Salvador

Empresários relatam prejuízo após morte de dono da Valnei Veículos

Publicado em 24/03/2017, às 09h54   Redação Bocão News



Contrariados com o sumiço dos seus bens, após a morte de um empresário baiano na semana passada, donos de empresas de diversos setores criaram um grupo de conversa no aplicativo WhatsApp para mensurar o tamanho do suposto dano, chamado “Credores De Valnei”. O empresário em questão é Valnei Sales, proprietário da Valnei Veículos, morto em um acidente de carro no último dia 17, próximo de Aracaju.
O Bocão News conversou com alguns dos credores do baiano, entre eles o empresário Ronan Alexson. “Foi um cara que usou da confiança das pessoas, de amigos e tudo para fazer o que fez. Me deixou num prejuízo de R$ 150 mil. Estou tentando viabilizar para diminuir isso.  Em Salvador, várias pessoas compraram o veículo sem o DUT [Documento Único de Transferência], sem esse documento você não tem carro.  Comprei três veículos na mão dele. Tem vários casos que ele pegou o mesmo carro e vendeu para duas pessoas”, relata.
Ainda de acordo com Alexson, Valnei chegou até mesmo a usar o nome de proprietário de uma concessionária da Ford, em Salvador, Mozinho Cerqueira, para obter prestígio entre grandes empresários. “Mozinho é um homem de bem, pessoa muito respeitada no meio, de boa índole e foi o único que deu a mão para ajudar Valnei, que se aproveitou. Todo dia eu descubro coisas novas. Naquela boate perto do um restaurante na Boca do Rio ele gastava de R$ 20 a R$ 30 mil por noite. Com o dinheiro dos outros. Ele estava chutando o pau da barraca”, lamenta.
Outro empresário, Daniel Zirpoli, também afirma que ficou no prejuízo após fechar negócios com Valnei. “Entreguei o carro para ele vender para mim. Passou dois dias com o carro e ele disse ‘Daniel, o cara quer ficar com o carro só que ele precisa de 20 dias’. Dei o prazo. Aí, no dia dele pagar ele sofreu o acidente e morreu. Em nenhum momento ele me disse para quem vendeu. Foi um prejuízo de R$ 205 mil”, conta.
Zirpoli também relata que decidiu registrar queixa na Delegacia de Repressão a Furto e Roubo de Veículos, na capital baiana. “Descobri que esse carro estava sendo vendido em uma concessionaria lá em São Paulo. Fui na delegacia hoje, fiz queixa de furto e a polícia já vai atrás. Uma vez vendi um carro para ele e não tive problema, mas o que queria saber é onde está esse dinheiro. Tem um milhão, dois milhões de um monte de gente e ninguém sabe onde ele foi parar. Ninguém acha os carros, nem o dinheiro. Mais de 20 pessoas estão na mesma situação que eu”, relata.
E continua: “falei com a família. A viúva não sabe de nada. Ela apenas entregou tudo para Mozinho. Eu falei com ele e ele disse que não tinha nada do meu carro com ele. De fato não tinha, já que o carro estava em São Paulo”. 
O advogado de outras duas pessoas que também ficaram prejudicadas, Ruy João Ribeiro, afirma que muitas famílias foram prejudicadas por causa do empresário. “As pessoas entregavam seus veículos para serem comercializados ou faziam depósitos em sua conta para compra de veículos, mas ele utilizava os carros e o dinheiro para fazer outros negócios, muitas vezes até entregando cheques sem fundo de titularidade sua empresa para garantir as transações”. 
Ele ainda explica que Valnei “fazia o negócio girar com recursos de terceiros e contando com o atraso no pagamento dos credores”. “A situação se transformou num procedimento cíclico e vicioso que foi abortado com sua morte, deixando um débito milionário no mercado de Salvador. Há, inclusive, cliente que afirma ter ocorrido falsificação de documento em Tabelionato de Salvador, o que será apurado pela polícia".
A reportagem do Bocão News tentou contato por diversas vezes com o empresário Mozinho Cerqueira, mas as ligações não foram atendidas, nem retornadas.

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