Cultura

Série documental sobre Elize Matsunaga estreia nesta semana

Divulgação / Netflix
Versão sobre a morte do marido é contada em cerca de quatro horas de duração  |   Bnews - Divulgação Divulgação / Netflix

Publicado em 06/07/2021, às 12h38   Redação BNews


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A série intitulada ‘Elize Matsunaga: Era uma Vez um Crime’ sobre a versão da morte do marido a partir da visão dela sai nesta quinta-feira (8), na Netiflix. Segundo a ré confessa, ela teria descoberto uma traição dias antes do crime e, por conta disso, esquartejou o corpo de Marcos Matsunaga, em 2012, espalhando os pedaços em diferentes pontos de uma estrada em São Paulo.

Durante as quase quatro horas de duração, Elize comenta sobre diversos assuntos da sua vida pessoal. Uma delas é a empolgação em falar das habilidades em caçar animais silvestres, o arsenal de armas que tinha com o marido e o prêmio que recebeu após abater um veadinho. "Eu tenho um prêmio de um veadinho abatido que comemos o lombinho dele com molho de ervas. Uma delícia. Recomendo", diz em uma das cenas. 

Sem ver a filha desde que foi presa [após pegar 19 anos de detenção em regime fechado], ela comenta como foram os primeiros dias encarcerada. "Eu escutava a torneira gotejar e só pensava na minha filha". Em outro ponto, Elize diz que tentou não errar, mas não conseguiu [se referindo ao crime]. Além dela, outras 20 pessoas foram entrevistadas, incluindo parentes e advogados de defesa e acusação, jornalistas, amigos e promotores do caso. 

Em conversa ao Estadão, a diretora da série, Eliza Capai, disse que, por fazer parte do cinema independente, consegue trabalhar observando versões opostas. “Eu queria refletir por que esses crimes ocorrem e como a sociedade e a mídia lidam com eles. O desafio foi fazer uma edição que não esbarrasse no sensacionalismo e que tratasse o caso com empatia e curiosidade a fim de entender a violência de uma forma mais complexa”, comentou. 

Para começar a gravar, além de Eliza Capai, a outra diretora, Thaís Nunes conseguiu criar um vínculo de respeito para que a detenta pudesse expressar sua versão sem ser sensacionalista. “Criou-se um vínculo de respeito. Quando entrei no projeto - e eu e Thaís nos alinhamos muito em questões éticas -, fui ao presídio sem abrir a câmera para conversar com a Elize. Quis saber de seus planos, explicar os objetivos do documentário, que era ouvi-la de maneira empática, respeitando seu ponto de vista, e, ao mesmo tempo, imparcialmente as opiniões contrárias à dela. Foi tudo feito com muita sinceridade. Ela entendeu que não havia um desejo de usar sua fala de forma sensacionalista”.

A diretora ainda enfatiza o fato de como o crime foi abordado pela mídia e a discussão do machismo perante à sociedade. “Ela cometeu um crime bárbaro. Porém, tentei ver além disso. Até hoje, quando dissenha temporária, há manchetes como 'uma ex-prostituta Elize Matsunaga ...' A Elize é tantas coisas além de ser ex-prostituta que para mim fica muito difícil entender esse tratamento sexista. Além disso, tentei mostrar algo muito mais complexo: a defesa de Elize se utiliza de métodos que são praticados, desde sempre, em crimes de feminicídio. Ou seja, pegam o passado da vítima e buscam o pior dele para justificar o crime (aqui, o envolvimento de Marcos com garotas de programa, como mostra a série)”, finalizou em conversa ao site.

Classificação Indicativa: Livre

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