Política

Saiba quem é o conselheiro do TCM citado em delação sobre Marielle Franco

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Ele foi citado na delação de Ronie Lessa na investigação do assassinato da vereadora  |   Bnews - Divulgação Reprodução
Daniel Serrano

por Daniel Serrano

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Publicado em 24/01/2024, às 09h36


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Em sua delação, o ex-policial militar (PM) Ronie Lessa afirmou que o conselheiro do Tribunal de Contas do Rio de Janeiro (TCE) Domingos Brazão tem algum envolvimento no assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL).

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Além do suposto envolvimento na morte da vereadora, Brazão tem em seu currículo uma série de suspeitas de irregularidades, como receber o pagamento de propina, aumentar o patrimônio com movimentações em dinheiro vivo e trocar constantemente de telefone para despistar as investigações.

Antes assumir a cadeira no Conselho do TCE, Brazão tem uma passagem na política. Até 2015, quando ele assumiu o cargo no Tribunal, ele soma cinco mandatos como deputado. Em 217, ele foi alvo da operação Quinto do Ouro, da Polícia Federal (PF), que investigava o pagamento de propina a conselheiros da corte.

Durante a operação, o principal delator foi o ex-presidente do TCE, Jonas Lopes Junior. O então conselheiro revelou que Brazão comandou dois esquemas de corrupção no Tribunal, um deles tinha relação com a aprovação de um contrato de R$ 21 milhões no Detran e o outro com empresas da área ambiental.

Segundo o delator, Brazão recebia e dividia o dinheiro em mãos. Em dois anos de operação de esquema, ele movimentou R$ 14 milhões em suas contas bancárias e viu seu patrimônio sair de R$ 13,7 milhões para R$ 18,8 milhões.

Além disso, quebras de sigilo fiscal mostraram que Brazão havia declarado ao fisco ter guardados R$ 360 mil em dinheiro vivo. Porém, um livro de contabilidade com anotações sobre gastos em espécie foi encontrado em sua residência. Nele, o conselheiro registrou movimentações em R$ 1,5 milhão apenas em dinheiro.

Na ocasião, Brazão respondeu por corrupção e organização criminosa. Ele foi afastado do cargo e preso, mas acabou solto e voltou ao cargo por decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Kassio Nunes Marques.

Já na delação de Lessa sobre o caso Marielle Franco, Brazão é apontado como suspeito de ter sido mandate do crime desde 2019. Ele chegou a ser denunciado pela ex-procuradora-geral Raquel Dodge por tentar impedir o avanço da investigação. A prática mais comum é a de plantar depoimentos falsos de policiais para tirar os verdadeiros mandantes do caminho da Polícia Civil.

O episódio que aponta para o envolvimento de Brazão no caso foi identificado em um áudio do miliciano Jorge Alberto Moreth, conhecido como “Beto Bomba”, em que dizia que o Conselheiro do TCE “encomendou” a morte de Marielle, por R$ 500 mil. A fala foi interceptada em uma conversa entre o miliciano e o vereador Marcello Siciliano (PHS).

Segundo as investigações, Brazão pretendia usar a morte da vereadora para retaliar o então deputado Marcelo Freixo (PSOL), que empregou Marielle em seu gabinete e era próximo da parlamentar.

Atualmente na presidência da Embratur, Freixo atingiu Brazão em duas ocasiões. A primeira ocorreu em 2008 durante a CPI das Milícias, quando citou o hoje conselheiro como um dos políticos “liberados” para fazer campanha em área dominada pelos grupos de criminosos.

A segunda foi em 2014, na Operação Cadeia Velha, com denúncias levadas ao Ministério Público Federal, que levaram a uma nova prisão de Brazão. A ação policial investigava o pagamento de propinas a políticos do Rio. No entanto, a denúncia foi rejeitada em março do ano passado pela Justiça Estadual do Rio de Janeiro.

Com a delação de Ronie Lessa, condenado pela execução da ex-vereadora, Brazão voltou a ter o seu nome na mira da justiça.

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