Política

Rui Costa quebra o silêncio sobre violência na Bahia e pede padronização de dados

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Ministro da Casa Civil falou de sua experiência como governador no combate à violência na Bahia  |   Bnews - Divulgação Wagner Lopes / CC
Lula Bonfim

por Lula Bonfim

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Publicado em 14/08/2023, às 15h42 - Atualizado às 15h52


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O ministro Rui Costa (PT), da Casa Civil, soltou o verbo na tarde desta segunda-feira (14) sobre a violência no Brasil e na Bahia. Usando sua experiência como governador baiano entre 2015 e 2022, ele respondeu a questionamentos sobre o crescimento da violência no estado e sinalizou que o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) está avaliando a possibilidade de criação de um parâmetro nacional de contagem de homicídios.


Para Rui, o primeiro passo é conter a entrada de armamento no Brasil. Segundo ele, nos últimos 10 anos, a quantidade de armas pesadas nas mãos de criminosos aumentou de forma considerável, fazendo crescer também a quantidade de mortes no enfrentamento entre policiais e bandidos.


“Uma medida fundamental é conter a entrada de armamento pesado no Brasil. Em 2015, quando eu assumi o governo da Bahia, em 2014, quando era Wagner, em 2013, para você achar um fuzil na Bahia, era a coisa mais rara do mundo. Em um ano, você achava um fuzil ou dois. Hoje, é toda semana. Fuzil russo, fuzil israelense. É um volume de armamento pesado… Aquelas armas chamadas ponto 50, que derrubam helicóptero, são hoje encontradas com frequência na mão de criminosos”, relatou Rui, em entrevista à Globo News.


Sobre a morte de uma criança durante uma operação policial no Rio de Janeiro, Rui aproveitou para criticar a gestão federal anterior, comandada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), famoso por incentivar a compra de armas por parte da população.


“Infelizmente, nós vivemos um período no Brasil recente onde a moda era facilitar a entrada de armamento. Cada pessoa com direito a 30, 40, 50 armas. E essas armas municiaram os criminosos. Infelizmente, nós passamos a ter muito mais confronto, com criminosos entrando em confronto com a Polícia e, infelizmente, em muitas ações, às vezes desastrosas por parte da Polícia, acaba tendo óbitos como o dessa criança, algo que não deveria e não poderia, em hipótese nenhuma, ter acontecido. Em outros momentos, vários policiais são mortos nos confrontos, seja na Bahia, seja no Rio, em qualquer lugar do país”, declarou o ministro da Casa Civil.


Voltando a falar da Bahia, Rui afirmou ainda que não leva em consideração as comparações de dados de homicídios entre os estados. Na avaliação dele, cada unidade da federação utiliza critérios diferentes para a contabilização, o que impossibilitaria fazer a relação dos dados de cada ente federativo. Por isso, o ministro deseja a criação de uma padronização dos números, sendo analisada até a possibilidade da criação de um marco legal para tratar do tema.


“Eu tenho conversado isso bastante com o ministro Flávio Dino [da Justiça e da Segurança Pública]. Nós precisamos ter um parâmetro oficial do governo federal, para ser cumprido por todos, de como registrar os homicídios, de como registrar as mortes. Eu não reconheço nenhuma comparação de ONGs que fazem publicações sobre questões de segurança. Porque estamos comparando coisas diferentes: melancia com abacaxi”, ironizou Rui.


“Quando estados brasileiros encontram corpos boiando, com perfuração no crânio ou no peito, e dizem que vão investigar aquela morte e não classificam como óbito, e comparamos com um estado que registram essa morte como óbito, então nós estamos comparando coisas diferentes”, completou o ministro.


Rui Costa ainda pontuou a necessidade de haver cooperação entre os poderes executivo, legislativo e judiciário nos níveis federal e estadual, para realizar as mudanças que o Brasil precisa na segurança pública. Para exemplificar, ele contou um caso ocorrido em Vitória da Conquista, no sudoeste da Bahia.


“Um caso que ficou na minha mente. Nós lutamos muito tempo para tirar uma pessoa — uma mulher até — que comandava o tráfico em Vitória da Conquista e levar para um presídio de segurança máxima. Tiramos. Levamos meses praticamente sem um homicídio em Vitória da Conquista. Ela conseguiu uma decisão judicial e voltou pela manhã, deu entrada às 9h da manhã no presídio. À tarde, morreram 12 na cidade”, lembrou o ex-governador.

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