Política

Com catchup é mais gostoso

Publicado em 07/10/2010, às 20h56   Luiz Fernando Lima


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Se vai chegar o dia em que alguma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Assembleia Legislativa da Bahia vai dar resultado ninguém sabe. Nesta quinta-feira (7), transcorridos 187 dias desde que foi instalada, morreu mais uma, a que investigava as irregularidades na construção do metrô de Salvador.

Na oportunidade em que foi criada, os parlamentares assumiram o compromisso público de não deixar que as investigações acabassem sem resultado. Não foi o que aconteceu. Segundo o presidente da comissão, deputado Álvaro Gomes (PCdoB), apesar de seus esforços não foi possível conseguir as 21 assinaturas necessárias para estender os trabalhos até o final da legislatura em dezembro. “Apenas 18 deputados assinaram”, revela.

Três parlamentares precisavam assinar o requerimento, a mesma quantidade de titulares da CPI que não deram seus vistos para encaminhar o pedido previsto no regimento da Casa. Ou seja, faltou interesse dos próprios membros da comissão para que ela pudesse continuar. “Vou discutir com a procuradoria geral da Assembleia e com a minha assessoria para ver a possibilidade de fazer um relatório mesmo que informal sobre tudo que apuramos” garante Gomes.

No entanto, mesmo que seja reaberta, a possibilidade de alcançar os objetivos traçados no inicio são mínimas. As metas eram: colocar o metrô para funcionar e apurar as irregularidades. Nem um e nem outro foram alcançados.

Histórico:

A CPI começou truncada, desde a primeira reunião já havia as trocas de acusações. A oposição dizendo que o governo Wagner queria barrar as investigações, e os governistas, por outro lado, afirmando que a oposição tinha o objetivo de atingir o governador com a CPI. Enfim, uma confusão.

No final, os representantes de Wagner ficaram com a presidência, Álvaro Gomes, e a relatoria, Paulo Camêra (PDT). Feito isto, começaram as oitivas. Os procuradores do Ministério Público  Vladimir Aras, responsável pelas investigações e processos criminais, que partiram da operação da Polícia Federal “Castelo de Areia”, cujo andamento foi interrompido por ordem da Justiça Federal; e Wilson Rocha de Almeida Neto, responsável pela Ação de Improbidade Administrativa contra o Consórcio Metrosal.

Após os dois, a CPI entrou em recesso voluntário, foram quase dois meses parada sem que os deputados dessem quórum. Neste entretempo, convidou o ex-presidente da Companhia Brasileira de Transportes Urbanos (CBTU), Luis Otávio Mota Valadares, que dirigiu a empresa de 2000 a 2003, mas ele não foi.

Os trabalhos desta CPI foram encerrados sem que nenhuma das finalidades a que se propunha, quando da sua criação fossem cumpridas, nem as legais, que seriam a contribuição nas investigações do Ministério Público e a pressão para que o metrô pudesse funcionar ainda este ano. Tampouco a meta de lesar politicamente Jaques Wagner, que  foi reeleito com 63%, nem a oposição, já que todos os membros da CPI foram reeleitos ou eleitos para outra casa legislativa.

Classificação Indicativa: Livre

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