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Rodoviária é esquecida e paga o preço da falta de mobilidade urbana

Imagem Rodoviária é esquecida e paga o preço da falta de mobilidade urbana
Estação enfrenta problemas no acesso e modernização de equipamentos  |   Bnews - Divulgação

Publicado em 08/06/2012, às 12h41   Caroline Gois Twitter (@goiscarol)


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Com acessos de entrada e saída que se misturam a guias de vendedores ambulantes e uma estrutura de aparência antiga e sem modernização, a rodoviária de Salvador logo não irá comportar o fluxo de passageiros que já soma um movimento anual de 14.4 milhões de usuários.  São 21.500 m² de área construída da estação de passageiros e área do terreno do Complexo Rodoviário de 150.000 m². 
Segundo a Sociedade Nacional de Apoio Rodoviário e Turístico (Sinart), o único terminal rodoviário da terceira capital mais populosa do país recebeu o último investimento em 2008. De acordo com a Sinart, R$ 35 milhões foram investidos na construção de todo o complexo do Terminal Rodoviário de Salvador (TRS). Questionado pela equipe de reportagem do Bocão News sobre reformas e manutenção, a Sinart confirmou que "a última grande intervenção feita no TRS foi em janeiro de 2008, incluindo: Praça de Alimentação, dois elevadores, reforma das fachadas das lojas e guichês de venda de passagens, construção e/ou ampliação de sanitários e fraldário, Praça Bancária, entre outras".
Nas capitais brasileiras, grande parte das rodoviárias nasceu entre os anos 70 e 80, mas mesmo que tenham sido belos projetos, envelheceram. Faltam investimentos em infraestrutura e manutenção.
Atualmente, o terminal da capital baiana sofre ainda com a falta de mobilidade urbana da cidade. Escondida e sufocada pelo crescimento do fluxo de veículos, em feriados e períodos festivos, o entorno do Complexo deixa engarrafada toda a região.
Mudança 
Em julho do ano passado, a notícia sobre a mudança da estação rodoviária de Salvador para a cidade de Simões Filho causou polêmica no meio político e pesquisas junto à população. Tudo começou quando o prefeito do município, localizado a 20km da capital baiana, Eduardo Alencar (PSDB), anunciou que esta mudança era possível. Na época, a notícia soou como desconhecida para o presidente da Sociedade Nacional de Apoio Rodoviário e Turístico Ltda. (Sinart), Marcos Pedreira.
Segundo anunciou Alencar, a rodoviária seria instalada em uma área entre o Corpo de Bombeiros e a Ceasa local. A transferência para Simões Filho resolveria os problemas de trânsito nas proximidades do Iguatemi, geraria inúmeros empregos e ajudaria a dinamizar a economia do município. O prefeito não informou o prazo para a transferência e construção do novo equipamento.
Mesmo desconhecendo o assunto, o presidente da Sinart e o prefeito de Simões Filho concordam em um aspecto: os benefícios que a mudança da rodoviária traria ao trânsito da região do Iguatemi - onde está localizada a estação.
Procurada pela equipe de reportagem do Bocão News, a Agência Estadual de Regulação de Serviços Públicos de Energia, Transportes e Comunicações da Bahia (Agerba), órgão da Secretaria de Infraestrutura, informou que uma possível mudança da Estação Rodoviária de Salvador depende do estudo da Mobilidade Urbana e do entendimento do Governo do Estado com a Prefeitura de Salvador. "A Agerba entende que Salvador já comporta outra Rodoviária, onde se possa fazer uma distinção entre linhas longas e interestaduais e linhas curtas, como as linhas metropolitanas e do Recôncavo", afirmou à assessoria do órgão.
A Agerba fiscaliza 53 empresas concessionárias e permissionárias, que operam as 1.357 linhas e serviços do transporte intermunicipal de passageiros. São cerca de 3.350 veículos cadastrados que transportam mais de dez milhões de passageiros por mês.
Pesquisa
Mas, mesmo enfrentando problemas de desconforto e engarrafamentos no entorno do Terminal, uma pesquisa realizada entre os dias 05 e 09 de abril do ano passado, revelou que os soteropolitanos preferem a rodoviária onde ela está. 
A pesquisa foi realizada pela P & A - Pesquisas e Análises e ouviu 830 usuários do sistema rodoviário. De uma forma geral, os usuários defendem a atual localização do TRS e argumentam que se trata de uma localização central que facilita o acesso aos vários bairros da capital, próximo "de tudo" e com muitas opções de transporte. 70% acreditam que a mudança para outro local será um transtorno, já que terá que percorrer um trajeto mais longo para chegar ao TRS, o que implicará um maior gasto financeiro e de tempo. Há quem pondere que o congestionamento mudará de lugar, ou seja, que o problema supostamente gerado pela localização do TRS não será resolvido, apenas transplantado para um novo local.
O que se sabe é que a Copa do Mundo está chegando. Antes dela, em 2013, a Copa das Confederações servirá como um teste para fortalecer os problemas de moibilidade urbana que existem na cidade.
Projetos
O Programa PAC Mobilidade da Região Metropolitana de Salvador - RMS, desenvolvido pela SEDUR, em parceria com a Prefeitura Municipal de Salvador, em 2009, propõe um conjunto de investimentos em infraestrutura viária e equipamentos urbanos, para a configuração de um novo Sistema Integrado de Transporte Metropolitano. Este sistema visa ampliar a acessibilidade e fluidez à malha viária urbana e metropolitana existente.
O recorte prioritário de implantação do Programa propõe qualificar a RMS e a Cidade de Salvador para a Copa em 2014, e tem como prioridade a implantação de corredores de transporte metropolitano de alta capacidade com veículos sobre pneus, na RMS, entre Lauro de Freitas e Salvador. Foram liberados R$ 567,7 milhões do Governo Federal para a realização da obra, que serão contratados pelo Governo do Estado da Bahia.

Foto: Roberto Viana// Bocão News
Nota originalmente postada às 6h41

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