Salvador
Publicado em 18/02/2018, às 13h11 Vinícius Ribeiro
A demarcação de uma invasão na Rua da Mangueira, no bairro do Imbuí, em Salvador, foi removida na manhã deste domingo (18). A ação da Secretaria Municipal de Desenvolvimento e Urbanismo (Sedur) foi executada por equipes da pasta, com apoio da Guarda Civil Municipal e Polícia Militar. O loteamento promovido por cerca de 50 famílias foi erguido há três dias e teria sido denunciado por 'vizinhos', moradores dos condomínios de classe média alta da localidade.
Segundo a assessoria da Sedur, a invasão foi realizada em uma área particular e pública de aproximadamente 3 mil m². Ao todo, 52 demarcações foram removidas.
No local, a reportagem do BNews foi recepcionada por dona Dilma do Carmo, 50 anos, que há seis meses vivia em situação de rua. "Sou ex-moradora de rua e não tenho condição de pagar aluguel ou comprar um terreno. Estamos aqui por necessidade. O prefeito ACM Neto bem que poderia nos ajudar ou propor uma alternativa", apelou.
Pouco mais de vinte pessoas, entre crianças, jovens e adultos, se aproximaram logo em seguida. Os demais haviam se disperçado após a ação municipal. Conforme revelaram, todos residem na localidade do Marback 2, a poucos metros do local invadido.
Desempregado, Robson dos Santos, 27, disse que a proprietária do terreno, de prenome Regina, teria morrido há 15 anos. "A gente não estaria aqui se não precisasse. É um terreno que estava cheio de mato e nós limpamos, sem derrubar árvore alguma. É melhor do que ficar servindo de esconderijo. Queremos apenas uma moradia digna", declarou, afirmando ter aval de representantes de órgãos de fiscalização ambiental.
Para Robson, a pressão para retirada vem da vizinhança. "Aí tem desembargador, gente de condição que não quer chegar na janela e ver pobreza. Sabíamos que isso ia acontecer, eles ficavam na janela dizendo que não íamos ficar aqui. Que hoje a gente ia ver", disse, apontando para os prédios logo acima.
De acordo com a assessoria da Guarda Municipal, a ação de apoio aos representantes da Sedur não registrou problemas. Por se tratar de uma área mista (pública e privada), o loteamento não é passível de regularização.
Em tempo, o grupo, que ressaltou não ter ligação com movimentos sociais, prometeu insistir na luta pela moradia. Sem se identificar, moradores da localidade admitiram reprovar a invasão.
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