Religião

Líder espírita José Medrado desabafa após embate em entrevista sobre religião

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Profissional da comunicação disse que não tinha intenção de ofender o líder religioso e se desculpou   |   Bnews - Divulgação BNews

Publicado em 08/08/2019, às 18h00   Redação BNews


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Uma entrevista com o líder espírita José Medrado, gravada na manhã desta quinta-feira (8), acabou deixando o religioso indignado a ponto de usar parte de seu programa na Metrópole FM para desabafar sobre o que chamou de "falta de educação" de uma jornalista convidada do programa "Coletiva", comandado por Cíntia Kelly na TV Câmara, onde ele foi entrevistado.

A atração, que foi gravada, contou com a participação dos jornalistas Breno Cunha, Caroline Gois e Isabela Garrido. Em determinado momento da entrevista, Medrado se sentiu afrontado por Isabela que, segundo o espírita, "no intervalo das gravações disse ser evangélica". 

"Fui convidado para uma entrevista e não para um debate. As pessoas foram me fazendo perguntas de assuntos gerais. Eu disse que faço parte do Comitê Interreligioso da Bahia. Me perguntaram a respeito do presidente dizer que era preciso ter um ministro evangélico e eu disse que não se pode confundir política de governo com política de Estado. Disse que sou contra a religião impor princípios religiosos ao Estado, porque também tem ateus no Estado. Fui conduzindo dessa forma e ela sabia meu posicionamento" disse Medrado ao BNews

O religioso completou: "ela virou e disse que eu falo que minha religião é cristã e tem processo mediúnico. Aí ela foi ler trecho da Bíblia. Eu virei e disse que a Bíblia deve ter sido adulterada por questões políticas, econômicas. Hoje, se a gente escreve uma coisa pode ser deturpada, imagina antes. Aí ela começou a me contraditar. Foi então que eu questionei qual a função de jornalista. Tem a passagem de Samuel e Saul, que se encontraram pela mediunidade. Eu disse a ela que fé não se discute. Eu até entendo como natural que ela pergunte, e eu daria resposta. Mas ela não aceitava minhas respostas. Ela vinha com outras passagens evangélicas". 

Foi quando a situação ficou mais complicada: "eu dei um basta. Disse que questão de fé não se discute. Ela tinha dito no intervalo que era evangélica. Ela foi mal-educada ou intolerante? Eu não participo mais de debate sobre religião porque ninguém quer ouvir o argumento do outro, quer convencer que seu argumento está certo. Me aborreci porque fui de peito aberto. A jornalista que me chamou é ótima". Segundo Medrado, o problema foi algo pontual: "foi algo pontual dela. O que eu pude perceber é que eles (os jornalistas) se chocaram. Pela minha experiência como espírita, ela tá na mesma linha que os evangélicos vêm. Não cabia a ela questionar os princípios de minha fé", finalizou. 

Em resposta, a jornalista Isabela Garrido afirmou: "no meu entendimento não houve embate. Ele foi convidado para um programa onde o objetivo é sabatinar os convidados. Quando eu fui convidada para participar, Cíntia falou comigo brincando que era pra apertar. Eu disse que tudo bem. Fui com essa intenção, mas em momento algum faltei com respeito. Eu senti que durante uma pergunta que eu fiz ele se estressou um pouco. Mas depois ele brincou que eu queria doutrinar ele. Aliás, quem sou eu pra doutrinar Medrado? A conversa continuou, ele eu fiz outra pergunta e ele respondeu tranquilamente. Depois que o programa acabou, eu fiz questão de falar com ele pra desfazer qualquer mal-entendido. Eu disse que a intenção não foi doutrinar nem constranger, eu realmente queria saber sobre a pergunta que eu fiz. Mas ele não gostou. Ele disse que eu fiz minha parte e ele fez a dele. Eu não entendi porque esse embate, eu tirei foto com ele e tudo. Eu fui de coração aberto, eu não estava mal-intencionada, não queria constranger e nem desrespeitar, como de fato eu não fiz", disse. 

"Não sei que ruído de comunicação foi esse que ele não entendeu dessa forma. Eu quero deixar claro que essa é a proposta do programa, que aperte o convidado. Não sei se houve um ruído de comunicação na hora do convite a ele, pois não foi eu que convidei. De forma nenhuma eu quis diminuir nem menosprezar. Eu até falei a amigos meus que as perguntas que eu fiz pra ele eu faria pra um pastor que eu admiro muito, que é Caio Fábio. Eu não tive intenção de ser intolerante, muito pelo contrário. Eu tenho um programa chamado "Madalenas", que eu faço há quase dois anos, onde recebo mulheres de todas as religiões. Já recebi mulheres do Islã, do povo de santo, da Umbanda, já conversei com muitos espíritas, budistas. O programa se propõe a promover esse diálogo entre as religiões. Eu tenho um blog que é o "Tem mulher na igreja", que é cristão, evangélico, feminista, e que também combate todo tipo de intolerância, de machismo, de racismo, de homofobia. Eu brigo pela liberdade religiosa, isso é uma bandeira de vida. Eu brigo pelo respeito às religiões, eu sou ecumênica. Houve uma grande falha na comunicação, um ruído. Talvez ele tenha ficado receoso porque no intervalo eu disse que era evangélica. Eu não escondo, talvez eu tenha sido ingênua. Eu não concordo com as coisas erradas que a minha religião faz, eu sou consciente de que o cristianismo tem muitos erros", continuou. 

"Eu fiquei muito surpresa em saber que ele saiu daqui e foi pro programa dele falar de mim. Tô muito surpresa, abalada, pois não esperava. Não achei que fosse produzir todo esse efeito. O que eu quero é pedir desculpas se realmente eu ofendi ele, se ele se sentiu diminuído, menosprezado. Eu acho que eu não tenho nem essa estatura, essa bagagem e experiência pra diminuir um cara como Medrado. Então, eu quero pedir desculpas. É só o que eu posso fazer", finalizou.

Classificação Indicativa: Livre

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