso foi determinante para que a investigação do crime se estendesse desnecessariamente ou, até mesmo fosse, inviabilizada".

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