Salvador

“Queremos saber o que realmente fizeram com meu filho”, diz pai de Davi Fiúza

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MP-BA denunciou PMs por crimes de sequestro e cárcere privado, mas não por homicídio; fato gerou indignação nos familiares   |   Bnews - Divulgação Reprodução

Publicado em 08/10/2018, às 12h50   Redação BNews


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Por meio de um vídeo enviado para o BNews, César Fiúza, pai do adolescente Davi Fiúza, fez um apelo para Justiça agilizar o processo do sequestro do filho. O material foi enviado pela advogada da família. O adolescente Davi Santos Fiúza desapareceu há três anos, no dia 24 de outubro de 2014. Ele foi visto pela última vez em uma localidade conhecida como Jardim Vila Verde, na Estrada Velha do Aeroporto, em Salvador.

“Eu tenho sofrido muito com essa situação. Gostaria de pedir às autoridades que agilizassem o processo, que tomassem providências contra aqueles que são culpados. Tem sido muito sofrimento para toda família. Eu espero que o Ministério Público e a Polícia Militar tomem providências. A sociedade está acompanhando, a Anistia Internacional tem acompanhado. Eu, como pai do menino, quero providências. Queremos saber o que realmente fizeram com meu filho”, desabafa.

Em setembro deste ano, o Ministério Público do Estado da Bahia (MP-BA) denunciou sete policiais militares envolvidos no caso. Moacir Amaral Santiago, Joseval Queiros da Silva, Genaro Coutinho da Silva, Tamires dos Santos Sobreira, Sidnei de Araújo dos Humildes, George Humberto da Silva Moreira e Ednei da Silva Simões foram denunciados pelos crimes de sequestro e cárcere privado. A denúncia foi feita pelos promotores de Justiça Ana Rita Nascimento e Gildásio Galrão e distribuída para a 2ª Vara de Crimes Praticados contra o Menor.

Segundo a denúncia do MP, no dia do crime, os policiais participavam de um curso de nivelamento realizado pela 49ª CIPM e pelo Pelotão Especial Tático Operacional (Peto) com prática de incursão nas localidades do Cassange, Planeta dos Macacos, Vila Verde, dentre outras. O posicionamento das viaturas envolvidas no evento e de seus ocupantes foi definido a partir das informações dos mapas dos GPS instalados nas viaturas e dos aparelhos de rádio (HTs) dos seus comandantes.

De acordo com os dados colhidos, alinhados aos relatos de uma testemunha que residia no local, Davi Fiúza foi abordado na Rua São Jorge de Baixo por quatro policiais armados e sem fardamento, que o colocaram com as mãos na nuca e de joelhos, próximo a um veículo azul e branco. Os outros três policiais fardados desceram até a rua através da Travessa Pitangueiras, indo ao encontro dos demais. A testemunha passou pelo grupo para ir à casa de uma vizinha e, no retorno, viu o veículo passando e os policiais fardados retornando andando. Foi a última vez que o adolescente foi visto na comunidade.

Os promotores de Justiça explicam que as provas apresentadas pela investigação da Polícia Civil não forneceram subsídios suficientes para que o Ministério Público denuncie os policiais pelo crime de homicídio. 

“A Autoridade Policial não logrou êxito em localizar o menor, seja este com vida, ou seus restos mortais, para que sejamos capazes de apontar, com supedâneo no laudo cadavérico próprio, as causas e circunstâncias que cercaram a sua morte, acaso esta tenha ocorrido”, afirma Ana Rita Nascimento. Além disso, explica a promotora de Justiça, a prova testemunhal é insuficiente para a conclusão da prática de homicídio, uma vez que ela afirma ter “exclusivamente visto a abordagem do menor”. “Não há qualquer outro indício que leve a sustentar a ocorrência do delito de homicídio no bojo do que fora coletado”, conclui.

Também no mês passado, o Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA) encaminhou para a Justiça Militar o caso. A decisão foi expedida pela juíza Ailze Botelho Almeida Rodrigues, que argumentou que todos os crimes cometidos por policiais militares devem ser julgados pela Justiça Militar, exceto homicídios.

Classificação Indicativa: Livre

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