Política

'Tortura, coisa de pervertidos', diz ministro ao pedir inquérito sobre métodos da Lava Jato

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A operação Lava Jato foi comandada pelo ex-juiz e atual senador, Sérgio Moro  |   Bnews - Divulgação Nelson Jr. / SCO / STF
Daniela Pereira

por Daniela Pereira

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Publicado em 10/05/2023, às 09h59


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O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, tomou uma atitude drástica após ler o livro de memórias do empresário Emílio Odebrecht, sobre a atuação do grupo de investigações da força-tarefa da operação Lava Jato, liderada pelo ex-juiz e atual senador, Sérgio Moro (UB).

Durante sessão desta terça-feira (09), o ministro disse que, após ler o livro, ficou convencido de que a força-tarefa de Curitiba forçou delações premiadas, praticava 'tortura' e defendeu uma investigação sobre os métodos usados pela força-tarefa.

"Teria que ter inquérito para saber o que se passou. As pessoas só eram soltas, liberadas, depois de confessarem e fazerem acordo. Isso é uma vergonha e nós não podemos ter esse tipo de ônus. Coisa de pervertidos. Claramente se tratava de prática de tortura usando o poder do Estado", afirmou, segundo informações do Correio Braziliense.

"São páginas que envergonham a Justiça. O que se fez em Curitiba, nessa chamada República de Curitiba, com a Lava Jato, nós temos que fazer um escrutínio muito severo, porque se trata de algo extremamente grave", completou.

Gilmar, que recentemente trocou farpas com Moro, afirmou ainda que, embora os nomes mais conhecidos da operação tenham deixado as funções, suas condutas deveriam ser investigadas para evitar excessos no futuro.

"É uma vergonha. Eu acho que o CJF (Conselho da Justiça Federal) deveria investigar, a despeito deles terem deixado já as funções, porque se trata de corrigir para que isso não mais se repita", defendeu o decano do STF.

No livro de 320 páginas, o empresário acusa Moro de promover “tortura psicológica” e cometer erros jurídicos para garantir sentenças rápidas. Além disso, ele afirma que “o grupo das investigações que atingiram as grandes empreiteiras do País incentivava blitz de madrugada nas celas dos executivos da construtora Odebrecht na Polícia Federal, em Curitiba, para, segundo ele, humilhar os prisioneiros, forçar depoimentos e, assim, manter um fluxo de operações”.

A construtora Odebrecht, fundada há quase 80 anos pelo pai de Emílio, Norberto Odebrecht, tornou-se um dos maiores grupos empresarias do país, com atuação em mais de 20 países.

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