Salvador

PMs denunciados por mortes em 2009 são absolvidos em júri popular em Salvador

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MP-BA disse que vítimas 'suplicaram' para não morrer  |   Bnews - Divulgação Reprodução

Publicado em 31/10/2018, às 11h57   Redação BNews



Os quatro policiais militares denunciados pelo assassinato de dois homens foram absolvidos por júri popular, na terça-feira (30), no Fórum Ruy Barbosa, em Salvador. Os motivos que levaram o júri a inocentar os policiais ainda estão sendo levantados pelo Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA). As informações são do G1.

Ainda segundo o TJ-BA, o Ministério Público do Estado da Bahia (MP-BA) recorreu da decisão. Os promotores de Justiça do Grupo de Atuação Especial de Controle Externo da Atividade Policial (Gacep), Kárita Cardim de Lima e José Emmanuel Lemos, assinam a denúncia.

Os crimes envolvendo os policiais Anderson Sales dos Santos, Jorge Luis de Souza Santos, Denilton de Oliveira Ferreira e Getúlio Martins de Magalhães ocorreram no ano de 2009. Eles respondiam por duplo homicídio qualificado cometido por motivo torpe, meio cruel e com impossibilidade de defesa das vítimas: o porteiro Romilson dos Santos Nascimento e o jovem Marlos Muriel Bezerra Felzemburg. 

O julgamento estava marcado inicialmente para acontecer no dia 24 de outubro, mas foi adiado por conta da ausência de uma testemunha. O TJ-BA informou ainda que após o encaminhamento do recurso, será marcada sessão para julgamento e definido se haverá ou não outro júri.

De acordo com a promotoria, o crime aconteceu em 2 de novembro de 2009, por volta das 17h30, no bairro de Pituaçu, quando a guarnição comandada pelo tenente Anderson foi informada por passageiros de um ônibus, na Boca do Rio, que dois indivíduos desceram do veículo armados, rumo ao Alto de São João.

Os PMs se deslocaram ao local indicado a bordo de uma viatura, quando, na Avenida Barros Pimentel, abordaram as vítimas Romilson e Marlos, que, conforme a investigação, estavam desarmadas.

Ainda conforme o MP, Romilson suplicou para que os policiais não matassem, pois disse que era honesto e que trabalhava como porteiro em uma academia, de onde tinha acabado de sair. Ele, ainda segundo o MP, disse que tinha uma filha estudando no colégio próximo ao local onde foi abordado.

Já Marlos Muriel, também visando impedir que fosse morto, chegou a se identificar como filho de um policial militar que trabalhava no Tribunal de Justiça.

Conforme o MP, "sem considerar as súplicas das vítimas, os policiais deferiram seis disparos contra elas, tendo dois tiros atingindo Romilson e quatro Marlos Muriel, que não resistiram aos ferimentos".

Laudos de exames cadavéricos provaram, segundo os promotores de Justiça, que as vítimas estavam rendidas e sem qualquer possibilidade de defesa quando foram atingidas pelos disparos promovidos pelos policiais.

Ainda de acordo como o MP, após a ação policial, classificada pelo órgão como "desastrosa", os policiais recolheram do local do crime as cápsulas deflagradas e demais vestígios que pudessem incriminá-los, com o intuito de dificultar as investigações.

Na tentativa de incriminar Romilson, ainda segundo o MP, os policiais ainda alegaram que foi apreendido um revólver e droga em seu poder. Porém, de acordo com os autos, eles entregaram apenas os documentos pessoais e um aparelho celular da vítima na Delegacia da 9ª CP. Já com Marlos Murial, eles alegaram que apreenderam supostamente duas armas de fogo, droga e um cachimbo de crack.

Os promotores afirmam que "os policiais não tiveram o zelo, nem a menor preocupação em verificar a veracidade das informações prestadas pelas vítimas – no caso de Romilson, a academia onde ele trabalhava fica há apenas 50 metros do local da abordagem – e as executaram friamente".

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