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Nove operários morrem em queda de elevador

Publicado em 09/08/2011, às 08h16   Alessandro Isabel e Fidelis Tavares


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Na tarde desta terça-feira (9), cerca de 40 operários protestam, em frente à Superintendência Regional do Trabalho e Emprego (SRTE), na Avenida Sete de Setembro contra o descaso e a falta de investimentos em segurança pelas empresas.

Nove operários morreram após o elevador do Edificio Comercial II, que está em construção, cair do 22° andar. O acidente aconteceu por volta das 7h desta terça-feira (9), em Salvador, e de acordo com testemunhas o cabo que sustentava o elevador se rompeu.

O número de mortos foi confirmada pelo Corpo de Bombeiros e por peritos do Departamento de Polícia Técnica (DPT). Antônio Reis do Carmo, Antônio Elias da Silva, Antônio Luis Alves dos Reis, Hélio Sampaio, José Roque dos Santos, Jairo de Almeida Correia, Lourival Ferreira, Martinho Fernandes dos Santos e Manuel Bispo Pereira foram as vítimas da tragédia.


O prédio tem 22 andares e fica próximo ao Hiper Posto, na região do Iguatemi e é de responsabilidade da Construtora Segura, a mesma que construiu o edifício vizinho, Empresarial Thomé de Souza.  O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e o Salvar estiveram no local atendendo cerca de oito operários que passaram mal ao presenciarem o acidente.  

Woshignton Santana, filho de Martinho Fernandes, disse que o pai dele já tinha se queixado sobre os problemas no equipamento. "Todo mundo sabia que essa balança estava dando defeito. Todos os dias parava, todos os dias quebrava e a empresa não tomou providência. Agora quero saber quem vai trazer a vida de meu pai de volta", disse Woshington muito emocionado.
O advogado da Construtora, Fernando Magalhães, informou que a empresa enviou psicólogos e assistentes sociais para prestar todo o apoio às famílias das vítimas. "Iremos dar toda a assistência possível. Não iremos fugir de nossas responsabilidade", disse o advogado. O proprietário da Construtora Segura e diretor do sindicato patronal da construção civíl, Manoel Segura, não quis comentar o assunto.

O presidente do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria da Construção Civil e da Madeira do Estado da Bahia (Sintracom-BA), José Ribeiro, afirmou que a categoria lamenta e está abalada com o acidente. “Ainda não dá para saber quantos operários estavam no elevador, vamos aguardar as informações da Polícia Técnica”, disse.

Segundo o presidente da Central dos Trabalhadores do Brasil (CTB/Bahia ), Adilson Araújo, eles já tinham recebido denúncias das condições de trabalho da Construtora Segura. "Essa foi uma tragédia anunciada. Nós já tinhamos recebido denúncias sobre a atuação dessa empresa e agora é esse o resultado", disse Araújo.

De acordo com o Superintendente da Sucom (Superintendência de Controle e Ordenamento do Uso do Solo do Município), Cláudio Silva, a obra era licenciada, tinha alvará e era fiscalizada pelo órgão. "É o primeiro acidente que acontece aqui, agora vamos aguardar o laudo técnico. Por enquanto, a obra está totalmente interditada", disse.

De acordo com os operários o elevador tinha capacidade para transportar oito pessoas, mas sempre funcionava com o número acima da permitida. "Já utilizei essa balança com 12 operários, nunca teve fiscalização, ninguém nunca nos falou o número exato de pessoas que poderiam subir" disse um trabalhador que preferiu não ter o nome revelado.


Segundo Manoel de Jesus que trabalha há 30 anos como pedreiro e conhecia todas as vítimas, ele nunca viu um acidente tão violento. "O que estamos vendo hoje é algo que não temos como descrever. Nunca vi nove pessoas mortas em um mesmo lugar. Nunca mais vou subir em um elevador  de obra", disse emocionado.

Viaturas do Samu, Salvar, Polícia Militar, Bombeiros, Departamento de Polícia Técnica (DPT), trabalhadores, curiosos e a imprensa estão acompanhando todo o trabalho de remoção dos corpos.  Os trabalhadores prometem realizar manifestação para cobrar mais segurança nas obras.

O sindicato da categoria informou que nenhum trabalhador irá seguir para o canteiro do obras a partir da quarta-feira (10). O resultado das causas que motivaram o acidente deverá sair em 30 dias.

Segue nota emitida pela empresa no início da tarde

A Construtora Segura vem a público prestar esclarecimentos sobre a fatalidade ocorrida hoje, dia 09 de agosto, às 07h05, na obra do empreendimento Empresarial Paulo VI, onde vieram a falecer nove dos seus colaboradores, dos quais alguns com mais de 20 anos de empresa.

Tão logo ciente do triste episódio, a empresa não mediu esforços para adotar todas as providências junto aos demais colaboradores e aos familiares enlutados.

Informa-se que a Construtora Segura acompanha de perto as investigações levadas a efeito pela perícia técnica, destacando-se, desde já, que o equipamento estava funcionando dentro dos parâmetros de segurança e em perfeito estado de conservação.

A Construtora Segura, empresa baiana fundada em 1982 e que sempre pautou sua atuação pela ética e profissionalismo – inclusive, sendo reconhecida na sociedade e pelo setor da construção por sua seriedade-, em nome de sua diretoria e de seus mais de 500 colaboradores, vem expressar profundo pesar e luto por este episódio. 


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Fotos Gilberto Júnior // Bocão News

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