Política

Revista Veja expõe mensagens sobre tentativa de golpe de Bolsonaro; confira

Reprodução
As mensagens foram enviadas pelo ex-deputado Daniel Silveira  |   Bnews - Divulgação Reprodução

Publicado em 02/02/2023, às 16h14   Cadastrado por Edvaldo Sales


FacebookTwitterWhatsApp

Em uma publicação feita nesta quinta-feira (2), a Revista Veja expôs mensagens trocadas entre o ex-deputado Daniel Silveira (PTB-RJ) e o senador Marcos do Val (Podemos-ES) que confirmam a tentativa de uma ação desesperada por parte do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) que tinha três objetivos: prender o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e anular as eleições.

No dia 9 de dezembro, Bolsonaro quebrou o silêncio e falou pela primeira após a derrota para o petista. Logo depois pronunciamento do cercadinho, ele participou de uma reunião na qual revelou, segundo a reportagem, o plano. O que ele não esperava, contudo, é que um dos escolhidos para executar a ação se recusaria a participar após perceber o perigo.

O plano

O plano consistia em alguém de confiança do ex-presidente se aproximar do ministro Alexandre de Moraes devidamente equipado para gravar as conversas do magistrado com o intuito de captar algo comprometedor que servisse como argumento para prendê-lo.

De acordo com a Veja, em uma reunião do Alvorada, Bolsonaro descreveu os detalhes do plano, o qual contaria Daniel Silveira e o senador Marcos do Val, que, três dias depois, em 12 de dezembro, enviou uma mensagem para Moraes, que já sabia da reunião porque o próprio senador já havia informado, pedindo para falar pessoalmente com o ele.

“Precisava falar como foi o encontro com o PR e o DS”. PR era o ex-presidente da República e DS era Daniel Silveira. O senador relatou que os dois haviam lhe convidado para participar do que ele definiu como “uma ação esdrúxula, imoral e até criminal”. Diante disso, o ministro agendou o encontro pessoal com do Val.

A revista revela que, a reunião, que aconteceu numa sexta-feira e durou cerca de 40 minutos, entre o ex-presidente, Silveira e Marcos do Val, foi cercada de cuidados absolutamente incomuns - como, por exemplo, o uso de códigos para se referir ao encontro.

Ao longo da conversa, Bolsonaro disse a do Val que já tinha acertado com o Gabinete de Segurança Institucional (GSI), órgão responsável pela segurança do presidente e que tem a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) sob seu organograma, que daria o suporte técnico à operação, fornecendo os equipamentos de espionagem necessários.

Além disso, o ex-presidente afirmou que apenas cinco pessoas teriam conhecimento do plano: Bolsonaro, Silveira, do Val, a quem caberia a tarefa de gravar Alexandre Moraes, caso aceitasse a missão, e, supostamente, dois militares.

Segundo a publicação, o senador pediu um tempo para pensar na proposta. No dia seguinte, Silveira enviou uma série de mensagens ao senador cobrando uma resposta, dizendo que a missão era segura e que nem Flávio Bolsonaro, filho do ex-presidente, ficaria sabendo.

“Não sei se você compreendeu a magnitude desta ação. Ela define, literalmente, o futuro de toda a nação”, diz o deputado em das mensagens. “Se aceitar a missão, parafraseando o 01, salvamos o Brasil”. Zero Um é o presidente da República.

Encontro de Moraes com Do Val

No dia 14 de dezembro, Alexandre Moraes deixou o plenário do STF e foi até o salão branco do prédio, onde Marcos do Val já o aguardava, conforme o combinado. O parlamentar contou detalhes do encontro que teve com o presidente, da proposta que recebeu e os objetivos abjetos do plano. Contudo, Moraes não acreditou. Diante disso, à noite, do Val respondeu as mensagens de Daniel Silveira.

“Irmão, vou declinar da missão”, escreveu, sem dar maiores explicações. O deputado respondeu: “Entendo, obrigado”.

Menos de 24 horas depois do encontro entre do Val e Alexandre de Moraes, no dia 15 de dezembro, o ministro multou Daniel Silveira em 2,6 milhões de reais. O parlamentar teria desrespeitado as medidas cautelares que é obrigado a cumprir.

Hoje, mesmo depois de receber indulto do então presidente Jair Bolsonaro no ano passado, Daniel Silveira foi preso por determinação de Alexandre de Moraes por descumprir as chamadas "medidas cautelares", restrições que foram impostas pelo Supremo para evitar que Silveira continuasse cometendo infrações.

Classificação Indicativa: Livre

FacebookTwitterWhatsApp