Educação

Professora é afastada de turma após indicar livro sobre histórias de mulheres negras

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Publicado em 19/11/2021, às 14h00   Redação BNews


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O que era para ser apenas mais uma atividade educativa em sala de aula, acabou se tornando um verdadeiro pesadelo para uma professora do colégio Vitória Régia, localizado no bairro do Cabula, em Salvador. De acordo com a RecordTV Itapoan, a docente foi afastada da turma após indicar a leitura do livro ‘’Olhos D’água’’, da escritora Conceição do Evaristo. Vale ressaltar que na mesma semana outra professora também foi afastada de suas atividades após ser indiciada por uma aluna. 

A obra, que retrata o cotidiano de mulheres negras, foi alvo de críticas por parte dos alunos e dos pais que foram até a escola demonstrar insatisfação sobre a atividade passada pela professora. 

Após a manifestação, a educadora, que trabalha na escola há 17 anos, foi afastada da turma.  Nas redes sociais, a professora negra desabafou sobre o caso, que ganhou grande repercussão. Confira abaixo: 

Ainda conforme a reportagem, a escola informou que os pais não se sentiram confortáveis com a obra, portanto, eles teriam comunicado que os palavrões não estavam adequados para os alunos. Com isso, a instituição decidiu afastar a docente dessa turma, mas sem ônus em seus honorários. 

Em nota, o Vitória-Régia afirmou que o objetivo do trabalho proposto no Departamento de Ciências Humanas era promover a reflexão e ampliar a visão de mundo do estudante do Ensino Médio, através da leitura do livro Olhos D’Água, mas alguns alunos e seus respectivos familiares não se sentiram confortáveis com a obra, por acharem a linguagem inapropriada para a faixa etária. Assim, ainda segundo a nota, os familiares comunicaram à direção as suas insatisfações, e foi pedido à professora da disciplina para encontrar novo viés para a abordagem da atividade. Ela propôs a todos os estudantes insatisfeitos, a elaboração de um texto argumentativo sobre assuntos sociais diversos, a partir de outras leituras de apoio e de livre escolha.

O Colégio afirmou que a professora levou o assunto em questão ao seu perfil particular no Instagram, no qual levantou a acusação de racismo e de estar sendo silenciada pela instituição. "Os pais e os alunos desta turma sentiram-se constrangidos com os posts (vídeos, memes e danças) publicados pela professora e,  no intuito de conciliar as partes – pais, alunos e professora -, o Vitória-Régia liberou a professora dos últimos oito (08) encontros do ano letivo para a turma envolvida. A professora continua ministrando aulas em outras três turmas do colégio e recebendo sem ônus os seus honorários. Cumpre informar que a educadora está em nossa instituição há aproximadamente 17 anos, participando ativamente dos projetos interdisciplinares de abordagem à diversidade cultural". 

Veja a nota na íntegra

O Vitória-Régia informa que há 32 anos tem em seu DNA educacional o respeito às diversidades étnica, cultural, social, religiosa e ao Estatuto da Criança e do Adolescente. E que faz parte da  proposta pedagógica, o estímulo constante aos estudantes acerca das reflexões e ações sobre as diferenças de pensamento, combate ao preconceito e valorização humana. Além disso, a instituição preza sempre pela comunicação ética, clara e objetiva, se colocando sempre aberta ao diálogo com os alunos, famílias, professores e colaboradores em geral.

Assim, comunicamos que, com referência ao exposto em um meio de comunicação recentemente, cabe informar que o objetivo do trabalho proposto no Departamento de Ciências Humanas era promover a reflexão e ampliar a visão de mundo do estudante do Ensino Médio, através da leitura do livro Olhos D’Água. A obra, que inclusive é indicada para a realização do ENEM e vestibulares diversos, aborda temas sociais pertinentes, como violência, racismo, abuso e pobreza, e, por isso, houve a proposta de criação de um manifesto com um dos temas sociais presentes no livro.

No entanto, alguns alunos e seus respectivos familiares não se sentiram confortáveis com a obra, por acharem a linguagem inapropriada para a faixa etária, nos termos da Lei nº. 8.069/90. Assim, os familiares comunicaram à direção do Vitória-Régia as suas insatisfações relativas ao vocabulário (palavrões, narrativas reais de violência, etc), o que imediatamente foi comunicado à professora da disciplina para encontrar novo viés para a abordagem da atividade. Esta, por sua vez, propôs a todos os estudantes insatisfeitos, a elaboração de um texto argumentativo sobre assuntos sociais diversos, a partir de outras leituras de apoio e de livre escolha.

Posteriormente, mesmo sem citar nomes, a professora levou o assunto em questão ao seu perfil particular no Instagram, no qual levantou a acusação de racismo e de estar sendo silenciada pela instituição, o que jamais ocorreu. Os pais e os alunos desta turma sentiram-se constrangidos com os posts (vídeos, memes e danças) publicados pela professora e,  no intuito de conciliar as partes – pais, alunos e professora -, o Vitória-Régia liberou a professora dos últimos oito (08) encontros do ano letivo para a turma envolvida. A professora continua ministrando aulas em outras três turmas do colégio e recebendo sem ônus os seus honorários. Cumpre informar que a educadora está em nossa instituição há aproximadamente 17 anos, participando ativamente dos projetos interdisciplinares de abordagem à diversidade cultural. Portanto, conhece a nossa proposta pedagógica e os valores de respeito ao multiculturalismo. Destacamos ainda que o Colégio Vitória-Régia possuí o ensino das temáticas sobre História e Cultura Afro-Brasileira e cumprimos a Lei nº. 10.639/2003, o que é de conhecimento de vários pais do Colégio.

Em tempo, informamos que a plataforma Árvore de Livros não retirou em momento nenhum a obra Olhos D´Água do seu espaço virtual de pesquisa. Ela continua disponível tanto para os alunos do Vitória-Régia quanto para todos os estudantes brasileiros.

Salientamos que é papel da escola promover o diálogo e o consenso que agreguem a todos a reflexão de suas ideias e atitudes. Nosso objetivo principal sempre foi preservar as relações humanas – professor, aluno e família - e continuar no propósito de valorizar a  liberdade de pensamento de todos os envolvidos.

Classificação Indicativa: Livre

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