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Coronel defende mapeamento da criminalidade e uso da "inteligência": "Não queremos polícia que mate e morra"

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O especialista em segurança pública diz ainda que não se pode conceber o investimento somente no aumento do efetivo  |   Bnews - Divulgação Reprodução/YouTube

Publicado em 16/09/2021, às 09h16   Luiz Felipe Fernandez


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Coronel da reserva da Polícia Militar de São Paulo, José Vicente da Silva afirmou nesta quinta-feira (16), em entrevista ao programa de José Eduardo, na rádio Metrópole, que é preciso investir na "inteligência" das polícias, com um mapeamento adequado à "dinâmica" da criminalidade nas grandes cidades.

Ao comentar as declarações do secretário de Segurança Pública da Bahia, Ricardo Mandarino, sobre a necessidade de regulamentação das drogas, o coronel concordou com a promoção do debate, mas não crê que a violência no estado e no país possa ser associada à proibição. O militar da reserva compara a mortalidade em São Paulo, que tem uma taxa de 7.3 mortos por 100 mil habitantes, enquanto a Bahia está perto de 41 assassinatos por cada 100 mil habitantes.

"São duas coisas diferentes, acho que deve sim, discutir a regulamentação do consumo de drogas recreativas como em alguns estados americanos, Uruguai, Portugal estão fazendo, temos uma grande quantidade de jovens e mulheres presas com meia dúzia de cigarros de maconha na mão. Isso tem que ser revisto", destaca o coronel, que lembra que o Supremo Tribunal Federal (STF) está "sentado" em um projeto de lei que prevê um padrão de quantidade de droga para que seja enquadrado como traficante ou usuário, o que hoje fica à critério do delegado de polícia.

Apesar de reconhecer que a "maconha é menos viciante que o cigarro", citando o médico Dráuzio Varela, o coronel, que é ex-secretário Nacional de Segurança Pública, prefere que o tema seja colocado "de lado", já que será debatido pelos "próximos 10 anos", e que é preciso remediar de imediato a violência que só tem crescido no estado.

"Alguém duvida que Nova York seja um dos maiores centros de consumo de ópio, maconha? Mas não tem violência, os traficantes fazem delivery. Claro que a polícia fica em cima disso, há uma guerra à droga sistemática, não podemos evitar isso [...] vamos deixar isso de lado, enquanto vamos discutir isso pelos próximos 10 anos, os baianos não podem aguentar a violência como está acontecendo", disse o coronel.

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"Tem que ser encarado pelo governo da Bahia, cuidar da melhor da polícia e fazer melhor o trabalho não é sair caçando e matando o bandido, é ter uma polícia mais competente. Não queremos polícia guerreira que mata e morra muito, ela vai reduzir a mortalidade de todas as faixas, mapear a criminalidade, inteligência básica que é necessário fazer", acrescentou.

O especialista em segurança pública diz ainda que não se pode conceber o investimento somente no aumento do efetivo, mas dar melhores condições de trabalho aos policiais e entender aquilo que pode motivá-los na função.

"Dá para se fazer muito mais, com menos. É preciso saber motivar os policiais, oferecer condições de trabalho [...] tem que mapear para saber onde colocar o efetivo e acompanhar a dinâmica criminal, não só aumentar o efetivo, o que afeta o salário dos policiais na ativa [...] é necessário dar um freio de arrumação e começar a ver onde estão os principais problemas e parar de ficar culpando o tráfico, que é culpa da polícia também", resumiu.

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