Polícia

Empresário é agredido e torturado em disputa por imóvel no Centro Histórico de Salvador

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Vídeos mostram Davi Alem Veloso Rêgo, de 33 anos, sendo retirado à força do estabelecimento  |   Bnews - Divulgação Reprodução

Publicado em 25/10/2018, às 12h00   Vinícius Ribeiro


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A disputa por um imóvel localizado na Rua dos Marchantes, no bairro do Santo Antônio Além do Carmo, no Centro Histórico de Salvador, teve desfecho violento ao invés de uma solução judicial. Na terça-feira (23), por volta das 13h14, o empresário Davi Alem Veloso Rêgo, de 33 anos, foi surpreendido por três homens e duas mulheres que o agrediram no interior de seu estabelecimento, o Café Hostel Kebab, a poucos metros da Cruz do Pascoal.

O caso foi registrado no mesmo dia, na 1ª Delegacia Territorial (DT/Centro), nos Barris. De acordo com o depoimento do empresário à polícia, a invasão e as agressões foram idealizadas por Josefa dos Santos Lima, que diz ser proprietária do casarão. Porém, segundo os advogados de Davi, nenhum documento comprovando a posse foi apresentado.

O espaço comporta três bares, duas residências e o hostel - que oferece acomodação para turistas de forma compartilhada e mais barata. Este último gerido pelo administrador ambiental.  

As agressões com chutes e pontapés continuaram na calçada da Rua dos Marchantes

Conforme registrado no boletim de ocorrência, os homens que aparecem nas imagens agredindo Davi são filhos de Josefa (blusa vermelha no vídeo). O empresário sofreu esganaduras, socos, pontapés e disparos de taser (arma de choque). Os momentos de aflição enfrentados pela vítima foram registrados pelas câmeras de vigilância do estabelecimento.

Nas imagens é possível ver Josefa se aproximar do portão do albergue. Pouco depois os três agressores invadem a área interna e imobilizam Davi, que grita por socorro e vê seu cachorro de estimação tentar em vão espantar os invasores. Antes de ser agredido, ele ainda tenta ligar para a polícia. As imagens também mostram Davi sendo agredido em via pública.  Assista:

Os arranhões, hematomas e as marcas provocadas pelos choques ficaram visíveis em diversas partes do corpo da vítima. "Nada justifica o que aconteceu. Meu irmão foi barbaramente torturado", disse indignado o irmão da vítima das agressões, Daniel Alem, 38.

SEM CASA E SEM TRABALHO

Davi é formado em administração e assumiu a gestão do hostel há seis anos após investir no estabelecimento todas as economias. Antes de passar a gerir o hostel, ele trabalhava no Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema) e com o antigo dono do albergue, antes conhecido como Café Hostel Salvador.

Sozinho no Kebab, ele acumula funções que vão de recepcionista, gestor e responsável pela limpeza. "Eu trabalho muito. Limpo e recebo os hóspedes. Deixei minha família de lado para me dedicar a isto. Agora estou todo quebrado, sem casa e sem trabalho", lamentou, emocionado. Depois de ser expulso do albergue, Davi está na casa de familiares.

Marcas do ataque ficaram visíveis no corpo do empresário de 33 anos

Procurada pela reportagem, a defesa do empresário disse que entrou com uma Ação de Interdito Proibitório na esfera cível com objetivo de obter uma liminar de garantia da posse e retorno ao imóvel. Segundo a advogada Juliana Kopp, caberá também ação na esfera criminal.

"A gente vem preparando também uma representação junto ao Ministério Público até para verificar se houve tortura. Quando ele fez o exame de corpo de delito, o perito falou que havia sinais de tortura. Ele não foi só espancado, ele foi preso, tomou choque, então seria algo mais grave", afirmou a jurista.

Davi realizou exames de corpo de delito no Departamento de Polícia Técnica (DPT).  A Polícia Civil aguarda o resultado da perícia para dar prosseguimento ao caso. 

A propriedade do imóvel seria da Santa Casa de Misericórdia, conforme apurações iniciais. 

POSSE E DÍVIDAS

O BNews também teve acesso ao boletim registrado por Josefa na 1ª DT. À polícia, ela afirmou que aluga imóveis na localidade e que tinha um contrato vencido com um antigo inquilino, com quem Davi trabalhava como caseiro. O atual proprietário, segundo ela, "quer se apropriar da casa". 


A posse de Josefa é refutada pela defesa de Davi. "Se ela tivesse algum direito, ela teria buscado os meios legais. A gente vai buscar a Justiça e provar que ele tem direito à posse", garantiu Juliana Kopp. 

Classificação Indicativa: Livre

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