Personalidade

Luiz Caldas: "O Carnaval se transformou em um balcão de negócios"

Imagem Luiz Caldas: "O Carnaval se transformou em um balcão de negócios"
Cantor fala sobre mudanças na festa e convite de Ivete   |   Bnews - Divulgação

Publicado em 23/01/2013, às 06h23   Caroline Gois (twitter: @goiscarol)


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Luiz César Pereira Caldas ou 'Rei do Axé' ou, simplesmente, Luiz Caldas. O inventor do ritmo que misturava o pop com reggae, toques caribenhos, ijexá, frevo e samba, presentes em um ritmo que ganhou o apelido de 'Deboche' e que evoluiu para outros tantos ritmos lançados no Carnaval baiano, consolidando-se como o popular estilo "Axé Music", fez uma análise do Carnaval com o olhar crítico de quem já participa da maior festa popular do planeta há mais de 30 anos. "Chiclete com Banana vai acabar, Luiz Caldas vai acabar, mas o Axé não acaba nunca. Eu podendo tocar e expressar minha arte, estarei tocando", disse em entrevista ao Programa do Bocão, na Rádio Sociedade, na manhã desta terça-feira (22).

Luiz Caldas afirmou ao apresentador Zé Eduardo que este ano fará parte da festa em um trio independente como homenagem ao tema da folia, a guitarra elétrica. Analisando a festa, o artista ressaltou que é contra o formato, "que é perverso, só vê o lado econômico. Mudar o circuito não existe e também não sou contra camarote, e sim, a forma como a coisa é feita. Há muita grana só para camarote e vemos trios elétricos que não têm condições nem  de ir à festa. O Carnaval se transformou em um balcão de negócios", afirmou.

O dono de sucessos como 'Ajayo', 'Chame A Gente' e 'Fricote' atribui à perda cultural e desvalorização do axé "aos valores dos jovens, que se não existem mais. Não vejo a política, vejo as gerações. A juventude tem péssimo gosto musical. Eles saem, param os carros nos postos e vão ouvir determinados ídolos musicais que estão totalmente verdes e que eles estão arrancando do pé. Isto está acabando com nossa cultura", criticou.



No campo das questões políticas, Luiz Caldas fez questão de ressaltar o que considera ser: 'apolítico'. "Acredito que ACM Neto irá afazer uma boa gestão e torço por isso. Ele tem ambição política e isso é bom para a Bahia. Não gosto de política. Sou pela sociedade", avaliou.

O cantor e compositor aproveitou para explicar o porque de não ter participado da 'valsa de Ivete', que convidou 15 artistas baianos  - entre os mais primórdios como Ricardo Chaves e os mais novos como Léo Cavalcanti, da Zorra, além de ícones como o cantor Gilberto Gil e de referências do pagode, como Xanddy do Harmonia, para participar do Festival de Verão. "Recebi o convite de Ivete e não aceitei. Me recusei a tocar em um evento onde ia ter Gustavo Lima ", disse.

"Verão Luiz Caldas"

Em encontro com a imprensa, Luiz Caldas lançou na manhã de segunda-feira (21) o seu projeto “Verão Luiz Caldas”, “Talvez se eu tirasse uma vírgula não me tornaria a pessoa que hoje eu sou. Eu faria tudo igual novamente”.

Como criador do Axé Music, ele comentou que seus convidados no projeto Verão Luiz Caldas, que acontece no Clube Fantoches nesta quinta-feira, dia 24, e dia 5 de fevereiro, provam quão democrática é a axé music, cada um com sua maneira de fazer. “A Axé Music é nada mais do que um processador de sucos,  e vamos colocar as frutas como ritmos. Então você pode misturar várias frutas e fazer o seu suco. Brown tem a sua forma de fazer, Armando tem a dele, e tem algumas pessoas que erram a mão e o suco fica intragável", comentou.

Os seus ensaios, porém, prometem mostrar quanto saborosa e efervescente pode resultar a mistura entre o som feito, por exemplo, por Armandinho e Carlinhos Brown, seus convidados desta quinta-feira, dia 24. Com o mestre da guitarra baiana, Armandinho, Luiz irá fazer uma “guitarrada especial”, para celebrar o tema da folia momesca deste ano.Juntos, eles irão mostrar para o público toda a sonoridade desse instrumento musical que dá o tom dos trios elétricos durante o Carnaval. E para celebrar esse poder catalizador da música que ajudou a criar, ele anunciou que vai sim dividir o palco com os dois ao mesmo tempo. "Vai ser uma noite de Carnaval, e por que não? O palco do Fantoches por si só tem esse apelo"

Ele promete um show à altura da expectativa do seu público, desde a estética visual da festa até o repertório, com canções de sucesso e outras novas, das tantas que vem criando numa velocidade impressionante, possível apenas para quem ama e entende do que faz. Adianta que vai dar o seu melhor neste projeto que leva o seu nome, para que se expanda e estenda pelos próximos verões.

“Dia 5 temos Márcia Castro, Baiana System e Moraes Moreira, ídolo e mestre. Há quem ache, infelizmente, que quando o assunto é Carnaval, só o oba oba deve prevalecer. Isso acaba levando os jovens compositores a escreverem muitas bobagens, coisas que não enriquecem o nosso Carnaval. E Moraes é um exemplo de que, em música, se pode pegar uma caneta e fazer uma poesia, e ela vai fazer as pessoas dançarem e pularem sem precisar baixar o nível”.

Ao lado dos convidados do dia 5 de fevereiro, ele promete boas surpresas. “Nada está sendo feito de qualquer jeito, eé muito legal ver Moraes que já tem muito tempo de carreira se unir a Baiana System que, de uma certa forma, esta iniciando a sua trajetória. É muito bom ser o elo dessa corrente, desses dois lados".


Com informações da Assessoria de Luiz Caldas
Fotos: Bocão News e divulgação

Publicada no dia 22 de janeiro de 2013, às 10h38


Classificação Indicativa: Livre

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